UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
Ô Jorge, ô Jorge<br />
Encerrai nossos trabalhos<br />
Guardai, guardai<br />
Nossos filhos <strong>de</strong> Umbanda 101<br />
Ao longo <strong>de</strong> nossa pesquisa, pu<strong>de</strong>mos travar diálogos e discussões, com as<br />
fontes, com a bibliografia e com outros pesquisadores, que foram importantíssimos na<br />
conclusão <strong>de</strong> nosso trabalho. Esperamos que ele possa contribuir para elucidar a visão<br />
que a socieda<strong>de</strong> tem <strong>de</strong> uma <strong>de</strong> suas mais discretas, mas nem por isto menos importante,<br />
manifestações religiosas, a Umbanda.<br />
A história <strong>de</strong>sta religião no Brasil e em Goiás <strong>de</strong>monstra a força com que ela<br />
sempre lutou pela sua sobrevivência. Proibida, reprimida, perseguida e estigmatizada,<br />
ainda assim a Umbanda consegue se manter, mesmo que para isto tenha que utilizar<br />
estratégias que a mascaram e a escon<strong>de</strong>m atrás <strong>de</strong> outras concepções religiosas. É a lei<br />
da selva, e para sobreviver cada um tem que se virar como po<strong>de</strong>. Não po<strong>de</strong>mos<br />
con<strong>de</strong>ná-la por isto.<br />
Des<strong>de</strong> o início, os estudos sobre esta religião tiveram como marca principal a<br />
visão negativa e preconceituosa dos escravos africanos negros e tudo que se relacionava<br />
a eles. Vista inicialmente como <strong>de</strong>turpação e <strong>de</strong>generação <strong>de</strong> uma cultura maior, a<br />
Umbanda foi negada pelos estudiosos como uma manifestação religiosa autêntica. Era<br />
consi<strong>de</strong>rada como uma “torpeza”, como prática <strong>de</strong> magia somente, pertencente a negros<br />
africanos cujas práticas religiosas eram <strong>de</strong> “reconhecida pobreza mítica e ritual”.<br />
Consi<strong>de</strong>rada <strong>de</strong>sta forma, a Umbanda foi perseguida, consi<strong>de</strong>rada ativida<strong>de</strong><br />
criminosa. Terreiros foram invadidos, fechados, pais-<strong>de</strong>-santo presos. A repressão está<br />
intrincada em sua história, e faz parte <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> hoje. Repressão que fez com<br />
que os terreiros se aproximassem <strong>de</strong> outras religiões, que assumissem outras<br />
características, e até mesmo se travestissem por outras <strong>de</strong>nominações. A consolidação<br />
<strong>de</strong> seu “mito fundador” e <strong>de</strong> suas origens míticas é fruto disto. Para se consolidar, a<br />
Umbanda precisava <strong>de</strong> uma origem que fosse bem-vista pela socieda<strong>de</strong>, e para isto tenta<br />
afastar <strong>de</strong> si os elementos negros e africanos presentes em sua história e em seu passado.<br />
101 Ponto Cantado <strong>de</strong> Umbanda colhido em trabalho <strong>de</strong> campo realizado no Centro Espírita Raio <strong>de</strong> Luz,<br />
em Julho/2008.<br />
122