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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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<strong>de</strong>parei então com o problema do sincretismo, teoria bastante utilizada e que caiu em<br />

<strong>de</strong>scrédito <strong>de</strong>ntro da aca<strong>de</strong>mia <strong>de</strong>vido ao seu caráter automatizante e essencialista.<br />

Nossa pesquisa, portanto, parte <strong>de</strong>ste princípio, <strong>de</strong> rediscutir conceitos e teorias que<br />

foram utilizadas na análise da Umbanda. Partiremos dos conceitos <strong>de</strong> sincretismo e<br />

continuum mediúnico para verificarmos como estes conceitos foram trabalhados pelos<br />

diferentes autores a analisar a religião, e quais seus principais problemas metodológicos.<br />

Isso fez com que optássemos pela aplicação dos conceitos pós-coloniais na análise da<br />

Umbanda, utilizando o hibridismo <strong>de</strong> Bhabha, e forjando a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> rizoma umbandista,<br />

aplicando a teoria do Rizoma <strong>de</strong> Glissant à realida<strong>de</strong> umbandista.<br />

Definidas as teorias, partimos para a tentativa <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r um pouco do por<br />

que <strong>de</strong>sta religião se apresentar <strong>de</strong>sta forma tão híbrida hoje. Nos voltamos, portanto,<br />

para sua história, para o longo processo <strong>de</strong> sua formação no Brasil, para os discursos<br />

que se aglutinaram em torno <strong>de</strong>la, tanto os discursos internos, que vinham dos principais<br />

lí<strong>de</strong>res, escritores, jornalistas e intelectuais em geral; quanto para os discursos contrários<br />

a ela, vindos do Estado em um primeiro momento, do catolicismo e da imprensa em um<br />

segundo, e recentemente sendo resgatados por algumas religiões neopentecostais.<br />

Percebemos que estes discursos foram importantes na formação da<br />

personalida<strong>de</strong> da Umbanda, e contribuíram para visões ora que buscavam vinculá-la a<br />

um passado mítico “europeizado”, ora que buscavam resgatar um passado africano<br />

glorioso. De nosso lado, tentamos o máximo possível não inserir juízos <strong>de</strong> valor na<br />

análise <strong>de</strong>stes discursos. Mas <strong>de</strong> certa forma, preten<strong>de</strong>mos também <strong>de</strong>volver à religião<br />

Umbandista sua herança dos negros africanos escravizados. Enten<strong>de</strong>mos a Umbanda<br />

como uma religião híbrida, que tem nos diferentes graus <strong>de</strong> mistura a que esteve<br />

submetida sua principal característica. Muitos <strong>de</strong>stes discursos, no entanto, tentavam<br />

afastar <strong>de</strong>la os elementos que a ligavam à macumba e às práticas dos negros em terras<br />

brasileiras, e que foram elementos fundamentais no nascimento da Umbanda, assim<br />

como o foi também o catolicismo e o Kar<strong>de</strong>c ismo.<br />

Portanto, quisemos reconstituir uma história umbandista que evi<strong>de</strong>nciasse estes<br />

discursos, discursos estes que foram legítimos e serviram como estratégias <strong>de</strong><br />

sobrevivência, buscando afastar da Umbanda o estigma do atraso e <strong>de</strong> religião bárbara,<br />

e substituindo-o por um discurso <strong>de</strong> legitimida<strong>de</strong>. Mas atualmente os tempos são outros,<br />

e tais discursos não precisam mais ser reproduzidos e aceitos como verda<strong>de</strong>. Por isto<br />

quisemos resgatar as heranças africanas, não para dizer que elas foram mais importantes<br />

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