Robert L. Brandt e Zenas J - Assembléia de Deus em Paudalho

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As Orações dos Patriarcas e seus Contemporâneos O registro bíblico das orações de Isaque limita-se a uma única petição, mas isso não indica que lhe faltasse experiência consistente de oração: “E Isaque orou instantemente ao Senhor por sua mulher, porquanto era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu” (Gn 25.21). A forma como ele orou sugere mais do que uma petição casual. O vocábulo hebraico ‘atar, empregado nessa passagem com o sentido de orar, em seu uso mais antigo está relacionado a sacrifício. A oração de Isaque não foi apenas um pedido polido, ocasional — não! Ele aplicou-se intensamente nessa intercessão a favor de Rebeca. O original hebraico também indica rogos contínuos e repetidos, feitos durante os vinte anos de seu casamento até o nascimento dos gémeos. Em nenhum instante, no decorrer de todos aqueles anos, consta que ele desistiu. A infertilidade de Rebeca não era uma preocupação sem importância para Isaque e muito menos para ela, sobre quem tal condição impunha uma carga especialmente pesada. Naqueles dias, muita gente considerava a esterilidade uma indicação do desagrado divino. No mínimo, sua infertilidade a privava da maior ambição de toda mulher hebréia — dar à luz um filho. E, para Isaque, significava ser privado de um herdeiro. A preocupação de Isaque era deveras semelhante à de seu pai, Abraão, quando este quase foi ao desespero: “A mim não me concedeste descendência, e um servo nascido na minha casa será o meu herdeiro” (Gn 15.3 - ARA). Quando nos defrontamos com a paixão consumidora de Isaque, aprendemos uma lição muito significativa sobre como enfrentar os maiores problemas da vida: a oração que recebe uma resposta divina é pessoal e intensa. Um interessante entendimento paralelo acha-se na frase “orou instantemente ao Senhor por sua mulher”. O sentido literal dessas palavras é “diretamente na frente dela”. Fica implícito que Isaque se aliou a Rebeca, na súplica por um problema que lhes era comum. Isso introduz um princípio de grande significado na oração: a concordância de mais de uma pessoa (eram só dois), em oração, aumenta grandemente a eficácia desta. Pois, “também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus” (Mt 18.19). Embora as Escrituras só façam referência direta a uma oração de Isaque, no registro do Génesis há uma declaração que sugere a prática da oração: “E Isaque saíra a orar no campo, sobre a tarde” (Gn 24.63). Essa é a mais antiga referência à prática da meditação nas Escrituras. (Nota.- Na versão inglesa usada pelo autor, bem como em nossa versão atualizada - ARA -, em vez de “orar”, consta a palavra “meditar”.) Em várias passagens do Antigo Testamento, o vocábulo “meditar” significa refletir sobre as obras e as palavras de Deus. A meditação é 41

Teologia Bíblica da Oração um apoio substancial às nossas orações, pois aguça a percepção do problema ou da necessidade, ao mesmo tempo que fixa a atenção em Deus e na sua capacidade de intervir. Davi empreendeu esforço semelhante com a meditação quando, diante de grande oposição, “se esforçou no Senhor, seu Deus” (1 Sm 30.6). Jacó O Deus de Jacó era o Deus de seu avô, Abraão. A piedade tem a virtude de passar de uma geração para outra. Também o pecado. A queda de Adão e Eva (cf. Gn 3), por exemplo, reflete-se nas sucessivas gerações, quase como uma lei espiritual da gravidade. Jacó pôde evidenciar ambos os fatos, pois não obstante a sólida constatação de que herdara a fé de Abraão, também deixou claro, nas vezes que optou pelo engano, seu estado decaído. Nele se percebe um exagerado conflito entre o andar no Espírito (pela fé) e o andar segundo a carne. Jacó foi uma curiosa combinação. Nele vemos o predomínio da natureza adâmica, com sua inclinação para a busca pelos próprios interesses, pelo ludíbrio, pelas sutilezas e pela falta de oração. Ao mesmo tempo, como se estivesse sempre presente e pronta a explodir através da crosta de depravação, havia aquela fé não fingida no verdadeiro Deus e a crença em sua promessa. Ao que parece, Jacó achava muito fácil e natural avançar baseado na sua própria força, dependendo de suas artimanhas, em lugar de submeter-se a Deus. Mas quando a pressão aumentava muito, e este é um crédito dele, sua fé entrava em ação como se fora um gerador auxiliar, suprindo-o de poder. De fato, Jacó tinha o coração voltado para Deus, tendo evidenciado sua tenacidade em apegar-se a Ele, pela oração, sempre que as circunstâncias requeriam. Não era homem de desistir antes de obter a recompensa da fé. E, embora existam boas razões para crer que o silêncio de Jacó quanto à oração abria caminho para as sutis e destrutivas manifestações da carne (que não foram poucas), há igualmente evidências concretas de que, quando ele finalmente apelava para a oração, era capacitado para escapar das armadilhas da carne e atingir uma cobiçada estatura espiritual. Uma evidência de que Jacó realmente comungava com Deus é vista no capítulo 28 de Génesis. A essa altura, ele já se envolvera num tremendo sortilégio. Não apenas enganara seu pai, mas roubara de seu irmão mais velho o direito à primogenitura. Vemo-lo agora fugindo para Harã no ensejo de evitar a ira de Esaú, descansando num lugar chamado Betei. Mas Deus via além dessas picuinhas carnais, contemplando não só o coração de Jacó, mas o cumprimento de um propósito divino superior. Foi quando o visitou num sonho e disse que ele, Jacó, estaria diretamente envolvido no 42

As Orações dos Patriarcas e seus Cont<strong>em</strong>porâneos<br />

O registro bíblico das orações <strong>de</strong> Isaque limita-se a uma única<br />

petição, mas isso não indica que lhe faltasse experiência consistente<br />

<strong>de</strong> oração: “E Isaque orou instant<strong>em</strong>ente ao Senhor por sua mulher,<br />

porquanto era estéril; e o Senhor ouviu as suas orações, e Rebeca, sua<br />

mulher, concebeu” (Gn 25.21). A forma como ele orou sugere mais<br />

do que uma petição casual. O vocábulo hebraico ‘atar, <strong>em</strong>pregado<br />

nessa passag<strong>em</strong> com o sentido <strong>de</strong> orar, <strong>em</strong> seu uso mais antigo está<br />

relacionado a sacrifício. A oração <strong>de</strong> Isaque não foi apenas um<br />

pedido polido, ocasional — não! Ele aplicou-se intensamente nessa<br />

intercessão a favor <strong>de</strong> Rebeca. O original hebraico também indica<br />

rogos contínuos e repetidos, feitos durante os vinte anos <strong>de</strong> seu<br />

casamento até o nascimento dos gémeos. Em nenhum instante, no<br />

<strong>de</strong>correr <strong>de</strong> todos aqueles anos, consta que ele <strong>de</strong>sistiu.<br />

A infertilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Rebeca não era uma preocupação s<strong>em</strong> importância<br />

para Isaque e muito menos para ela, sobre qu<strong>em</strong> tal condição<br />

impunha uma carga especialmente pesada. Naqueles dias, muita<br />

gente consi<strong>de</strong>rava a esterilida<strong>de</strong> uma indicação do <strong>de</strong>sagrado divino.<br />

No mínimo, sua infertilida<strong>de</strong> a privava da maior ambição <strong>de</strong> toda<br />

mulher hebréia — dar à luz um filho. E, para Isaque, significava ser<br />

privado <strong>de</strong> um her<strong>de</strong>iro. A preocupação <strong>de</strong> Isaque era <strong>de</strong>veras<br />

s<strong>em</strong>elhante à <strong>de</strong> seu pai, Abraão, quando este quase foi ao <strong>de</strong>sespero:<br />

“A mim não me conce<strong>de</strong>ste <strong>de</strong>scendência, e um servo nascido na<br />

minha casa será o meu her<strong>de</strong>iro” (Gn 15.3 - ARA). Quando nos<br />

<strong>de</strong>frontamos com a paixão consumidora <strong>de</strong> Isaque, apren<strong>de</strong>mos uma<br />

lição muito significativa sobre como enfrentar os maiores probl<strong>em</strong>as<br />

da vida: a oração que recebe uma resposta divina é pessoal e intensa.<br />

Um interessante entendimento paralelo acha-se na frase “orou<br />

instant<strong>em</strong>ente ao Senhor por sua mulher”. O sentido literal <strong>de</strong>ssas<br />

palavras é “diretamente na frente <strong>de</strong>la”. Fica implícito que Isaque se<br />

aliou a Rebeca, na súplica por um probl<strong>em</strong>a que lhes era comum.<br />

Isso introduz um princípio <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> significado na oração: a concordância<br />

<strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma pessoa (eram só dois), <strong>em</strong> oração, aumenta<br />

gran<strong>de</strong>mente a eficácia <strong>de</strong>sta. Pois, “também vos digo que, se dois <strong>de</strong><br />

vós concordar<strong>em</strong> na terra acerca <strong>de</strong> qualquer coisa que pedir<strong>em</strong>, isso<br />

lhes será feito por meu Pai, que está nos céus” (Mt 18.19).<br />

Embora as Escrituras só façam referência direta a uma oração <strong>de</strong><br />

Isaque, no registro do Génesis há uma <strong>de</strong>claração que sugere a prática<br />

da oração: “E Isaque saíra a orar no campo, sobre a tar<strong>de</strong>” (Gn 24.63).<br />

Essa é a mais antiga referência à prática da meditação nas Escrituras.<br />

(Nota.- Na versão inglesa usada pelo autor, b<strong>em</strong> como <strong>em</strong> nossa versão<br />

atualizada - ARA -, <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> “orar”, consta a palavra “meditar”.)<br />

Em várias passagens do Antigo Testamento, o vocábulo “meditar”<br />

significa refletir sobre as obras e as palavras <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. A meditação é<br />

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