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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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<strong>de</strong> Umbanda foram substituídas por fitas <strong>de</strong> música árabe e indiana. O “cigano<br />

Pietro” incorporado no seu médium [e presi<strong>de</strong>nte da casa, Adriano] e a “cigana<br />

Gaetana” incorporada na médium Aurilene foram os mais procurados, ambos<br />

orientais (CUNHA, 2004, p. 78).<br />

Po<strong>de</strong>mos perceber assim, que não são apenas as influências estudadas por<br />

Cândido Procópio e outros autores que atingem a Umbanda. Mas, pelo seu caráter<br />

extremamente dinâmico e aberto, esta religião tem a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se adaptar e<br />

incorporar aos seus cultos elementos diversos, <strong>de</strong> várias formas religiosas distintas.<br />

Concluímos, então, que o conceito <strong>de</strong> continuum não po<strong>de</strong> abarcar toda a diversida<strong>de</strong><br />

que encontramos na Umbanda. Assim, ao invés da linha proposta por autores como<br />

Cândido Procópio e Lísias Negrão, recorremos à teoria do Rizoma: um quadro on<strong>de</strong><br />

várias linhas se entrelaçam, po<strong>de</strong>ndo dar origem a inúmeras combinações diferentes,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da matriz religiosa que se utiliza, mas mantendo as características<br />

principais que a <strong>de</strong>finem.<br />

A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Rizoma é analisada, primeiramente, na obra <strong>de</strong> Deleuze & Guattari, e<br />

remete a conceitos como multiplicida<strong>de</strong>, dinamismo, diversida<strong>de</strong>. “Um rizoma não<br />

começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, interser,<br />

intermezzo” (DELEUZE; GUATTARI, 1995, p. 37). Como <strong>de</strong>fine Diva Damato em um<br />

<strong>de</strong> seus textos, “o rizoma (...) se caracteriza pelos princípios da conexão, da<br />

heterogeneida<strong>de</strong>, da multiplicida<strong>de</strong>, da recusa <strong>de</strong> um eixo, da ausência <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo<br />

(...)” (DAMATO, 2003, p. 37).<br />

Edouard Glissant também trabalha com esta idéia <strong>de</strong> Rizoma, retirada da obra <strong>de</strong><br />

Deleuze & Guatarri. Segundo ele, “estes autores propõem, do ponto <strong>de</strong> vista do<br />

funcionamento do pensamento, o pensamento da raiz e o pensamento do rizoma. A raiz<br />

única é aquela que mata à sua volta, enquanto o rizoma é a raiz que vai ao encontro <strong>de</strong><br />

outras raízes” (GLISSANT, 2005, p. 71).<br />

A mesma i<strong>de</strong>ia encontramos no conceito <strong>de</strong> “pensamento <strong>de</strong> arquipélago”,<br />

também <strong>de</strong> Edouard Glissant. Para Glissant, o arquipélago é caracterizado pela<br />

“imprecisão, pela ambigüida<strong>de</strong> e pela relativida<strong>de</strong>, pois o arquipélago é ao mesmo<br />

tempo uno e múltiplo, uma vez que cada uma das ilhas po<strong>de</strong> guardar sua especificida<strong>de</strong>”<br />

(BERND, 2004, p. 104). O autor conclui dizendo que “po<strong>de</strong>mos resumir explicando a<br />

oposição entre um pensamento arquipélago e um pensamento continental: este último é<br />

pensamento <strong>de</strong> sistema e aquele é o pensamento daquilo que é ambíguo” (GLISSANT,<br />

2005, p. 106).<br />

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