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José Augusto Abreu de Moura<br />
– o principal inimigo após 1933. Tais fatos fizeram com que a Inglaterra<br />
adotasse uma estratégia de dissuasão, criando uma força de<br />
bombardeiros capazes de transportar grandes cargas de bombas a<br />
grandes distâncias e dando prioridade à construção desses aviões.<br />
Isso parecia a melhor defesa porque, não havendo uma defesa possível,<br />
como prescrevia Douhet, contra uma ofensiva de bombardeio<br />
estratégico, o jeito seria evitá-la ameaçando o terror com mais terror.<br />
É bem verdade que a RAF passou boa parte do período entre<br />
guerras lutando ferozmente para manter sua independência e relutava<br />
em desviar recursos da tarefa de bombardeio estratégico, pela<br />
qual era responsável, para as de apoio ao Exército e à Marinha. Isso<br />
fez com que a ofensiva aérea fosse supervalorizada, o que era coerente<br />
com a orientação implantada por Trenchard, de que esse seria<br />
o principal papel da força aérea.<br />
Vale dizer que, em 1937, a Marinha reassumiu o controle do<br />
pequeno esquadrão aéreo da Esquadra, mas não investiu muitos recursos<br />
nele, que continuou dotado de aviões de baixo desempenho,<br />
destinados basicamente às tarefas anti-submarino e de busca aérea.<br />
A Inglaterra possuía um órgão que definia as prioridades de<br />
defesa – o Comitê de Necessidades de Defesa (DRC) – do qual<br />
faziam parte os representantes dos ministérios civis e os das Forças<br />
Armadas, e ele foi, durante bastante tempo favorável à prioridade<br />
acima citada, contudo, em 1936 ou 1937, quando se percebeu a impossibilidade<br />
de obter a paridade numérica em bombardeiros com a<br />
Luftwaffe, o representante do Tesouro no Comitê começou a forçar<br />
a busca de outra alternativa – o que Douhet achava impossível, mas<br />
a tecnologia indicava – um sistema de defesa aérea baseado no radar.<br />
A insistência desse civil acabou vencendo e, em 1938, veio a<br />
decisão de dar prioridade à construção do citado sistema e dos aviões,<br />
bem a tempo de aproveitar os novos interceptadores Spitfire,<br />
cuja produção estava sendo iniciada.<br />
4.3 O Avião como Sucessor do Canhão Naval (EUA)<br />
A Marinha americana se beneficiou do entrevero com o General<br />
Mitchell. A comprovação prática de que os aviões eram capazes<br />
de afundar encouraçados possibilitou a definição do conceito<br />
operacional básico da Aviação Naval, cuja busca estava consumindo<br />
esforços dos estrategistas e dos táticos: Dentro da concepção<br />
mahaniana, o navio-aeródromo substituiria o encouraçado, e o avião<br />
66 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 59-71, jan./abr. <strong>20</strong>06