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Manuel Cambeses Júnior<br />
Cumpre, entretanto, recuperar Hegel. O sonho, fruto do espírito,<br />
é o impulsionador da História. E este sonho é muito mais claro e<br />
muito mais forte na periferia e na barbárie. O que Hegel colocava em<br />
sua filosofia era a permanente dinâmica. Existe uma dinâmica social.<br />
E a origem desta dinâmica é o sonho coletivo. Sonho que resulta e se<br />
processa no âmbito de uma sociedade. Diferentemente do que Marx<br />
havia colocado, o maior choque, o grande responsável pelo processo<br />
civilizatório, é o que se processa entre sociedades e não aquele que<br />
se dá dentro de uma sociedade. O maior dos choques é o que se dá<br />
entre o sonho coletivo de uma sociedade emergente e a intransigência,<br />
ou seja, tudo aquilo que se opõe à dinâmica social. Em outras palavras,<br />
a intransigência nada mais é do que a ação do centro contra a<br />
periferia, da cultura contra a barbárie.<br />
Para nós brasileiros, que somos considerados bárbaros e periféricos,<br />
é chegada a hora de assumirmos a dinâmica que esses atributos<br />
nos impõe. E esta dinâmica se vetoriza com um Projeto Nacional.<br />
Poderemos ser ou não ser. Mas teremos de tentar. Se o conseguirmos<br />
daremos ao processo civilizatório um novo espaço em ser.<br />
Espaço este, onde ibéricos, negros, índios, holandeses, mais antigamente,<br />
e japoneses, alemães e italianos, mais proximamente, se sentiram<br />
latinos e recuperaram para o Lácio o fio condutor da História.<br />
O autor é Coronel-Aviador da reserva da Força Aérea,<br />
Membro-correspondente do Centro de Estudos Estratégicos<br />
da Escola Superior de Guerra, Membro Titular do Instituto<br />
de Geografia e História Militar do Brasil e Pesquisador do INCAER.<br />
78 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 72-78, jan./abr. <strong>20</strong>06