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Dom Edson de Castro Homem<br />
internacional. A Igreja Católica, na pessoa do Papa João Paulo II,<br />
insistiu na conversação, na ação diplomática. Pediu a paz. Defendeu<br />
o direito da soberania dos povos.<br />
A atuação de João Paulo aponta para funções ainda relevantes<br />
e pertinentes das religiões se elas se abrirem às necessidades e aos<br />
apelos da Humanidade, acolhendo-se também umas às outras na colaboração<br />
recíproca quando grandes causas humanísticas estão em<br />
jogo. Essas novas funções apregoadas e inauguradas serão possíveis<br />
se as conquistas da liberdade moderna forem facilitadas pelos líderes<br />
religiosos e, sobretudo, por aqueles que têm o poder de influência e<br />
de decisão na sociedade.<br />
Conclusão<br />
Sabe-se por diversas análises históricas, filosóficas e sociológicas<br />
do pensamento moderno que também não existe neutralidade<br />
religiosa. As expressões religiosas podem esconder ou veicular as<br />
ideologias e utopias, as convicções e os interesses, além do conteúdo<br />
próprio de cada credo professado. Por isso, é necessário elaborar<br />
sempre de novo a crítica das religiões juntamente com a crítica<br />
das ideologias e das utopias, através do pensamento, especialmente<br />
a contribuição de intelectuais e de filósofos. Uma semana de estudos<br />
como esta, certamente favorece a elaboração destes objetivos,<br />
até porque sempre ronda o risco do fanatismo, do fideísmo e do<br />
fundamentalismo. São atitudes irracionais que comprometem o tecido<br />
social e a Democracia.<br />
A modernidade não é unívoca. Nem é tão racional como se<br />
apregoa, pois no acirramento das paixões produziu guerras mundiais<br />
e o extermínio de populações e de etnias. Por isso, o pensamento<br />
crítico é sempre uma reconquista da razão que a modernidade<br />
recorda. Com efeito, ela tem o mérito de nos ter ajudado a valorizar<br />
a razão e a considerar seus limites. Se o projeto for levado a sério,<br />
inibe as polarizações que motivam ações persecutórias contra a<br />
Religião, as diferenças e as minorias. Soa como tautologia, mas a<br />
razão precisa ser a instância crítica de si própria. Se quiser permanecer<br />
no âmbito da razão comunicativa, segundo a expressão<br />
de Habermas, aquela que se deixa interpelar e solicitar pela<br />
alteridade, conforme Levinas. Do ponto de vista católico, a<br />
tautologia é superada quando a razão se deixa também criticar<br />
Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 19-36, jan./abr. <strong>20</strong>06<br />
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