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Ideias nº 20 - incaer

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Dom Edson de Castro Homem<br />

A Catedral de Brasília é um bom indicador dos sinais dos tempos<br />

modernos. Ao contrário das catedrais medievais, o arquiteto ateu<br />

e comunista fez a Catedral enterrada em meio à cidade. Para se<br />

adentrar no recinto do culto eucarístico, é preciso descer a rampa.<br />

Para entrar no palácio do governo há que se subir à rampa. O que se<br />

vê da Catedral é apenas sua bela e delicada torre a significar as mãos<br />

do povo brasileiro em atitude de ofertório. Assim é enaltecida a religiosidade,<br />

não o culto sagrado ou oficial. Também aqui o meio é a<br />

mensagem, cheia de ideologia. No entanto, a Religião pode restaurar<br />

sempre a pureza do sentido a seu favor. Mesmo no estranhamento<br />

desta simbologia da morte de Deus, o templo paradoxalmente deixa<br />

de ser simples monumento estético quando a assembléia de culto o<br />

preenche e aquece com a celebração da sua fé e de sua esperança.<br />

Deus se faz presente no templo santo do seu povo reunido. A fé<br />

sempre vence o mundo, conforme as palavras de Jesus, desde quando<br />

a Eucaristia era celebrada nas catacumbas, isto é, no subsolo de<br />

Roma, a arrogante Capital do Império, ávida de perseguição e de<br />

morte. Além disso, temos que admitir com fina ironia que a Catedral<br />

de Brasília sempre estará aberta a todos que se dispuserem a descer,<br />

enquanto o palácio do governo jamais abrirá as portas a todos que<br />

quiserem subir.<br />

VI. A Função Sócio-econômica da Religião<br />

Max Weber relaciona com boa análise sociológica o surgimento<br />

do Capitalismo com a emergência do Calvinismo na relação entre<br />

teoria e moral puritana com a Economia, mediante o valor do trabalho<br />

e o acúmulo do capital como bênção divina. Portanto, também a Revolução<br />

Industrial tem um componente religioso ético originário. Significa<br />

que a Religião pode ter influência transformadora na sociedade<br />

e gerar a Economia.<br />

Karl Marx, opositor do Capitalismo, ao contrário, define a Religião<br />

como sendo o ópio do povo, já que é superestrutura ideológica de<br />

pura alienação e de dominação para manter a ordem e o poder constituídos,<br />

especialmente, o dos donos do capital contra os que vendem<br />

a força do seu trabalho. Portanto, desqualifica-a como agente transformador<br />

da História. Ao contrário, Ernst Bloch, mediante o conceito<br />

de princípio-esperança, mesmo considerando-se marxista, possibilita<br />

pensar a Religião unida à utopia. Paul Ricoeur com a ajuda do princí-<br />

30 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 19-36, jan./abr. <strong>20</strong>06

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