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José Augusto Abreu de Moura<br />
Para os ingleses, o que os salvou na Batalha da Inglaterra foi o<br />
sistema de defesa aérea com radares, que ficara pronto exatamente<br />
em 1940. Os interceptadores, então pouco numerosos, foram<br />
superexigidos, merecendo a conhecida frase elogiosa de Churchill. A<br />
dissuasão dos bombardeiros havia fracassado e as poucas incursões<br />
realizadas contra a Alemanha só tiveram como conseqüência a interferência<br />
de Hitler junto à Luftwaffe para realizar ataques de represália<br />
contra cidades, desviando esforços dos objetivos realmente estratégicos<br />
– fábricas de aviões, centros de treinamento de pilotos<br />
etc., o que, se não foi um efeito negligenciável, estava longe de ser o<br />
propósito para o qual a força de bombardeiros havia sido criada.<br />
A Aviação de apoio às forças terrestres, negligenciada ao contrário<br />
da dos alemães, foi deficiente no início da guerra, contribuindo<br />
para a derrota do exército na Grécia e em Creta.<br />
Apesar da prioridade que haviam recebido, no início da guerra,<br />
os bombardeiros ingleses, que operavam à noite, não obtinham resultados<br />
esperados devido à falta de precisão nos ataques. Com a entrada<br />
dos EUA na guerra, a ofensiva aérea foi aos poucos sendo<br />
fortalecida pelos pesados bombardeios da Força Aérea do Exército<br />
americano que, sendo diurnos, conseguiam precisão um pouco melhor.<br />
Mesmo assim, os efeitos dessas ações eram considerados pequenos<br />
em face do poder industrial alemão e, em 1943, a defesa das<br />
cidades alemãs estava infligindo perdas inaceitavelmente altas aos<br />
aviões anglo-americanos.<br />
Justamente quando parecia que os bombardeios teriam que<br />
ser suspensos, apareceu uma arma salvadora – o P-51 Mustang,<br />
interceptador americano medíocre que, ao receber o motor do<br />
Spitfire, conseguiu desempenho superior ao dos interceptadores<br />
alemães com o raio de ação de um bombardeiro, o que permitiu<br />
fazer a escolta desses aviões e engajar a defesa aérea. Seguiu-se a<br />
alteração dos objetivos para as fábricas de aviões e as usinas de<br />
óleo sintético essenciais à Luftwaffe que, desta maneira, foi praticamente<br />
destruída.<br />
Vemos, assim, que a primeira vitória da campanha de bombardeios<br />
estratégicos foi a destruição da Força Aérea alemã, o que,<br />
certamente, não era um de seus objetivos originais, e foi determinante<br />
para a realização do desembarque na Normandia, operação básica<br />
para a vitória aliada.<br />
Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 59-71, jan./abr. <strong>20</strong>06<br />
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