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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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primeira coisa que eles fizeram... foram... não queriam saber se os centros eram<br />

registrados, se tinham uma estrutura, foram invadindo... foram invadindo, sabe,<br />

eles foram invadindo e tudo. (...) porque é aquilo que eu te falei, <strong>de</strong>vido ao<br />

ritual, <strong>de</strong>vido aos sacrifícios e outras coisas que estão oriunda nas casas, eles<br />

então partiram então para invadir. E nisso nós já tínhamos criado, né, <strong>de</strong>ntro do<br />

nosso estatuto o Conselho Sacerdotal, né, que era dirigido e que era presidido<br />

pelo nosso irmão Elmo. Aí ele falou: “Olha, Luiz, nós não po<strong>de</strong>mos aceitar<br />

isso”. E daí nós enfrentamos a cara dos <strong>de</strong>legados lá. Na primeira recepção não<br />

foi muito boa não, né?! A recepção nossa lá não foi muito amigável, né?! (...)<br />

Aí nós tínhamos também uma advogada muito boa, doutora Mãe Maria Adilis<br />

Pacheco Bujar, e que nós aí fomos então a nos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r. Mostrar à socieda<strong>de</strong><br />

que aquilo era uma coisa isolada, que não éramos do Candomblé, que não tinha<br />

aqui jamais, não é, o sacrifício humano [não] é aceito em qualquer segmento,<br />

seja Umbanda e seja Candomblé. (...) Então isso, o quê que mostrou, a posição<br />

da fe<strong>de</strong>ração. Ela é uma entida<strong>de</strong> importantíssima, né, a gente sente que o<br />

nosso pessoal ainda olha a fe<strong>de</strong>ração como uma forma repreensiva, né, como se<br />

fosse uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> repreensão. Ela é uma entida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa, <strong>de</strong> apoio, <strong>de</strong><br />

luta, <strong>de</strong> trabalho em prol da nossa... da nossa caminhada, né?! 84<br />

Tais crimes são apenas citados nas atas da Fe<strong>de</strong>ração do dia 5 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong><br />

1992, quando o Sr. Luís “cita os crimes que houve e <strong>de</strong>ixa registrado a gratidão perante<br />

a todos que batalhou direta ou indiretamente para levantarmos” 85 , sem dar maiores<br />

esclarecimentos sobre o mesmo. Também não encontramos maiores <strong>de</strong>talhes sobre estes<br />

crimes em jornais da época. De qualquer forma, o <strong>de</strong>poimento do Sr. Luís <strong>de</strong>ixa claro<br />

que, apesar <strong>de</strong> tais crimes nada terem a ver com os praticantes das religiões afro, a<br />

polícia acabou fazendo a associação dos mesmos, proce<strong>de</strong>ndo assim a invasões <strong>de</strong><br />

terreiros, especialmente <strong>de</strong> Candomblé, o que fez com que a Fe<strong>de</strong>ração tivesse que<br />

intervir para <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os terreiros.<br />

Outro problema que persiste na Fe<strong>de</strong>ração neste período é a falta <strong>de</strong> verbas, que<br />

inviabiliza o trabalho <strong>de</strong> fiscalização aos terreiros e emissão <strong>de</strong> alvarás. Na reunião do<br />

dia 1º <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1992, por exemplo, há uma discussão sobre a liberação dos alvarás<br />

<strong>de</strong> funcionamento para os centros, alegando os membros do Conselho Fiscal que faltam<br />

verbas para que eles visitem os terreiros. A preocupação maior é com alguns centros<br />

que se inscreveram na Fe<strong>de</strong>ração, mas que ainda não receberam alvarás e continuam<br />

funcionando, ficando <strong>de</strong>cidido que os filiados <strong>de</strong>vem se comprometer a freqüentar o<br />

curso que a Fe<strong>de</strong>ração está oferecendo para receber seu alvará. Tal curso era realizado<br />

pelo Conselho Sacerdotal em parceria com a Mocida<strong>de</strong>, e tinha como objetivo fornecer<br />

as bases teóricas necessárias à realização das práticas da Umbanda e do Candomblé.<br />

No entanto o curso tinha muito pouca procura, e seus realizadores tinham muita<br />

dificulda<strong>de</strong> em formar turmas. Aliás, esta era uma característica que a cada ano se<br />

84 Entrevista com Sr. Luís Fernan<strong>de</strong>s Salles e Elmo Rocha, realizada em 16/11/06 por Eliesse Scaramal.<br />

85 Ata da Reunião do dia 05/09/92. In: Livro <strong>de</strong> Atas da Diretoria Executiva, Goiânia, 05/01/91.<br />

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