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Sergio Xavier Ferolla<br />
O Fomento da Indústria de Defesa<br />
como Fator de Preparo da<br />
Mobilização Nacional<br />
Sergio Xavier Ferolla<br />
Os abrangentes conceitos sobre Mobilização Nacional há muito<br />
sedimentados nos Fundamentos Doutrinários da Escola Superior de<br />
Guerra, carecem de uma formatação viável, considerando-se as atuais<br />
e peculiares condicionantes do nosso País. O modelo, ainda vigente,<br />
para o Sistema Nacional de Mobilização, baseou-se na solução<br />
adotada pelos Estados Unidos da América do Norte, quando da<br />
deflagração da Segunda Guerra Mundial, sendo, portanto, incompatível<br />
com a realidade tecnológica e industrial brasileira, em especial,<br />
como decorrência da acentuada presença de empresas estrangeiras.<br />
Um fator importante para a inserção de tecnologias de interesse<br />
das Forças Armadas no parque industrial é a autonomia decisória<br />
das empresas e o interesse em absorver tais tecnologias para aplicação<br />
local e na inovação dos seus produtos e processos. No Brasil, em<br />
particular, pelas políticas adotadas, é destacada a participação de empresas<br />
transnacionais e assim sendo, raramente a inteligência nacional<br />
é chamada para a geração de produtos destinados aos grandes<br />
mercados, popular e profissional. Tais empresas, trabalhando sob a<br />
direção de suas matrizes no país de origem, utilizam suas filiais, em<br />
geral, para a produção de alguns materiais e componentes, seguindo<br />
uma estratégia de maximização de lucros e interesses corporativos,<br />
de forma a otimizar as transações intra-empresas do mesmo grupo.<br />
Esse é um aspecto peculiar no atual contexto, observando-se<br />
mais uma internacionalização nas transações do que, propriamente, a<br />
tão propalada globalização, já que, fora dessa cadeia intra-empresas,<br />
persistem os bloqueios e as dificuldades de colocação para alguns<br />
produtos nacionais, com oportunidades de competir em condições vantajosas,<br />
nos atrativos e rentáveis mercados do Hemisfério Norte.<br />
Dessa forma, a política de abertura econômica indiscriminada,<br />
apregoada como panacéia pelos Organismos internacionais manipulados<br />
pelos países industrialmente desenvolvidos e, incompreensível<br />
e passivamente aceita por influentes segmentos da elite brasileira,<br />
86 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 86-90, jan./abr. <strong>20</strong>06