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Dom Edson de Castro Homem<br />
Segundo a Filosofia da História de Hegel, a modernidade começa<br />
com Bacon (1561-1626) e Descartes (1596-1650), que exaltam a<br />
possibilidade do conhecimento humano mediante a razão. De acordo<br />
com vários historiadores da Filosofia, ela tem seu apogeu no<br />
Iluminismo. Os iluministas eram deístas, portanto contra o ateísmo.<br />
Entretanto, também eram contra a Religião positiva, sobretudo o Cristianismo.<br />
A Religião não tinha nenhuma boa e útil função, exceto<br />
infelizmente reprimir e inibir as paixões. Por exemplo, Diderot (1713-<br />
1784) declara contra a Religião que sem as paixões os homens excepcionais<br />
se degradam, e que viveríamos bastante tranqüilos se estivéssemos<br />
seguros de que não há nada a temer no outro mundo.<br />
De acordo com a avaliação de Kant (1724-1804), o Iluminismo<br />
é a saída ou a libertação do homem do estado de minoridade, que ele<br />
deve imputar a si mesmo se não fizer uso de seu próprio intelecto e<br />
sem ser guiado por outro. No entanto, a racionalidade, como critério<br />
único de verdade, é questionada se não passar pelo crivo da crítica.<br />
O próprio Kant pergunta: o que posso conhecer? O que devo fazer?<br />
O que me é permitido esperar? As perguntas, já sendo um ato da<br />
razão, incluem seus limites ou suas condições de possibilidade, que<br />
devem ser analisadas de modo crítico. Mesmo a Religião é considerada<br />
nos limites da razão.<br />
A modernidade vai perdendo seu vigor, após Kant, com ele ou<br />
contra ele, com as várias e conflitantes tentativas de se pensar a<br />
modo racional a realidade pessoal e social. Pensamentos fortes em<br />
termos de sistema ou paradigma com pretensão universal são o<br />
Hegelianismo (Hegel 1770-1831), o Positivismo de Comte (1798-1857)<br />
e o Marxismo (Marx 1818-1881). Também a Fenomenologia de<br />
Edmund Husserl (1859-1938) merece a afirmação de pensamento<br />
forte e abrangente, mas não tem a incidência política dos pensamentos<br />
anteriormente citados. Entretanto determinou muitas interpretações<br />
da realidade social, inclusive a Religião como fenômeno.<br />
Na segunda metade do século XX, muitos aspectos da<br />
modernidade persistirão, mas não terão de conviver com o advento<br />
da pós-modernidade no pluralismo, na fragmentação e na<br />
indeterminação ou debilidade do pensamento e da Religião como fenômeno<br />
midiático e na busca de novos embasamentos éticos diante<br />
do ceticismo, do relativismo e do contextualismo dos valores morais.<br />
É um pouco a situação que estamos vivendo. O sagrado retorna.<br />
Id. em Dest., Rio de Janeiro, (<strong>20</strong>) : 19-36, jan./abr. <strong>20</strong>06<br />
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