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Ivan Fialho<br />
Mentalidade de Defesa no Brasil<br />
Ivan Fialho<br />
O desenvolvimento de uma mentalidade ou cultura de defesa<br />
no âmbito da sociedade brasileira constitui-se numa variável independente<br />
fundamental, na busca da valorização da segurança e da<br />
defesa nacionais – condição básica para propiciar a concepção e<br />
implementação de um Sistema Nacional de Defesa, que disponha<br />
de efetiva capacidade dissuasória para neutralizar ou minimizar as<br />
vulnerabilidades estratégicas do País.<br />
O poder militar brasileiro está há vários anos aquém da estatura<br />
político-estratégica do País, justamente pela baixa prioridade<br />
que os governos vêm dando à segurança e à defesa, a qual se traduz<br />
em dotações orçamentárias insuficientes e instáveis.<br />
Uma das maneiras de tentar reverter essa situação é uma<br />
ação concertada e sistemática do Ministério da Defesa e dos Comandos<br />
das Forças junto aos formadores de opinião no meio político,<br />
na intelectualidade e na mídia.<br />
A Escola Superior de Guerra, consciente desse problema, realizou<br />
um seminário sobre o tema, em setembro de <strong>20</strong>05, com a participação<br />
do historiador José Murilo de Carvalho, do Almirante-de-<br />
Esquadra R1 Mário César Flores e do Jornalista e Professor Oliveiros<br />
Ferreira, cujas principais idéias são abordadas neste artigo.<br />
A própria Política de Defesa Nacional (PDN) expressa<br />
que “após um longo período sem que o Brasil participe de conflitos<br />
que afetem diretamente o território nacional, a percepção das ameaças<br />
está desvanecida para muitos brasileiros”. Noutra passagem,<br />
orienta que “o desenvolvimento de mentalidade de defesa no seio<br />
da sociedade brasileira é fundamental para sensibilizá-la acerca da<br />
importância das questões que envolvam ameaças à soberania, aos<br />
interesses nacionais e à integridade territorial do Brasil”.<br />
Muitas dificuldades se levantam para esse propósito. É preciso,<br />
inicialmente, reconhecer que a ausência de mentalidade de defesa<br />
tem várias explicações de natureza histórica e política:<br />
– não há percepção de ameaça militar externa; a da Argentina,<br />
há muito, foi superada, o que gerou desinteresse pela defesa;<br />
82 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 82-85, jan./abr. <strong>20</strong>06