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Dom Edson de Castro Homem<br />
Com sua liderança, intensificou os laços de fraternidade em<br />
relação à Igreja Ortodoxa, afirmando que a Igreja Católica precisa<br />
respirar com os dois pulmões: o ocidental e o oriental. Pediu perdão<br />
aos judeus pelos erros do passado durante a celebração do ano<br />
santo, na virada do milênio. Insistiu na purificação da memória a<br />
respeito dos crimes e dos abusos históricos, perpetrados por católicos,<br />
para um novo relacionamento de cooperação harmônica e construtiva.<br />
Visitou a sinagoga de Roma e, em suas viagens, estabeleceu<br />
contato com os judeus. Visitou mesquitas e também estabeleceu<br />
em suas viagens contatos com muçulmanos. Aprovou a Declaração<br />
Conjunta entre a Igreja Luterana e a Igreja Católica na questão<br />
principal que dividiu o Cristianismo ocidental: a justificação pela<br />
graça. Caíram as acusações recíprocas e a excomunhão. Ambas<br />
as instituições se comprometeram a compreender o que há de diferente<br />
no dado comum da fé, respeitando a divergência de posições.<br />
Orou junto com todos os crentes de várias religiões que foram aos<br />
Encontros de Assis, porque dizia que a Religião é para unir as pessoas<br />
e não para desunir ou desagregar. Não admitia, o que qualificou<br />
de blasfêmia, usar a Religião e o nome de Deus para guerrear.<br />
Apelou para que as religiões contribuíssem para a paz mundial.<br />
Em suma, significa dizer que a Religião pode também fazer<br />
autocrítica, purificar-se a si própria mediante a revisão histórica e<br />
aprender dos próprios erros. Nesse sentido, pode colaborar para a<br />
construção de novas formas de vida social, baseadas na reconstrução<br />
do presente em função do futuro sem deixar-se aprisionar por<br />
heranças passadistas e obscurantistas. No entanto, há muito que<br />
fazer para a superação dos ressentimentos. A estrada está longe<br />
de ser percorrida. Mas os passos iniciais já foram dados, se não<br />
pusermos obstáculos às conquistas da modernidade.<br />
No contexto contemporâneo da globalização também dos problemas<br />
internacionais, surge a posição do Governo americano, diante<br />
da nova expressão do terrorismo. Influenciado pelo atentado<br />
em Nova York, em 11 de setembro de <strong>20</strong>01, cuja conotação religiosa<br />
foi dada pelos grupos terroristas islâmicos que pretendem ter<br />
agido em nome de Deus, o Presidente dos Estados Unidos deixouse<br />
levar pela linguagem religiosa da retaliação ao qualificar a área<br />
inimiga de eixo do mal, e até justificou a invasão de uma nação de<br />
Cultura islâmica com argumentos não convincentes à comunidade<br />
34 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 19-36, jan./abr. <strong>20</strong>06