UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
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CAPÍTULO II<br />
HISTÓRIA DA <strong>UMBANDA</strong> NO BRASIL<br />
Que terreiro é este<br />
Pisa <strong>de</strong>vagar<br />
Terreiro <strong>de</strong> Umbanda<br />
Do meu Pai Oxalá 17<br />
Para que possamos compreen<strong>de</strong>r nosso objeto <strong>de</strong> estudo, faz-se necessário nos<br />
voltarmos para a história <strong>de</strong> sua constituição. Qual o processo que levou à formação da<br />
religião umbandista é a gran<strong>de</strong> indagação que preten<strong>de</strong>mos respon<strong>de</strong>r neste capítulo.<br />
Para isto, lançaremos mão da revisão bibliográfica <strong>de</strong> alguns autores clássicos nos<br />
estudos <strong>de</strong>sta religião, assim como <strong>de</strong> algumas obras mais recentes, que preten<strong>de</strong>m<br />
revisar e atualizar os estudos <strong>de</strong>sta religião no Brasil.<br />
Tal revisão se faz necessária à medida que constatamos que alguns textos<br />
consi<strong>de</strong>rados clássicos nos estudos da Umbanda não correspon<strong>de</strong>m à prática encontrada<br />
na maioria dos terreiros em nosso país, ou são frutos <strong>de</strong> análises ten<strong>de</strong>nciosas, que<br />
tinham interesses políticos em <strong>de</strong>marcar as origens míticas <strong>de</strong>sta religião,<br />
comprometidas com um i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> constituição elitista e parcial, mas que ao mesmo<br />
tempo obe<strong>de</strong>ciam a uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobrevivência diante da perseguição e repressão<br />
a que estavam submetidas às religiões não-católicas <strong>de</strong> uma forma geral.<br />
Voltamos nosso olhar agora para esta história, com o objetivo <strong>de</strong> analisar o<br />
processo <strong>de</strong> constituição da Umbanda em nosso país. Concordamos com Yvonne<br />
Maggie quando ela escreve que i<strong>de</strong>ntificar os elementos que compõem não só a<br />
Umbanda hoje, como as religiões afro-brasileiras em geral num passado remoto africano<br />
po<strong>de</strong> acabar caindo em uma “história conjectural” (MAGGIE, 2001, p. 159). No<br />
entanto, creio que não po<strong>de</strong>mos fugir do esforço <strong>de</strong> tentar refazer esta história, a fim <strong>de</strong><br />
mantermos viva a tradição e memória <strong>de</strong>stas religiões, mesmo que <strong>de</strong> forma parcial.<br />
Diante disto, temos que ter em mente que não conseguiremos jamais i<strong>de</strong>ntificar e<br />
levantar as origens dos diversos elementos presentes na Umbanda hoje. Tal tarefa, além<br />
<strong>de</strong> impossível, se torna inútil. O mais importante é percebermos que algumas<br />
características <strong>de</strong>sta religião não surgiram <strong>de</strong> repente, mas são também encontradas nos<br />
rituais dos calundus durante o período colonial e, portanto, tiveram influências<br />
17 Ponto Cantado <strong>de</strong> Umbanda colhido em trabalho <strong>de</strong> campo realizado no Centro Espírita Raio <strong>de</strong> Luz,<br />
em Julho/2008.<br />
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