UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG
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tornava mais forte em relação à Fe<strong>de</strong>ração: um <strong>de</strong>sinteresse em relação às suas<br />
ativida<strong>de</strong>s, tanto por parte dos terreiros filiados quanto por parte <strong>de</strong> seus próprios<br />
membros. Muitas vezes o próprio Sr. Luís reclamava da dispersão dos membros <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
sua posse, <strong>de</strong>ixando muitos <strong>de</strong>partamentos da fe<strong>de</strong>ração com gran<strong>de</strong> evasão 86 . Em outra<br />
reunião, alguns membros reclamam da “preguiça dos umbandistas”, pois após visita da<br />
mocida<strong>de</strong> da Fe<strong>de</strong>ração a vários centros, os seus membros foram recebidos com calor<br />
humano, mas os umbandistas não se prontificaram a contribuir com a arrecadação <strong>de</strong><br />
doações. Na mesma reunião o Sr. Luís fala ainda sobre a “má vonta<strong>de</strong> dos umbandistas<br />
e que a maioria dos diretores acha os médiuns sua proprieda<strong>de</strong>” 87 .<br />
Tudo isto <strong>de</strong>monstra como havia uma forte tensão entre a Fe<strong>de</strong>ração e os<br />
Terreiros. Enquanto esta primeira busca exercer um controle junto aos mesmos, pela<br />
fiscalização <strong>de</strong> suas práticas rituais e também pela cobrança <strong>de</strong> mensalida<strong>de</strong>s, os<br />
terreiros buscam se distanciar da Fe<strong>de</strong>ração recorrendo a ela somente quando surge<br />
algum problema com a justiça ou com a polícia. Tais tensões são comuns entre órgãos<br />
fe<strong>de</strong>rativos <strong>de</strong>sta religião e seus praticantes, conforme já explicitamos nos casos das<br />
tentativas <strong>de</strong> padronização dos rituais, que quase sempre não são acatadas pelos<br />
terreiros.<br />
Pelo modo como a Umbanda se constituiu em nosso país, conforme já<br />
analisamos no segundo capítulo, a base central do culto e dos rituais está assentada no<br />
chefe <strong>de</strong> terreiro ou pai-<strong>de</strong>-santo, que dispõe o ritual da forma que preferir. Porém, tal<br />
liberda<strong>de</strong> é ameaçada pelas fe<strong>de</strong>rações e, assim, causa o distanciamento por parte <strong>de</strong>sses<br />
terreiros. É nesta relação dialógica com os terreiros que se assenta toda a história da<br />
Fe<strong>de</strong>ração, como pu<strong>de</strong>mos perceber neste capítulo.<br />
As dificulda<strong>de</strong>s na relação com os centros e terreiros se intensificavam a cada<br />
ano, <strong>de</strong>sestabilizando cada vez mais a ação da FUEGO, que aos poucos foi <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong><br />
exercer sua ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma mais incisiva. O número <strong>de</strong> novas filiações para este<br />
período teve um ligeiro crescimento, foram 128 novas filiações, contra 82 do período<br />
anterior. A Delegacia <strong>de</strong> Costumes, Jogos e Diversões também continuava funcionando<br />
e registrando os terreiros que realizavam jogos, e neste período contava com 12 terreiros<br />
<strong>de</strong> Goiânia registrados e três terreiros do interior do estado, fazendo assim um total <strong>de</strong><br />
15 registros ativos.<br />
86<br />
Ata da Reunião da FUEGO do dia 05/09/92. In: Livro <strong>de</strong> Atas da Diretoria Executiva, Goiânia,<br />
05/01/91.<br />
87<br />
Ata da Reunião da FUEGO do dia 06/03/93. In: Livro <strong>de</strong> Atas da Diretoria Executiva, Goiânia,<br />
05/01/91.<br />
104