UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
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CAPÍTULO I<br />
REPENSANDO CONCEITOS:<br />
DO SINCRETISMO AO RIZOMA UMBANDISTA<br />
Abre a Gira Pai Joaquim<br />
Filhos quer se <strong>de</strong>fumar<br />
Umbanda tem fundamento<br />
É preciso preparar 2<br />
Como numa boa gira <strong>de</strong> Umbanda, para que possamos <strong>de</strong>senvolver nosso trabalho a<br />
contento, é preciso antes uma preparação. Na Umbanda, o incenso e o <strong>de</strong>fumador<br />
servem para afastar os maus fluidos e purificar o ambiente e aqueles que irão trabalhar<br />
na gira, para que os trabalhos possam correr sem maiores transtornos. Assim também<br />
proce<strong>de</strong>remos. Após abrirmos nosso trabalho, passaremos agora à fase <strong>de</strong> preparação,<br />
discutindo conceitos e teorias que servirão <strong>de</strong> base para nossa análise da Umbanda<br />
goianiense, conceitos que precisam ser revistos e atualizados, com base nas discussões<br />
realizadas por vários autores que já se tornaram clássicos nos estudos <strong>de</strong>sta religião.<br />
Ao entrarmos em um terreiro <strong>de</strong> Umbanda, nossa primeira reação será <strong>de</strong> espanto,<br />
ao nos <strong>de</strong>pararmos com alguns <strong>de</strong> seus códigos rituais e simbólicos “próprios” 3 ; ao<br />
mesmo tempo, reconheceremos ali naquele ambiente vários elementos familiares, que<br />
nos remetem à tradição católica, tanto oficial quanto popular, ao espiritismo <strong>de</strong> origem<br />
kar<strong>de</strong>cista, e até mesmo às religiões da Nova Era 4 , movimento recente que começa a<br />
invadir os terreiros brasileiros a partir do final do século passado.<br />
Isto acontece <strong>de</strong>vido ao alto grau <strong>de</strong> mistura a que esta religião, a Umbanda, está<br />
suscetível em suas milhares <strong>de</strong> tendas, terreiros e centros espalhados por nosso país.<br />
Estudar este quadro absolutamente fragmentado e diversificado, portanto, requer um<br />
arsenal teórico que nos permita abarcar e perceber os diversos elementos que dão forma<br />
a esta religião, sem que caiamos no vício <strong>de</strong> tentar traçar uma genealogia das origens <strong>de</strong><br />
cada elemento, tarefa, aliás, que além <strong>de</strong> trabalhosa, se mostrou inútil nos últimos anos.<br />
2<br />
Ponto Cantado <strong>de</strong> Umbanda colhido em trabalho <strong>de</strong> campo realizado no Centro Espírita Raio <strong>de</strong> Luz,<br />
em Julho/2008.<br />
3<br />
A noção <strong>de</strong> autenticida<strong>de</strong> inexiste na Umbanda, como veremos ao longo <strong>de</strong>ste capítulo. O termo<br />
“próprio” aqui foi utilizado para exemplificar os elementos da Umbanda que são mais comuns e<br />
recorrentes nos rituais <strong>de</strong>sta religião, como <strong>de</strong>screveremos mais a frente.<br />
4<br />
A chamada Nova Era engloba uma série <strong>de</strong> práticas e ensinamentos que objetivam uma melhor<br />
qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida tanto do ponto <strong>de</strong> vista físico quanto espiritual. Entre estas práticas po<strong>de</strong>mos citar:<br />
Tarô, Yoga, Meditação, Mapas Astrais, Religiões Esotéricas, Pirâmi<strong>de</strong>s, Cristais, Numerologia, Gnose,<br />
Acupuntura, entre outros.<br />
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