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Ideias nº 20 - incaer

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Marcelo Hecksher<br />

a da saída das empresas estrangeiras que operavam na China como<br />

“joint ventures”, cansadas de perder dinheiro, aguardando a explosão<br />

econômica do Império do Centro.<br />

O suporte que era dado ao regime comunista na China, pela URSS,<br />

deixou de existir com a queda do Muro de Berlim. Vários sinais anteriores<br />

a esse fato já haviam sido percebidos pelos chineses. As carências<br />

econômicas da pátria do comunismo, o declínio do Movimento Comunista<br />

Internacional, tudo indicava que a China teria que buscar o mercado<br />

como fonte de seu desenvolvimento. O propalado mercado interno de<br />

mais de um bilhão de habitantes era uma quimera, considerando-se o<br />

poder aquisitivo da população economicamente ativa.<br />

O Partido supria as carências básicas de todos os seus filiados<br />

e, também, da maior parte da sociedade. Mas, até quando isto seria<br />

possível?<br />

O dilema ideológico era: mudar de uma economia totalmente<br />

dependente do Estado para admitir a propriedade privada. Como adotar<br />

práticas capitalistas, se estas contrariavam tudo que o regime comunista<br />

chinês pregava desde 1º de outubro de 1949?<br />

Sabendo que, até <strong>20</strong>00, ainda existia em Pequim o sistema de<br />

moradia dos “hutongs”, casas intramuros, separadas por estreitas<br />

aléias, com o banheiro e a cozinha coletivos, pode-se imaginar a revolução<br />

de paradigmas criada pelos modernos prédios, pelos condomínios<br />

de casas modernas e luxuosas de propriedade individual, pelos<br />

clubes, pelos banheiros ocidentais, abandonando as latrinas, tidas como<br />

mais saudáveis pela cultura chinesa, em virtude da posição de defecar.<br />

Como aceitar que essas modernidades fossem utilizadas primeiramente<br />

por alguns, não sendo, portanto, compartilhadas por todos,<br />

como no tempo dos “hutongs”, sistema de moradia popular criado<br />

pela revolução?<br />

É importante conhecer como o PCC tratou dessa questão, mudança<br />

de paradigmas.<br />

Deng Xiaoping, o arquiteto da abertura econômica, cunhou<br />

várias slogans, tão ao gosto da cultura chinesa: “hoje não é mais<br />

crime ser rico”; “democracia com características chinesas”; e<br />

“um só país, dois sistemas” foram expressões criadas para justificar,<br />

perante os membros do PCC, a caminhada da China aceitando<br />

o jogo do mercado internacional, para dele poder desfrutar, desenvolvendo-se<br />

economicamente.<br />

44 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 42-48, jan./abr. <strong>20</strong>06

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