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UMBANDA EM GOIÂNIA - Faculdade de História - UFG

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INTRODUÇÃO<br />

Abrimos nossos trabalhos<br />

Pedimos a proteção<br />

A Deus todo-po<strong>de</strong>roso<br />

E à Mãe da Conceição 1<br />

Com esta pequena oração, colhida em um <strong>de</strong> nossos vários trabalhos <strong>de</strong> campo<br />

realizados pelos Centros Espíritas e Terreiros <strong>de</strong> Umbanda da capital goiana, abrimos<br />

nosso trabalho, <strong>de</strong>ixando transparecer a gran<strong>de</strong> semelhança que há entre um trabalho <strong>de</strong><br />

pesquisa e uma gira <strong>de</strong> Umbanda. Isto porque, assim como na Umbanda, aqui também<br />

se faz necessário fazermos uma abertura, uma preparação, para só então entrarmos no<br />

objetivo principal do trabalho, po<strong>de</strong>ndo, então, proce<strong>de</strong>r ao encerramento.<br />

De antemão, portanto, apresentamos nosso objeto <strong>de</strong> pesquisa. Neste trabalho<br />

que aqui se inicia teremos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer um pouco melhor da religião<br />

umbandista, e principalmente da Umbanda na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia. Apesar do que se po<strong>de</strong><br />

pensar, este não é um trabalho a respeito dos rituais, dogmas, doutrinas e <strong>de</strong> como a<br />

religião permite ao fiel fazer uma ligação com o “sobrenatural”, como <strong>de</strong>fine Durkheim.<br />

Nos preocupamos muito mais com os aspectos sociais e históricos <strong>de</strong>sta religião. Nossa<br />

análise se volta para como ela surge na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Goiânia, e como ela se <strong>de</strong>senvolve<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua origem até chegar ao século XXI.<br />

Mas <strong>de</strong>ixemos o recorte cronológico um pouco <strong>de</strong> lado, e comecemos falando<br />

por minha história pessoal e <strong>de</strong> minha relação com a Umbanda. Nenhum trabalho <strong>de</strong><br />

pesquisa ocorre <strong>de</strong> forma neutra ou à revelia, e acredito que conhecer as aspirações e<br />

motivações do pesquisador nos auxilie no entendimento <strong>de</strong> nosso trabalho como um<br />

todo. Como disse um dos maiores historiadores do século XX, Marc Bloch: “O<br />

espetáculo da busca, com seus sucessos e reveses, raramente entedia. É o tudo pronto<br />

que espalha o gelo e o tédio” (BLOCH, 2002, p. 83).<br />

Neste sentido, <strong>de</strong>ixo claro primeiramente que minha relação com a Umbanda<br />

não vem <strong>de</strong> agora. Ela vem <strong>de</strong> berço. Nasci em família umbandista, tendo meus avôs<br />

fundado um terreiro <strong>de</strong> Umbanda na capital goiana em meados da década <strong>de</strong> 1970.<br />

Cresci, portanto, correndo pelos corredores do terreiro, brincando com as estátuas e<br />

adornos dos caboclos, sentando em colo <strong>de</strong> preto-velho e recebendo bronca <strong>de</strong> exu. Para<br />

1 Ponto Cantado <strong>de</strong> Umbanda colhido em trabalho <strong>de</strong> campo realizado no Centro Espírita Raio <strong>de</strong> Luz,<br />

em Julho/2008.<br />

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