UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
CAPÍTULO V<br />
RELATOS DE UMA GUERRA RELIGIOSA: O “EPISÓDIO<br />
VACA BRAVA” <strong>EM</strong> <strong>GOIÂNIA</strong> (2003)<br />
Se Ogum é meu pai<br />
Vencedor <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda<br />
Ele vem <strong>de</strong> Aruanda<br />
Vem salvar filhos <strong>de</strong> Umbanda 88<br />
Entre os <strong>de</strong>bates que agitam os pesquisadores das religiões neste início <strong>de</strong><br />
século, os confrontos discursivos, que por vezes geram até mesmo confrontos físicos,<br />
entre diferentes formas <strong>de</strong> religiosida<strong>de</strong>s têm ganhado um papel essencial. Não é raro<br />
encontrarmos, por exemplo, notícias sobre verda<strong>de</strong>iras “guerras religiosas” ou<br />
simplesmente “confrontos” entre grupos religiosos que se consi<strong>de</strong>ram rivais e até<br />
mesmo inimigos. São casos extremos, fomentados por uma intolerância religiosa entre<br />
ambos os lados, e que ao serem externalizados criam situações inusitadas <strong>de</strong> combate e<br />
enfrentamento.<br />
É o caso, por exemplo, dos conflitos entre algumas igrejas <strong>de</strong> <strong>de</strong>nominações<br />
neo-pentecostais e membros das religiões afro-brasileiras. Nos jornais, revistas e<br />
noticiários sempre encontramos resultados <strong>de</strong>sta guerra particular, como casos <strong>de</strong><br />
propagandas em que as religiões afro são mostradas como <strong>de</strong>moníacas, acompanhados<br />
<strong>de</strong> discursos inflamados contra estas religiões, manifestações <strong>de</strong> protestos na porta <strong>de</strong><br />
terreiros e em locais públicos e até mesmo chegando ao ponto <strong>de</strong> termos invasões <strong>de</strong><br />
terreiros e agressões e assassinatos <strong>de</strong> pais e mães-<strong>de</strong>-santo 89 .<br />
Em Goiás não foi diferente. Durante a expansão neo-pentecostal a partir da<br />
década <strong>de</strong> 80, umbandistas e candomblecistas nos trazem notícias <strong>de</strong> conflitos e<br />
confrontos ocorridos entre eles e os a<strong>de</strong>ptos daquelas religiões. Normalmente são<br />
conflitos <strong>de</strong> proporções pequenas, como o encontro entre dois grupos diferentes em um<br />
<strong>de</strong>terminado espaço público, gerando assim uma discussão, como po<strong>de</strong>mos perceber<br />
pelo <strong>de</strong>poimento abaixo:<br />
88<br />
Ponto Cantado <strong>de</strong> Umbanda colhido em trabalho <strong>de</strong> campo realizado no Centro Espírita Raio <strong>de</strong> Luz,<br />
em Julho/2008.<br />
89<br />
Sobre todos estes casos ver a obra <strong>de</strong> Vagner Gonçalves da Silva, Intolerância Religiosa (SILVA,<br />
2007).<br />
106