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Ideias nº 20 - incaer

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Manuel Cambeses Júnior<br />

tes contrários sempre formam uma única unidade. Existe, permanentemente,<br />

uma unidade dos contrários.<br />

Essa é a verdadeira explicação, porque a disputa desse espaço,<br />

que é finito, que é limitado, tem sido feita, nos últimos quatrocentos anos,<br />

com muito maior vigor e rapidez, pelas partes que compõem o todo.<br />

Entretanto, chegar a esse estágio no processo civilizatório requereu<br />

um permanente embate do homem com o universo. A conquista<br />

é uma ação de cooptação. Mas também é a afirmação de uma<br />

dominação. Há uma tese original – o homem – mas, também, há a<br />

sua antítese – o universo. Um para o outro.<br />

A mediação entre esses contrários foi, até à época das luzes, o<br />

trabalho; hoje, é a ciência. As contradições permanecem intocadas.<br />

Nem o trabalho, nem a ciência desvelam o ignoto. As perguntas iniciais<br />

permanecem sem respostas. Entretanto, é inegável que o homem<br />

se aproximou do Absoluto, desde que se levantou sobre as patas posteriores<br />

e andou em alguma planície desse, na época, para ele, imenso<br />

planeta. E isto se tornou possível porque assumiu a posição de<br />

ordenador de seu contraditório: a natureza – materialização primeira<br />

do universo. O homem, desde que racionalizou, se inconformou. E<br />

desde que se inconformou, defrontou-se com a intransigência.<br />

As razões dessa aproximação com o Absoluto são várias. Uma,<br />

no entanto, é unânime, em todos os pensadores que discutem o progresso<br />

humano: a vida social e a sua acompanhante permanente, a<br />

vida política. E estas têm, como sua última criatura: o Estado-Nação.<br />

A idéia de Estado-Nação é um pensamento muito elaborado.<br />

Seu entendimento pressupõe o caminhar por uma linha ininterrupta<br />

de idéias, através do espaço e do tempo, que ligam as hordas às<br />

grandes potências. O Estado-Nação constitui o resultado das soluções<br />

silenciosas e progressivas das questões que surgiram da convivência<br />

humana. Querer, num ensaio, estabelecer o preciso momento<br />

e a melhor via em que se deram essas soluções, é buscar o<br />

inalcançável. Entretanto, a forma dessas soluções sempre foi a mesma:<br />

o pacto. Seja aquele resultante da imposição do mais poderoso e<br />

que, portanto, decorre da racionalização de desvantagens; seja aquele<br />

que advém da composição de vontades, e que, portanto, resulta da<br />

racionalização de vantagens.<br />

O pacto é, antes de tudo, um produto da razão. A linha que<br />

liga as hordas à sociedade atual – à civilização – é um contínuo de<br />

Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 72-78, jan./abr. <strong>20</strong>06<br />

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