Robert L. Brandt e Zenas J - Assembléia de Deus em Paudalho

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08.05.2013 Views

Teologia Bíblica da Oração As palavras “em ciência e em todo o conhecimento” deveriam ser tratadas como uma unidade, visto que juntas representam uma qualidade composta de amor. Procurar separar a ciência e o conhecimento é como tentar separar irmãos siameses, pois são praticamente idênticos. “Ciência” (no grego, epignosis) é uma forma intensificada de gnosis e indica um conhecimento completo, uma maior participação do conhecedor no objeto conhecido, o que o influencia mais poderosamente. Paulo parece ter em mente uma sensibilidade espiritual, uma espécie de sexto sentido espiritual. A palavra grega aisthesis, traduzida aqui por “conhecimento”, encontra-se somente neste versículo em todo o Novo Testamento. Significa “percepção”, “discernimento”, “experiência moral”. Envolve a compreensão moral que intuitivamente percebe o que é certo e inconscientemente se afasta daquilo que é errado. Através dessa percepção, uma pessoa se enriquece em cada experiência moral vivida. Sensibilidade espiritual e discernimento são' as nossas necessidades supremas. Sem essas qualidades, facilmente nos encontramos entre aqueles que “ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem da escuridade luz, e da luz escuridade; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!” (Is 5.20,21). Mas dotados desse senso espiritual e desse discernimento, juntamo-nos às fileiras daqueles que, “em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5.14). Sem a sensibilidade espiritual e sem o discernimento conferidos pelo Espírito Santo, somos incapazes de aprovar as coisas excelentes. Portanto, a oração de Paulo de que “a vossa caridade abunde mais e mais em ciência e em todo o conhecimento” antecede sua oração “para que aproveis as coisas excelentes”. “Aproveis” (no grego, dokim azó) indica algo mais do que a mera compreensão. Consiste em descobrir o que há de melhor em algo para aceitá-lo com aprovação, depois de ter sido testado (como o metal) e verificado a sua superioridade. Entretanto, uma coisa é discernir o certo do errado, outra inteiramente diferente é agir com base nesse julgamento: A aprovação das coisas excelentes é visivelmente manifestada pelo desempenho, sendo que a aprovação também traça o curso desse desempenho. Em outras palavras, a aprovação do que é melhor nos impulsiona a realizar o melhor. Sem a capacidade de discernir ou de descobrir o que é melhor, também não haverá capacidade de realizar o que é excelente. O amor agape, conforme percebeu Paulo, era muito superior a qualquer excelência aprovada pela lei 280

Paulo na Oração - 2 a Parte (Rm 2.18), porquanto capacitava o seu possuidor a sentir e a discernir o que agradaria ao objeto do seu amor, vindo em seguida a realização da ação (o que a lei não podia fazer). A lei gritava: “Eis aqui a regra; cumpri-a ou morrei!” Mas o amor sussurra: “Eis aqui o princípio. Prefiro morrer: do que não o cumprir!” A excelência espiritual compõe-se de muitas virtudes, sendo a pureza a primeira delas. A palavra “puros” (no grego, eilikrines, que na ARC e na ARA foi traduzida por “sinceros”, Fp 1.10), de acordo com alguns linguistas, significa, literalmente, “testado pela luz do sol”. Em outras palavras, temos uma pureza moral e ética que pode ser examinada sob a mais forte luz, sem, contudo, exibir um único defeito ou imperfeição. Também significa “sem mistura”, “livre de impurezas”. É igualmente usada para indicar algo feito com sinceridade, isento de motivos errados, egoístas ou dissimulados. O mundo tem sua maneira de detectar a impureza e a falta de sinceridade. Outro tanto se pode dizer em relação a Deus. Coisa alguma possui uma voz tão discordante e provoca mais desdém do que a falta de sinceridade. No entanto, a pureza, combinada com a sinceridade, é a rainha das virtudes, a mãe de todo o respeito. Sua fonte é o amor. Que a pureza e a sinceridade reinem, pois assim tanto Deus como as outras pessoas estimarão e honrarão a pessoa que as demonstrar. A pureza tem um nobre irmão gêmeo: a inculpabilidade. “Inculpáveis” (no grego, aproskopos, Fp 1.10, ARA) descreve um relacionamento ideal que não causa ofensa, um relacionamento basicamente entre nós e Deus. O amor agape, que é rico na percepção espiritual e no discernimento, remove todas as barreiras e nos impede de causar ofensa ou escândalo. Onde houver amor, a ofensa é tão prejudicial ao ofensor quanto ao ofendido. Evitar ofensa ou escândalo, por ser inculpável, é que é ser realmente justo. A impureza, a falta de sinceridade e a ofensa não podem produzir os frutos da justiça. Mas se combinarmos a pureza e a sinceridade com um espírito inculpável, que não causa escândalo, teremos então um coração que não pode produzir nenhum fruto mau. Essa oração de Paulo atinge seu glorioso clímax com o pronunciamento do propósito para o qual a oração foi direcionada desde o seu início: “Cheios de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (Fp 1.11). O fruto denota o caráter da pessoa e não o serviço que ela presta: Ao longo do Novo Testamento, há uma distinção quase uniforme entre obras e fruto. As primeiras apontam para o serviço, ao passo que o fruto aponta para o caráter. Por conseguinte... o fruto refere-se não àquilo que fazemos, mas àquilo que somos; não à atividade cristã, mas à nossa semelhança com Cristo; não ao nosso 281

Paulo na Oração - 2 a Parte<br />

(Rm 2.18), porquanto capacitava o seu possuidor a sentir e a<br />

discernir o que agradaria ao objeto do seu amor, vindo <strong>em</strong> seguida<br />

a realização da ação (o que a lei não podia fazer). A lei gritava: “Eis<br />

aqui a regra; cumpri-a ou morrei!” Mas o amor sussurra: “Eis aqui o<br />

princípio. Prefiro morrer: do que não o cumprir!”<br />

A excelência espiritual compõe-se <strong>de</strong> muitas virtu<strong>de</strong>s, sendo a<br />

pureza a primeira <strong>de</strong>las. A palavra “puros” (no grego, eilikrines, que<br />

na ARC e na ARA foi traduzida por “sinceros”, Fp 1.10), <strong>de</strong> acordo<br />

com alguns linguistas, significa, literalmente, “testado pela luz do<br />

sol”. Em outras palavras, t<strong>em</strong>os uma pureza moral e ética que po<strong>de</strong><br />

ser examinada sob a mais forte luz, s<strong>em</strong>, contudo, exibir um único<br />

<strong>de</strong>feito ou imperfeição. Também significa “s<strong>em</strong> mistura”, “livre <strong>de</strong><br />

impurezas”. É igualmente usada para indicar algo feito com sincerida<strong>de</strong>,<br />

isento <strong>de</strong> motivos errados, egoístas ou dissimulados. O mundo<br />

t<strong>em</strong> sua maneira <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar a impureza e a falta <strong>de</strong> sincerida<strong>de</strong>.<br />

Outro tanto se po<strong>de</strong> dizer <strong>em</strong> relação a <strong>Deus</strong>. Coisa alguma possui<br />

uma voz tão discordante e provoca mais <strong>de</strong>sdém do que a falta <strong>de</strong><br />

sincerida<strong>de</strong>. No entanto, a pureza, combinada com a sincerida<strong>de</strong>, é<br />

a rainha das virtu<strong>de</strong>s, a mãe <strong>de</strong> todo o respeito. Sua fonte é o amor.<br />

Que a pureza e a sincerida<strong>de</strong> rein<strong>em</strong>, pois assim tanto <strong>Deus</strong> como<br />

as outras pessoas estimarão e honrarão a pessoa que as <strong>de</strong>monstrar.<br />

A pureza t<strong>em</strong> um nobre irmão gêmeo: a inculpabilida<strong>de</strong>.<br />

“Inculpáveis” (no grego, aproskopos, Fp 1.10, ARA) <strong>de</strong>screve um<br />

relacionamento i<strong>de</strong>al que não causa ofensa, um relacionamento<br />

basicamente entre nós e <strong>Deus</strong>. O amor agape, que é rico na<br />

percepção espiritual e no discernimento, r<strong>em</strong>ove todas as barreiras<br />

e nos impe<strong>de</strong> <strong>de</strong> causar ofensa ou escândalo. On<strong>de</strong> houver amor, a<br />

ofensa é tão prejudicial ao ofensor quanto ao ofendido. Evitar<br />

ofensa ou escândalo, por ser inculpável, é que é ser realmente justo.<br />

A impureza, a falta <strong>de</strong> sincerida<strong>de</strong> e a ofensa não po<strong>de</strong>m<br />

produzir os frutos da justiça. Mas se combinarmos a pureza e a<br />

sincerida<strong>de</strong> com um espírito inculpável, que não causa escândalo,<br />

ter<strong>em</strong>os então um coração que não po<strong>de</strong> produzir nenhum fruto<br />

mau. Essa oração <strong>de</strong> Paulo atinge seu glorioso clímax com o<br />

pronunciamento do propósito para o qual a oração foi direcionada<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início: “Cheios <strong>de</strong> frutos <strong>de</strong> justiça, que são por Jesus<br />

Cristo, para glória e louvor <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>” (Fp 1.11). O fruto <strong>de</strong>nota o<br />

caráter da pessoa e não o serviço que ela presta:<br />

Ao longo do Novo Testamento, há uma distinção quase uniforme<br />

entre obras e fruto. As primeiras apontam para o serviço, ao passo<br />

que o fruto aponta para o caráter. Por conseguinte... o fruto<br />

refere-se não àquilo que faz<strong>em</strong>os, mas àquilo que somos; não à<br />

ativida<strong>de</strong> cristã, mas à nossa s<strong>em</strong>elhança com Cristo; não ao nosso<br />

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