08.05.2013 Views

Ideias nº 20 - incaer

Ideias nº 20 - incaer

Ideias nº 20 - incaer

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

José Augusto Abreu de Moura<br />

O decreto da “Levée en Masse” (23 de agosto de 1793) institucionalizara<br />

a já presente mobilização de corações e mentes dos franceses para a<br />

defesa de la Nation, o conceito que galvanizava as massas e proporcionava<br />

voluntários mal-contados mas orgulhosos.<br />

Cento e vinte anos depois, o progresso do registro civil, da administração<br />

pública, das comunicações e dos transportes fazia com que<br />

uma necessidade de recompletamento sentida pelo alto-comando resultasse<br />

num telegrama chegando à casa do convocado, determinando<br />

o dia de seu comparecimento a um quartel, onde recebia equipamento<br />

e armamento previamente preparado, integrava uma Unidade que pegava<br />

um trem e ia para a área onde seria empregada. O revanchismo<br />

da Guerra Franco-Prussiana e o “tradicional élan do soldado francês”,<br />

divulgados de forma estudada, cuidavam dos corações e mentes.<br />

A tecnologia havia materializado a mobilização nacional, tornando-a<br />

um paradigma seguido por todos os países europeus, o que fazia mecânica,<br />

e até fácil, a reposição das imensas perdas humanas causadas<br />

pela guerra de trincheiras.<br />

Talvez, porém, o paradigma mais terrível firmado na guerra tenha<br />

sido o do envolvimento das estruturas nacionais, em virtude da grande<br />

dependência das Forças Armadas e das operações militares em relação<br />

à estrutura econômica e social dos Estados – agora, tais estruturas,<br />

aí incluída a população civil, passaram a constituir objetivos militares.<br />

Havia, porém, ao fim da guerra, o sentimento entre militares de<br />

vários países de que aquela carnificina não se deveria repetir, e isso motivava<br />

a busca de alternativas para que a próxima guerra fosse diferente.<br />

No mar também – a partir dos padrões da Marinha a vela, o<br />

combate naval havia evoluído, com a revolução naval do século XIX,<br />

para o emprego de linhas de batalha, com navios de ferro portando<br />

canhões de grande calibre e forças ligeiras (navios menores com funções<br />

auxiliares no combate). Esse paradigma foi firmado na Guerra<br />

Russo-Japonesa, confirmado na batalha da Jutlândia e assim continuou<br />

após a Grande guerra.<br />

Houve, porém, duas novidades importantes: uma com visível e<br />

perturbadora repercussão na estratégia – o submarino, empregado<br />

contra o tráfego mercante, reeditou o corsário e mostrou a capacidade<br />

devastadora que as modernas tecnologias proporcionaram às<br />

campanhas de negação do uso do mar; a outra, menos importante,<br />

guardava para o futuro o mistério de seu potencial: no dia de Natal<br />

60 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 59-71, jan./abr. <strong>20</strong>06

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!