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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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Assim, vamos buscar nas teorias pós-coloniais este arsenal teórico, que nos<br />

permitirá analisar estas misturas presentes na Umbanda não como <strong>de</strong>generação ou<br />

<strong>de</strong>turpação das religiões que forneceram os elementos para sua constituição, como<br />

pensavam alguns estudiosos no início do século XX; mas, pelo contrário, vamos<br />

encontrar nestas misturas a força motriz e a energia vital <strong>de</strong>sta religião, força que foi<br />

capaz <strong>de</strong> mantê-la viva até hoje, mesmo diante das repressões e perseguições a que<br />

esteve sujeita ao longo do último século.<br />

Antes <strong>de</strong> passarmos ao estudo dos autores pós-coloniais, porém, se coloca diante <strong>de</strong><br />

nós um problema recorrente, e que vários autores que se <strong>de</strong>dicaram ao estudo não só da<br />

Umbanda como das religiões afro-brasileiras ou <strong>de</strong> matriz africana 5 como um todo se<br />

<strong>de</strong>bruçaram. Trata-se do problema do sincretismo, conceito que foi largamente utilizado<br />

pelos autores que primeiro se <strong>de</strong>dicaram às religiões afro-brasileiras para explicar as<br />

misturas e correspondências que haviam entre estas práticas e o catolicismo.<br />

1.1. O problema do Sincretismo<br />

Alguns autores se tornaram clássicos nas análises das religiões afro-brasileiras ao<br />

longo <strong>de</strong> todo o século XX. Passaremos agora a analisar alguns <strong>de</strong>stes autores, e como<br />

eles analisavam estas religiões a partir <strong>de</strong> um conceito que se tornou recorrente nos<br />

estudos das religiões afro-brasileiras: o sincretismo religioso. Conforme pon<strong>de</strong>ra Sérgio<br />

Ferretti, em sua obra “Repensando o Sincretismo”,<br />

apesar da vasta literatura, curiosamente o sincretismo religioso até hoje tem<br />

sido tratado com certo “<strong>de</strong>sinteresse” e mesmo com menosprezo por diversos<br />

autores. Entre estudiosos e conhecedores do tema, como entre participantes e<br />

interessados nas religiões afro-brasileiras, é comum ouvirmos expressões <strong>de</strong><br />

rejeição, <strong>de</strong> negação, <strong>de</strong> recusa ou menosprezo pela palavra sincretismo. (...)<br />

Nota-se que existe certo tabu contra este fenômeno. Parece que se procura<br />

negá-lo ou ocultá-lo, embora se reconheça que todas as religiões são sincréticas<br />

(FERRETTI, 1995, p. 87).<br />

5 Neste trabalho não faremos distinção entre os termos “Religiões Afro-Brasileiras” e “Religiões <strong>de</strong><br />

Matriz Africanas”. Alguns membros <strong>de</strong>stas religiões e estudiosos preferem uma distinção <strong>de</strong>stes termos,<br />

colocando a Umbanda como Religião Afro-Brasileira e o Candomblé como Religião <strong>de</strong> Matriz Africana,<br />

<strong>de</strong>vido ao maior ou menor grau <strong>de</strong> “preservação” das tradições africanas que estas religiões possuem. No<br />

entanto, enten<strong>de</strong>mos que tal distinção recorre a um fator que será bastante discutido e criticado neste<br />

capítulo, que é o “mito da pureza africana”, e portanto preferimos utilizar os termos como sinônimos e<br />

como referentes a todas as religiões que tiveram sua origem a partir dos contatos culturais entre europeus,<br />

africanos e indígenas em terras brasileiras.<br />

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