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Ideias nº 20 - incaer

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Dom Edson de Castro Homem<br />

internacional. A Igreja Católica, na pessoa do Papa João Paulo II,<br />

insistiu na conversação, na ação diplomática. Pediu a paz. Defendeu<br />

o direito da soberania dos povos.<br />

A atuação de João Paulo aponta para funções ainda relevantes<br />

e pertinentes das religiões se elas se abrirem às necessidades e aos<br />

apelos da Humanidade, acolhendo-se também umas às outras na colaboração<br />

recíproca quando grandes causas humanísticas estão em<br />

jogo. Essas novas funções apregoadas e inauguradas serão possíveis<br />

se as conquistas da liberdade moderna forem facilitadas pelos líderes<br />

religiosos e, sobretudo, por aqueles que têm o poder de influência e<br />

de decisão na sociedade.<br />

Conclusão<br />

Sabe-se por diversas análises históricas, filosóficas e sociológicas<br />

do pensamento moderno que também não existe neutralidade<br />

religiosa. As expressões religiosas podem esconder ou veicular as<br />

ideologias e utopias, as convicções e os interesses, além do conteúdo<br />

próprio de cada credo professado. Por isso, é necessário elaborar<br />

sempre de novo a crítica das religiões juntamente com a crítica<br />

das ideologias e das utopias, através do pensamento, especialmente<br />

a contribuição de intelectuais e de filósofos. Uma semana de estudos<br />

como esta, certamente favorece a elaboração destes objetivos,<br />

até porque sempre ronda o risco do fanatismo, do fideísmo e do<br />

fundamentalismo. São atitudes irracionais que comprometem o tecido<br />

social e a Democracia.<br />

A modernidade não é unívoca. Nem é tão racional como se<br />

apregoa, pois no acirramento das paixões produziu guerras mundiais<br />

e o extermínio de populações e de etnias. Por isso, o pensamento<br />

crítico é sempre uma reconquista da razão que a modernidade<br />

recorda. Com efeito, ela tem o mérito de nos ter ajudado a valorizar<br />

a razão e a considerar seus limites. Se o projeto for levado a sério,<br />

inibe as polarizações que motivam ações persecutórias contra a<br />

Religião, as diferenças e as minorias. Soa como tautologia, mas a<br />

razão precisa ser a instância crítica de si própria. Se quiser permanecer<br />

no âmbito da razão comunicativa, segundo a expressão<br />

de Habermas, aquela que se deixa interpelar e solicitar pela<br />

alteridade, conforme Levinas. Do ponto de vista católico, a<br />

tautologia é superada quando a razão se deixa também criticar<br />

Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 19-36, jan./abr. <strong>20</strong>06<br />

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