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Ideias nº 20 - incaer

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Dom Edson de Castro Homem<br />

simbologia religiosa, dando-lhe nova leitura a partir do lugar de destaque<br />

no seu exército. A nova Religião passava a ter uma função<br />

legitimadora do Império.<br />

Com efeito, aos poucos a cruz estaria presente em todos os<br />

lugares públicos. Não só nos altares. Desta forma, começava uma<br />

nova ordem de relação simbólica e efetiva entre a Igreja, organizando-se<br />

no Império, e o Estado que se reorganizava também diante do<br />

novo poder religioso emergente. Inaugurava igualmente o Catolicismo<br />

guerreiro que de início será de defesa e depois, diante das conquistas<br />

muçulmanas, tornar-se-á um Catolicismo de reconquista.<br />

Santo Agostinho daria à cristandade emergente os elementos<br />

para pensar e construir a realidade sócio-política em tempo de paz e<br />

de guerra. De um lado definiria a paz como tranqüilidade da ordem,<br />

de outro insistiria na ordem a ser defendida. Daí, a noção de guerra<br />

justa ou de legítima defesa a exigir a manutenção e a modernização<br />

dos exércitos, mesmo em tempo de paz e em regime de cristandade.<br />

O Brasil Colônia conheceu a simbologia e a interpretação religiosa<br />

nas lutas entre portugueses e índios. Os santos protetores<br />

foram considerados, muitas vezes, santos guerreiros em favor da<br />

Coroa Portuguesa. A Religião possuía a função de também expandir<br />

o império português com seu projeto de colonização. Anglicanos<br />

e protestantes fizeram o mesmo nas colônias inglesas e holandesas<br />

contra a idolatria e a superstição, em nome da pureza evangélica,<br />

no intuito da conquista.<br />

Durante a modernidade houve guerras de Religião, no interior<br />

do Cristianismo dividido após a Reforma, com episódios deploráveis<br />

entre reformados, anglicanos e católicos, cujos motivos eram mais da<br />

ordem da Política e da Economia que propriamente da fé. No entanto,<br />

eminentes pensadores políticos do Liberalismo e do Iluminismo,<br />

apesar da contestação do poder temporal da Igreja, talvez até devido<br />

a tal indisposição, contribuíram para a tolerância religiosa e até a boa<br />

convivência, a prazo longo, e após muitos conflitos, como fruto da<br />

razão e da Democracia, segundo os ideais da Revolução Americana<br />

e da Revolução Francesa, esta nem um pouco tolerante, apesar do<br />

seu lema de igualdade, liberdade e fraternidade, que não deixa de ter<br />

inspiração cristã. A atitude de tolerância voltará com outro nome<br />

quando abordarmos a nova função dialógica da Religião. Trata-se de<br />

diálogo religioso e de ecumenismo.<br />

26 Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 19-36, jan./abr. <strong>20</strong>06

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