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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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marcantes das manifestações religiosas dos negros escravos trazidos da África para o<br />

Brasil, bem como dos rituais católicos, indígenas e, posteriormente, espíritas<br />

kar<strong>de</strong>cistas.<br />

Esta é a marca da história da Umbanda, como veremos: o paradoxo e a tensão<br />

entre suas origens negras e aqueles que preten<strong>de</strong>m se distanciar <strong>de</strong>stas origens, ao longo<br />

do processo histórico <strong>de</strong> sua configuração. Enquanto os teóricos culturalistas<br />

valorizavam a África e os cultos que mantêm uma pureza africana, os intelectuais<br />

umbandistas 18 viam a África como símbolo do atraso e da barbárie, e propunham um<br />

distanciamento <strong>de</strong> seu passado africano, se apropriando assim do discurso nacionalista<br />

que propõe construir uma alva nação chamada Brasil (SÁ JÚNIOR, 2004).<br />

2.1. Antece<strong>de</strong>ntes históricos da Umbanda: entre Calundus e Feiticeiros<br />

Durante todo o período colonial no Brasil po<strong>de</strong>mos perceber a intensa<br />

proliferação <strong>de</strong> práticas religiosas <strong>de</strong> diferentes matrizes culturais e em vários lugares da<br />

colônia. Feiticeiros, curan<strong>de</strong>iros, pajés, batuqueiros, calunduzeiros concorriam com a<br />

religião oficial, sendo reprimidos e perseguidos. As principais características <strong>de</strong>stas<br />

práticas eram a mistura e a incorporação, em seus rituais, <strong>de</strong> elementos provenientes <strong>de</strong><br />

diversas matrizes diferentes.<br />

Conforme já vimos, o contato cultural entre matrizes culturais e religiosas<br />

distintas, como a matriz católica, a indígena e a africana, colocava à disposição dos<br />

indivíduos uma ampla gama <strong>de</strong> elementos religiosos distintos, dos quais alguns eram<br />

incorporados por eles, que podiam ressignificar, reelaborar, fundir, assimilar, negar,<br />

enfim, podiam utilizar estes elementos <strong>de</strong> diversas maneiras para compor sua prática<br />

religiosa. Isto é o que chamamos <strong>de</strong> hibridismo ou dinâmica cultural, e segundo Mário<br />

<strong>de</strong> Sá Júnior,<br />

a socieda<strong>de</strong> vive essa dinâmica cultural (HALL, 1997; GEERTZ, 1973;<br />

BHABHA, 1998) e através do uso da sua utensilagem mental ressignificam e<br />

18 O termo “intelectuais umbandistas” se refere a lí<strong>de</strong>res, escritores, jornalistas que eram praticantes da<br />

Umbanda e contribuíram para forjar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> para esta nova religião, seja através <strong>de</strong> suas obras, <strong>de</strong><br />

seus discursos ou da realização <strong>de</strong> congressos regionais e nacionais da Umbanda. Alguns dos mais<br />

importantes intelectuais da Umbanda foram: Diamantino Fernan<strong>de</strong>s Coelho, W.W. Matta e Silva,<br />

Tancredo da Silva Pinto, F. Rivas Neto, Emanuel Zespo, Rubens Saraceni, entre outros. Mais<br />

informações sobre estes intelectuais em: SÁ JÚNIOR, Mario Teixeira <strong>de</strong>. A invenção da alva nação<br />

umbandista: a relação entre a produção historiográfica brasileira e a sua influência na produção dos<br />

intelectuais da Umbanda (1840-1960). Dourados, UFMS: 2004.<br />

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