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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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eferimos, substitui o pólo umbandista pelo Candomblé. Assim, para Lísias, o<br />

continuum se <strong>de</strong>finiria da seguinte maneira:<br />

Para nós, apesar da valida<strong>de</strong> e da utilida<strong>de</strong> do conceito [<strong>de</strong> continuum,] do<br />

ponto <strong>de</strong> vista metodológico, haveria a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> re<strong>de</strong>finir a questão do<br />

pólo negro-mágico. (...) O pólo negro <strong>de</strong>veria ser consi<strong>de</strong>rado como constituído<br />

pela antiga Macumba (...). Ou, então, o próprio Candomblé (...) (NEGRÃO,<br />

1996, p. 29).<br />

Assim, para Lísias Negrão, os terreiros <strong>de</strong> Umbanda se encaixariam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

um continuum, on<strong>de</strong> o pólo “oci<strong>de</strong>ntalizado” seria o Kar<strong>de</strong>c ismo, e o pólo oposto,<br />

chamado por ele <strong>de</strong> “negro-mágico” seria a Macumba ou o Candomblé. Isto resolve o<br />

problema da artificialida<strong>de</strong> do pólo umbandista, religião que não tem um código ritual e<br />

doutrinário <strong>de</strong>finido, enquanto o Candomblé mantém uma rígida tradição, tanto<br />

ritualística quanto doutrinária, mantendo uma constância muito maior do que na<br />

Umbanda.<br />

Mas o conceito do continuum como proposto pelos autores até aqui analisados<br />

possui um problema <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m estrutural. É que dividir a Umbanda apenas entre uma<br />

influência Kar<strong>de</strong>cista ou do Candomblé é reduzir e muito o campo <strong>de</strong> influências a que<br />

esta religião esteve sujeita ao longo <strong>de</strong> sua história. Seria simplificar <strong>de</strong>mais os estudos<br />

<strong>de</strong>sta religião, enquanto na prática o que encontramos é uma diversida<strong>de</strong> muito maior do<br />

que simplesmente as influências kar<strong>de</strong>cistas ou candomblecistas. O próprio<br />

Catolicismo, religião que foi <strong>de</strong>cisiva ao influenciar não só a Umbanda, como todas as<br />

religiões afro-brasileiras, não está contemplado neste conceito. Além disto, verificamos<br />

que, ao nos <strong>de</strong>bruçarmos sobre os estudos da Umbanda em nossa capital, encontramos<br />

formas religiosas não abarcadas por este continuum, o que faz com que este conceito<br />

seja ina<strong>de</strong>quado para a análise a que nos propomos.<br />

Os estudos <strong>de</strong>ste continuum religioso se tornaram comuns em várias capitais <strong>de</strong><br />

nosso país. Notadamente, São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro são os mais estudados, e as<br />

pesquisas ali realizadas acabam servindo <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo para trabalhos em outras regiões <strong>de</strong><br />

nosso país. Em Goiás ainda são poucos os trabalhos que têm por objeto a Umbanda.<br />

Nos últimos cinco anos, o interesse maior pelas heranças culturais africanas se fez sentir<br />

também neste campo. O resultado é que a partir <strong>de</strong> 2003 começam a aparecer alguns<br />

artigos, monografias e dissertações que buscam analisar a Umbanda goiana e suas várias<br />

formas.<br />

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