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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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Como percebemos neste trecho, Basti<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> uma diferenciação weberiana<br />

entre os conceitos <strong>de</strong> religião e magia. Para ele, na religião existe a i<strong>de</strong>ntificação, a<br />

relação, a associação. Este é o caso do Candomblé. Já na magia, o que importa é a<br />

fusão, é a lei da acumulação. O mago não se constrange em misturar elementos <strong>de</strong><br />

matrizes culturais diferentes para atingir seus objetivos <strong>de</strong> uma forma mais eficaz.<br />

Assim, nas macumbas e umbandas cariocas, consi<strong>de</strong>radas por ele como práticas<br />

mágicas, o que vale é a eficácia, mesmo que pra atingi-la o mago tenha que utilizar<br />

elementos mágicos <strong>de</strong> diferentes matrizes culturais. Assim, enquanto no Candomblé<br />

os dois espaços, católico e africano, não interferem entre si, (...) mais na<br />

macumba do Rio que no espiritismo <strong>de</strong> Umbanda, as duas zonas, católica e<br />

africana, constituem uma só, os orixás sendo inteiramente i<strong>de</strong>ntificados com as<br />

imagens <strong>de</strong> seus correspon<strong>de</strong>ntes católicos (BASTIDE, 1989, p. 377-378).<br />

Portanto, esta síntese ou fusão proposta por Basti<strong>de</strong> era o fator do que ele<br />

consi<strong>de</strong>rava a causa <strong>de</strong> uma “<strong>de</strong>gradação” por parte <strong>de</strong>stas religiosida<strong>de</strong>s. Segundo ele,<br />

os principais causadores <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>gradação seriam, em primeiro lugar, o caráter <strong>de</strong><br />

“pobreza mítica” dos cultos <strong>de</strong> origem banto, seguidos pela ação da própria cida<strong>de</strong><br />

mo<strong>de</strong>rna, como São Paulo e Rio <strong>de</strong> Janeiro 8 , que promoveriam uma espécie <strong>de</strong><br />

esfacelamento <strong>de</strong>stas religiões em práticas <strong>de</strong> magia individualizadas. Por outro lado,<br />

nas cida<strong>de</strong>s do nor<strong>de</strong>ste e norte, seu caráter “ruralizado” promoveria uma maior<br />

integração dos sistemas religiosos em cultos coletivos, explicando assim a maior<br />

“pureza ritualística e doutrinária” dos Candomblés que ali se <strong>de</strong>senvolveram. (SILVA,<br />

1995).<br />

Basti<strong>de</strong>, portanto, separa o conceito do sincretismo em dois tipos diferentes.<br />

Primeiro teríamos o sincretismo por associação, típica do pensamento religioso, num<br />

sentido weberiano. Trata-se <strong>de</strong> encontrar analogias entre uma religião e outra e fazer<br />

correspondências entre elas, mas sem misturá-las. O outro tipo seria próprio da magia, e<br />

segundo ele, trata-se do fenômeno do “mulatismo cultural”, em que há a mistura, a<br />

adição <strong>de</strong> elementos religiosos <strong>de</strong> outra matriz religiosa, fenômenos estes que são<br />

incorporados e passam a fazer parte do ritual mágico daquele culto. Segundo Basti<strong>de</strong>, a<br />

“macumba é religião mulata” (BASTIDE, 1989, p. 387).<br />

Tais idéias estavam presentes já em Nina Rodrigues, que distingue entre a<br />

religião dos africanos e a dos mulatos ou crioulos. Segundo ele,<br />

8 Berço das práticas que ficaram conhecidas como Macumba e <strong>de</strong>ram origem à Umbanda.<br />

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