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Ivan Fialho<br />
– o País não entra em guerra há muito tempo (a última vez em<br />
que houve invasão do território brasileiro foi em 1864, durante a Guerra<br />
do Paraguai);<br />
– nossas guerras foram lutadas fora do território nacional (Segunda<br />
Guerra Mundial; Primeira Guerra Mundial, esta com participação<br />
irrelevante);<br />
– por muitos anos, no século passado, houve contaminação entre<br />
conceitos de defesa externa e de segurança interna, sendo esta<br />
vista por largos setores da mídia e dos intelectuais como repressão<br />
política, o que por sua vez gerou forte preconceito contra os militares;<br />
– esse preconceito, por outro lado, deriva, principalmente, das<br />
interferências militares na vida nacional, o que, a propósito, hoje não<br />
mais acontece, dado o processo de crescente profissionalização das<br />
Forças Armadas;<br />
– nossa política externa, endossada pela sociedade e pelo mundo<br />
político, não tem prestigiado sua dimensão estratégica, como o<br />
fazem os países que pesam no cenário internacional;<br />
– o despreparo das elites – o que o preconceito e o desinteresse<br />
aportam suas influências – e vice-versa – é parte das deficiências<br />
das elites brasileiras, que deixam de oferecer à defesa nacional uma<br />
atenção adequada e competente;<br />
– o desinteresse e o despreparo chegam a ponto de freqüentemente<br />
as Forças Armadas serem conhecidas, apenas, por suas atividades<br />
subsidiárias – atividades realmente importantes, especialmente nas áreas<br />
mais carentes e vazias, mas que não devem desvirtuar a atividade principal<br />
que é o preparo para a defesa externa;<br />
– os assuntos de defesa não empolgam a sociedade e por isso<br />
não geram votos nem atraem a atenção dos políticos que se concentram<br />
em questões de apelo eleitoral.<br />
Ora, um País com a 14ª economia do mundo, com inclinações<br />
para a liderança regional e que aspira maior projeção internacional, de<br />
maior responsabilidade, inclusive um assento permanente no Conselho<br />
de Segurança da ONU, precisa valorizar sua própria Segurança e Defesa.<br />
Aliás, segundo o Prof. Murilo de Carvalho, é um contra-senso<br />
essa pretensão, pois o País não dispõe de Forças Armadas com o<br />
“status” pretendido, sendo que essa incongruência pode servir de poderoso<br />
argumento em favor da ênfase na defesa.<br />
Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 82-85, jan./abr. <strong>20</strong>06<br />
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