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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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Apesar <strong>de</strong> poucos, os trabalhos acerca da Umbanda, não só em Goiânia como em<br />

outras cida<strong>de</strong>s do entorno, como Anápolis e Aparecida, <strong>de</strong>monstram claramente a<br />

existência <strong>de</strong> uma varieda<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> culto e interpretações da Umbanda,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> aquelas mais próximas ao Candomblé, on<strong>de</strong> há uma maior presença dos Orixás,<br />

utilização <strong>de</strong> músicas e danças, além das presenças <strong>de</strong> bebidas alcoólicas, fumos e ervas<br />

durante o culto; até aquelas que mais assimilaram o Kar<strong>de</strong>cismo, que apresentam um<br />

ritual mais <strong>de</strong>spojado das características citadas, com menor presença <strong>de</strong> imagens, velas,<br />

indumentárias e cânticos característicos da Umbanda.<br />

Po<strong>de</strong>mos notar melhor a presença <strong>de</strong>stas características ao voltarmos nosso olhar<br />

para alguns terreiros <strong>de</strong> nossa capital. O Centro Espírita Anjo Ismael, por exemplo, é<br />

consi<strong>de</strong>rado pela Fe<strong>de</strong>ração e por alguns estudiosos 11 como um dos terreiros mais<br />

tradicionais e antigos <strong>de</strong> nossa capital, e é um exemplo <strong>de</strong> um trabalho mais<br />

“tradicional” <strong>de</strong> Umbanda, o que po<strong>de</strong>mos perceber pela <strong>de</strong>scrição feita na pesquisa <strong>de</strong><br />

Josivânia Silva:<br />

O altar tem um formato <strong>de</strong> triângulo, composto <strong>de</strong> imagens dos santos<br />

católicos e símbolos das divinda<strong>de</strong>s afro e indígenas. (...) Na hierarquia<br />

religiosa tem-se o diretor espiritual que é o senhor Luiz. (...) Ele é auxiliado<br />

pelos ogãs, mãe <strong>de</strong> terreiro, mãe pequena e pelos médiuns. (...) [Em dia <strong>de</strong><br />

trabalho,] os médiuns e os cambonos chegam cedo, colocam suas vestes<br />

brancas e ficam <strong>de</strong>scalços. (...) As mulheres usam saias longas e rodadas. O<br />

ritual se inicia com a purificação do local através <strong>de</strong> incenso. (...) No espaço da<br />

gira em círculo o pai-<strong>de</strong>-santo começa o canto que se chama pontos cantados.<br />

(...) Na oração cantam várias músicas, pe<strong>de</strong>m permissão a Oxalá, Iemanjá,<br />

Ogum e outras entida<strong>de</strong>s para dar início aos trabalhos. Logo em seguida, os<br />

médiuns entram em transe e incorporam as entida<strong>de</strong>s espirituais. (...) Cada<br />

médium <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> incorporado traça no chão os símbolos <strong>de</strong> suas entida<strong>de</strong>s e<br />

recebem seus equipamentos <strong>de</strong> acordo com a entida<strong>de</strong> que vai representar.<br />

Inicia-se o aconselhamento e cura dos que estão na assistência (SILVA, 2007a,<br />

p. 67).<br />

Pela <strong>de</strong>scrição, po<strong>de</strong>mos perceber todos os elementos mais comumente<br />

encontrados num trabalho <strong>de</strong> Umbanda, que sempre fazem referências ao Candomblé,<br />

como a <strong>de</strong>nominação “pai-<strong>de</strong>-santo”, “mãe pequena”, “ogãs”, e o louvor aos Orixás,<br />

como “Oxalá, Iemanjá, Ogum”; elementos do Kar<strong>de</strong>cismo, como as <strong>de</strong>nominações <strong>de</strong><br />

“médiuns”, “incorporam”, as noções <strong>de</strong> “entida<strong>de</strong>s espirituais”; e por fim elementos<br />

típicos da Umbanda, possivelmente herdados da antiga macumba, como os “pontos<br />

cantados e riscados”, a “<strong>de</strong>fumação”, a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> “cambonos”, e as próprias<br />

entida<strong>de</strong>s que aparecem no trabalho, os “pretos-velhos e caboclos”. Este é um exemplo<br />

11 Ver sobre isto as obras <strong>de</strong> RICARDO, 2007; SILVA, 2007.<br />

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