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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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É o caso <strong>de</strong> uma divinda<strong>de</strong> em especial, cultuada numa região que ficou<br />

conhecida como Iorubalândia 93 , localizada nos atuais países da Nigéria e do Benin.<br />

Nesta região era cultuado, entre as diversas cida<strong>de</strong>s existentes, um vasto panteão <strong>de</strong><br />

divinda<strong>de</strong>s conhecidas como Orixás, ligadas a fenômenos da natureza. Entre estas<br />

divinda<strong>de</strong>s, recebe papel <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque o orixá Exu, responsável pela intermediação entre<br />

o mundo dos homens e dos <strong>de</strong>uses. An<strong>de</strong>rson Oliva <strong>de</strong>staca algumas das características<br />

atribuídas a Exu na tradição iorubá:<br />

Para os sacerdotes e pessoas comuns entre os iorubás a função principal <strong>de</strong> Exu<br />

é <strong>de</strong> representar a oposição à criação, sendo o infrator das regras e da or<strong>de</strong>m.<br />

(...) Incumbido por Olodumaré da tarefa <strong>de</strong> mudar o que está parado, Exu<br />

recebe o Adô, uma cabaça na qual se encontra a força da transformação. (...)<br />

Exu <strong>de</strong>strói para recriar. É o princípio da <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m, inseparável da estrutura da<br />

or<strong>de</strong>m; um <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do outro. (...) Uma outra característica <strong>de</strong> Exu, que se alia<br />

à idéia da modificação e da recriação da or<strong>de</strong>m, é seu aspecto fálico: (...) ele é<br />

o senhor dos cruzamentos e dos caminhos, o que abre, penetra e liga os mundos<br />

que formam o universo religioso iorubá (OLIVA, 2005, p. 19).<br />

An<strong>de</strong>rson Oliva complementa que “em gran<strong>de</strong> medida, essas características <strong>de</strong><br />

Exu o tornaram para os oci<strong>de</strong>ntais, um orixá contraditório e <strong>de</strong> difícil <strong>de</strong>finição”<br />

(OLIVA, 2005, p. 20). Seu caráter fálico, o que fazia com que suas estátuas o<br />

representassem com um pênis bastante avantajado, <strong>de</strong>notando sua associação com a<br />

sexualida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> seu caráter irrequieto e irreverente, por vezes até mesmo traquina,<br />

como <strong>de</strong>monstram as lendas e mitos que contam sua história, fizeram com que os<br />

missionários europeus que tiveram contato com os sacerdotes <strong>de</strong> Exu nesta região,<br />

como o reverendo Noel Baudin ou o professor da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ilorin, na Nigéria,<br />

A<strong>de</strong> Dopamu, o enxergassem como maléfico e o associassem ao <strong>de</strong>mônio cristão. Como<br />

já afirmei em trabalho anterior:<br />

De uma forma geral, o que estes estudiosos e sacerdotes fazem é interpretar a<br />

religiosida<strong>de</strong> africana dos orixás sob a ótica cristã, e assim aplicar conceitos e<br />

julgamentos que não lhe cabem. Baudin, por exemplo, interpreta que “a<br />

necessida<strong>de</strong> ritualística <strong>de</strong> os iorubás ofertarem os primeiros sacrifícios sempre<br />

a Exu” <strong>de</strong>corre do “medo gerado pelo caráter perverso e ameaçador do orixá,<br />

93 An<strong>de</strong>rson Oliva <strong>de</strong>fine a Iorubalândia como sendo a “área que correspon<strong>de</strong> a uma parte da atual Nigéria<br />

– África Oci<strong>de</strong>ntal – que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> Lagos para o norte, até o rio Níger (Oyá) e, do Benin para leste,<br />

até a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Benin. Não possui fronteiras físicas e políticas <strong>de</strong>terminadas e nem uma organização<br />

centralizada. Compreen<strong>de</strong> a existência <strong>de</strong> vários reinos, como os <strong>de</strong> Egbá, Ketu, Ibeju, Ijexá e Owó que<br />

têm seus próprios governantes. Ao mesmo tempo, esses reinos, por questões <strong>de</strong> legitimação espiritual,<br />

ligação com a mitologia ou heranças <strong>de</strong> certos períodos históricos nos quais alguns reinos estendiam suas<br />

influências sobre outros, mantém vínculos mais próximos ou distantes, mas sempre existentes, com duas<br />

cida<strong>de</strong>s nos aspectos políticos e religiosos mais importantes da região: Oyó e Ifé” (OLIVA, 2005, Nota<br />

11, p. 32).<br />

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