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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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Exu é um espírito elementar, não tem origem. A gente pensa por ele, por isso<br />

ele aceita tanto fazer o bem como o mal. (...) Exus são espíritos <strong>de</strong> pessoas<br />

sofredoras. (...) São pessoas que em vida fizeram alguma coisa errada. Exu<br />

todo mundo recebe, porque ele é uma segurança para nós. (...) São espíritos<br />

sem doutrina, vieram para cumprir missão. Eram espíritos rebel<strong>de</strong>s na outra<br />

encarnação (MAGNANI, 1986, p. 46-47).<br />

Mas um fato não po<strong>de</strong> ser negado. Mesmo com todas estas idéias negativas<br />

acerca da entida<strong>de</strong>, é difícil encontrarmos um terreiro <strong>de</strong> Umbanda em que não haja a<br />

presença dos trabalhos chamados “<strong>de</strong> esquerda”, quando há a incorporação dos Exus e<br />

das Pombagiras 94 . Como disse um dos entrevistados <strong>de</strong> Magnani acima, “Exu todo<br />

mundo recebe, porque ele é uma segurança para nós”. E são vários os relatos <strong>de</strong><br />

umbandistas e intelectuais <strong>de</strong>sta religião que atestam este caráter <strong>de</strong> proteção e<br />

segurança <strong>de</strong>sempenhado por Exu. É o caso do intelectual umbandista Rubens Saraceni,<br />

que afirma que<br />

o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> ação dos Exus é limitado. Não evoluem no trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>smanchar<br />

<strong>de</strong>mandas ou magias negras. Sua função é apenas guardar os locais <strong>de</strong><br />

trabalhos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m espiritual, e após o término <strong>de</strong>stes, proce<strong>de</strong>r à limpeza<br />

astral (...) São [também] os carcereiros responsáveis pela “prisão” dos espíritos<br />

que afrontaram as Leis Divinas. Uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Luz não teria coragem <strong>de</strong><br />

castigar um espírito que só conhece a linguagem do Mal, mas um Exu<br />

Guardião tem sua falange para executar esse trabalho, e o faz com muita<br />

disposição. Não vamos pedir a um médico que vá pren<strong>de</strong>r assassinos perigosos.<br />

Os policiais são treinados e pagos para isto (SARACENI, 2006, p. 89-90).<br />

Assim, na Umbanda ele é visto como uma espécie <strong>de</strong> guardião, que tem como<br />

missão proteger os locais on<strong>de</strong> se realizam os trabalhos <strong>de</strong>sta religião, além <strong>de</strong> lidar com<br />

espíritos criminosos, que se comprazem em realizar o mal. No entanto, ainda é forte o<br />

imaginário <strong>de</strong>moníaco criado a respeito <strong>de</strong>sta entida<strong>de</strong> e reproduzido no senso comum,<br />

e que hoje é alimentado por vários autores e escritores, principalmente oriundos dos<br />

movimentos neo-pentecostais, <strong>de</strong>ntre as quais muitas igrejas elegeram as religiões afro<br />

como os novos representantes do <strong>de</strong>mônio na terra. É o caso do pastor Edir Macedo,<br />

bispo e fundador da Igreja Universal do Reino <strong>de</strong> Deus (IURD). Em uma <strong>de</strong> suas obras<br />

mais polêmicas, intitulada Orixás, Caboclos e Guias – Deuses ou Demônios?, o bispo<br />

escreve que<br />

94 As Pombagiras são espíritos femininos, correspon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> Exu, mas que apresentam características<br />

diferentes, mais ligadas à sexualida<strong>de</strong>. Apresentam o estereótipo da prostituta, <strong>de</strong> mulher vulgar. Nos<br />

cultos elas riem alto e bebem champanhe. A origem do termo está ligada a um Inquice, divinda<strong>de</strong> dos<br />

povos Bantus, correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> Exu, o Bombojira ou Pambu Njila, que tem como correspon<strong>de</strong>nte<br />

feminino a Vangira.<br />

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