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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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se apropriam <strong>de</strong>sse universo cultural disponível <strong>de</strong> acordo com as suas<br />

percepções e interesses (SÁ JÚNIOR, 2004, p. 52).<br />

Esta é a essência do hibridismo: permitir aos indivíduos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

cultura que travem negociações entre os diversos elementos culturais que lhes estão<br />

disponíveis. E esta foi a tônica da prática religiosa dos colonos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que os primeiros<br />

navios europeus que atracaram nas costas brasileiras. O caso da Santida<strong>de</strong> do<br />

Jaguaripe, prática religiosa que já <strong>de</strong>screvemos no primeiro capítulo é um exemplo<br />

disto. Resultado das Missões <strong>de</strong> catequização jesuíticas no interior da colônia, a<br />

santida<strong>de</strong> era a hibridização, por parte dos índios Tupinambás, dos dogmas e rituais<br />

católicos com suas próprias práticas mágico-religiosas. Entre 1540 e 1585, tal culto<br />

percorreu fazendas e engenhos vizinhos à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jaguaripe na Bahia, <strong>de</strong>struindo<br />

igrejas e “dando fuga aos nativos escravos ou missionados” (SOUZA; VAINFAS, 2002,<br />

p. 18), sendo perseguida e <strong>de</strong>struída em 1585, por representar um perigo à or<strong>de</strong>m<br />

católico-escravocata estabelecida.<br />

De todo modo, a Santida<strong>de</strong> do Jaguaripe irrompeu na Bahia <strong>de</strong> Todos os<br />

Santos. Santos Católicos que se tornaram índios, precursores dos “caboclos” da<br />

Umbanda, <strong>de</strong>uses que temperavam o catolicismo e produziam “abusões” ou<br />

heresias. (SOUZA; VAINFAS, 2002, p. 20).<br />

A partir do séc. XVIII, a visibilida<strong>de</strong> das práticas religiosas populares <strong>de</strong> origem<br />

negro-africanas começa a se intensificar na colônia. Este foi um período bastante fértil<br />

do ponto <strong>de</strong> vista religioso. Em primeiro plano tínhamos o cristianismo oficial da Igreja<br />

Católica. Em segundo, uma religiosida<strong>de</strong> popular que procurava, em partes, folclorizar<br />

o catolicismo ortodoxo por meio da relação íntima com os santos, das festas e<br />

procissões, das irmanda<strong>de</strong>s e confrarias. Mas<br />

por baixo <strong>de</strong>sta religiosida<strong>de</strong> mais <strong>de</strong>finida, entretanto, pulsaram práticas e<br />

formas pouco ortodoxas, em que a magia se misturava ao catolicismo, as<br />

tradições africanas se mesclando às portuguesas e, muitas vezes, originando<br />

sínteses novas (SOUZA, 1999, p. 200).<br />

Diversos relatos na historiografia dão mostras da efervescente religiosida<strong>de</strong> dos<br />

negros escravos que não se contentavam em praticar o catolicismo, mas na maioria das<br />

vezes procuravam dar vazão a sua religiosida<strong>de</strong> em casinhas afastadas, nas senzalas ou<br />

até mesmo no meio das matas e florestas, on<strong>de</strong> realizavam rituais que misturavam<br />

elementos católicos, africanos e algumas vezes até indígenas.<br />

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