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José Augusto Abreu de Moura<br />
O esquadrão aéreo da esquadra inglesa fez milagres apesar<br />
da má qualidade de seus aviões, se notabilizando pelo ataque à Base<br />
Naval italiana de Taranto, mas a falta de maiores investimentos<br />
nessa capacidade foi sentida em diversas ações, como as realizadas<br />
ao largo de Creta, em 1941, quando a total superioridade aérea<br />
da Luftwaffe resultou na perda de três cruzadores, seis contratorpedeiros<br />
e em avarias graves em dois encouraçados e um portaaviões,<br />
também nesse ano, quando um encouraçado e um cruzador<br />
de batalha foram afundados, na Malásia, por aviões japoneses e, no<br />
ano seguinte, após a queda de Singapura, quando a Esquadra do<br />
Oriente, a quem cabia a defesa da Índia e do Ceilão teve que se<br />
refugiar em portos africanos para não ser destruída pela Aviação<br />
Embarcada japonesa.<br />
Os porta-aviões ingleses eram apenas navios que lançavam e<br />
recolhiam aviões e estavam longe de serem substitutos dos<br />
encouraçados. Para se ter uma idéia, em 1939, um navio-aeródromo<br />
inglês de primeira linha levava somente de 24 a 30 aeronaves, enquanto<br />
os japoneses e americanos levavam de 80 a 100, e que podiam<br />
ser estacionados, reabastecidos e rearmados no convés de vôo,<br />
ao contrário dos ingleses, que só podiam fazê-lo no hangar, o piso<br />
abaixo, de onde tinham que ser levados ao convôo para a decolagem<br />
e deste trazidos após o pouso. Isso indica que o tempo para<br />
relançamento de uma nova vaga não havia sido considerado em<br />
suas especificações.<br />
Os americanos, para quem a defesa aérea do território nacional<br />
não constituía um problema, não possuíam, no início da guerra,<br />
bons interceptadores, nem mesmo a Marinha, que teve dificuldades<br />
com os “Zero” japoneses mas, com sua notória capacidade<br />
industrial, em pouco tempo se recuperaram. Não tiveram, contudo,<br />
graves problemas trazidos por orientação estratégica inadequada<br />
porque, após o período de perplexidade dos anos vinte do<br />
século passado, souberam adaptar-se às contingências da época,<br />
sem dogmatismos.<br />
Os japoneses fizeram o que podiam, mas estavam por demais<br />
exigidos com uma custosa guerra terrestre da qual não conseguiram<br />
se livrar, além da guerra naval onde seu destino foi decidido. Seu<br />
material era adequado às operações realizadas mas, ao que parece,<br />
haviam iniciado a formação de pilotos navais com certo atraso, e seu<br />
70 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 59-71, jan./abr. <strong>20</strong>06