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Sergio Xavier Ferolla<br />
os quais retardam e oneram os projetos de concepção local, obrigando<br />
o desmembramento dos trabalhos de desenvolvimento em tarefas que<br />
deveriam se limitar à simples aquisição, uma vez que materiais, componentes<br />
e dispositivos especiais, não acessíveis localmente e são ardilosamente<br />
bloqueados no mercado internacional. Como conseqüência, a<br />
reação dos setores operacionais é, algumas vezes, de impaciência e<br />
descrédito na engenharia nacional, pugnando pela simples compra imediata<br />
no exterior. O resultado dessa solução simplista é, não só, a criação<br />
de uma dependência de fornecedores pouco confiáveis como também<br />
e, principalmente, o enfraquecimento do parque industrial doméstico,<br />
agravando a evasão de divisas e a perda de preciosos e qualificados<br />
postos de trabalho.<br />
Com uma visão de mais longo prazo, além das necessidades rotineiras<br />
dos produtos de interesse da Defesa, resta-nos, também, priorizar<br />
aqueles setores ainda sob controle nacional e buscar investir em segmentos<br />
estratégicos, que de forma direta e ou indireta, gerarão subsídios<br />
para a participação da tecnologia e da empresa brasileira em produtos<br />
mais elaborados, capacitando-as para competirem no complexo e<br />
seletivo mercado que a nova realidade internacional tem proporcionado,<br />
assim como para a produção complementar dos itens mais sofisticados<br />
de interesse das aplicações militares.<br />
Esse modelo foi aplicado na Europa, na década dos 60, quando os<br />
países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico<br />
(OCDE), na época, analisando a defasagem do seu parque industrial,<br />
frente, particularmente, aos Estados Unidos, concluíram pela necessidade<br />
da fixação de objetivos estratégicos, de médio e longo prazo,<br />
que servissem de estímulo a um desenvolvimento regional auto-sustentado.<br />
Hoje, os resultados podem ser avaliados, com a moderna indústria<br />
européia ofertando, por exemplo, seus aviões Airbus, Caças de<br />
última geração e seus foguetes Ariane, novos materiais, sofisticada<br />
eletrônica e tantos outros produtos de elevado conteúdo tecnológico,<br />
além de avançados equipamentos e sistemas de interesse militar. Tais<br />
investimentos prosseguem, com os Estados nacionais destinando, para<br />
os Programas de Defesa, consideráveis parcelas dos recursos alocados<br />
para seus desenvolvimentos nos setores de C&T.<br />
Os programas de sucesso da Marinha, do Exército e da Aeronáutica,<br />
que já surtiram resultados concretos, segundo o modelo descrito,<br />
atestam sua validade e, como mostrado, não é outro o caminho<br />
Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 86-90, jan./abr. <strong>20</strong>06<br />
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