Robert L. Brandt e Zenas J - Assembléia de Deus em Paudalho

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Teologia Bíblica da Oração As palavras “em ciência e em todo o conhecimento” deveriam ser tratadas como uma unidade, visto que juntas representam uma qualidade composta de amor. Procurar separar a ciência e o conhecimento é como tentar separar irmãos siameses, pois são praticamente idênticos. “Ciência” (no grego, epignosis) é uma forma intensificada de gnosis e indica um conhecimento completo, uma maior participação do conhecedor no objeto conhecido, o que o influencia mais poderosamente. Paulo parece ter em mente uma sensibilidade espiritual, uma espécie de sexto sentido espiritual. A palavra grega aisthesis, traduzida aqui por “conhecimento”, encontra-se somente neste versículo em todo o Novo Testamento. Significa “percepção”, “discernimento”, “experiência moral”. Envolve a compreensão moral que intuitivamente percebe o que é certo e inconscientemente se afasta daquilo que é errado. Através dessa percepção, uma pessoa se enriquece em cada experiência moral vivida. Sensibilidade espiritual e discernimento são' as nossas necessidades supremas. Sem essas qualidades, facilmente nos encontramos entre aqueles que “ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem da escuridade luz, e da luz escuridade; e fazem do amargo doce, e do doce amargo! Ai dos que são sábios a seus próprios olhos, e prudentes diante de si mesmos!” (Is 5.20,21). Mas dotados desse senso espiritual e desse discernimento, juntamo-nos às fileiras daqueles que, “em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5.14). Sem a sensibilidade espiritual e sem o discernimento conferidos pelo Espírito Santo, somos incapazes de aprovar as coisas excelentes. Portanto, a oração de Paulo de que “a vossa caridade abunde mais e mais em ciência e em todo o conhecimento” antecede sua oração “para que aproveis as coisas excelentes”. “Aproveis” (no grego, dokim azó) indica algo mais do que a mera compreensão. Consiste em descobrir o que há de melhor em algo para aceitá-lo com aprovação, depois de ter sido testado (como o metal) e verificado a sua superioridade. Entretanto, uma coisa é discernir o certo do errado, outra inteiramente diferente é agir com base nesse julgamento: A aprovação das coisas excelentes é visivelmente manifestada pelo desempenho, sendo que a aprovação também traça o curso desse desempenho. Em outras palavras, a aprovação do que é melhor nos impulsiona a realizar o melhor. Sem a capacidade de discernir ou de descobrir o que é melhor, também não haverá capacidade de realizar o que é excelente. O amor agape, conforme percebeu Paulo, era muito superior a qualquer excelência aprovada pela lei 280

Paulo na Oração - 2 a Parte (Rm 2.18), porquanto capacitava o seu possuidor a sentir e a discernir o que agradaria ao objeto do seu amor, vindo em seguida a realização da ação (o que a lei não podia fazer). A lei gritava: “Eis aqui a regra; cumpri-a ou morrei!” Mas o amor sussurra: “Eis aqui o princípio. Prefiro morrer: do que não o cumprir!” A excelência espiritual compõe-se de muitas virtudes, sendo a pureza a primeira delas. A palavra “puros” (no grego, eilikrines, que na ARC e na ARA foi traduzida por “sinceros”, Fp 1.10), de acordo com alguns linguistas, significa, literalmente, “testado pela luz do sol”. Em outras palavras, temos uma pureza moral e ética que pode ser examinada sob a mais forte luz, sem, contudo, exibir um único defeito ou imperfeição. Também significa “sem mistura”, “livre de impurezas”. É igualmente usada para indicar algo feito com sinceridade, isento de motivos errados, egoístas ou dissimulados. O mundo tem sua maneira de detectar a impureza e a falta de sinceridade. Outro tanto se pode dizer em relação a Deus. Coisa alguma possui uma voz tão discordante e provoca mais desdém do que a falta de sinceridade. No entanto, a pureza, combinada com a sinceridade, é a rainha das virtudes, a mãe de todo o respeito. Sua fonte é o amor. Que a pureza e a sinceridade reinem, pois assim tanto Deus como as outras pessoas estimarão e honrarão a pessoa que as demonstrar. A pureza tem um nobre irmão gêmeo: a inculpabilidade. “Inculpáveis” (no grego, aproskopos, Fp 1.10, ARA) descreve um relacionamento ideal que não causa ofensa, um relacionamento basicamente entre nós e Deus. O amor agape, que é rico na percepção espiritual e no discernimento, remove todas as barreiras e nos impede de causar ofensa ou escândalo. Onde houver amor, a ofensa é tão prejudicial ao ofensor quanto ao ofendido. Evitar ofensa ou escândalo, por ser inculpável, é que é ser realmente justo. A impureza, a falta de sinceridade e a ofensa não podem produzir os frutos da justiça. Mas se combinarmos a pureza e a sinceridade com um espírito inculpável, que não causa escândalo, teremos então um coração que não pode produzir nenhum fruto mau. Essa oração de Paulo atinge seu glorioso clímax com o pronunciamento do propósito para o qual a oração foi direcionada desde o seu início: “Cheios de frutos de justiça, que são por Jesus Cristo, para glória e louvor de Deus” (Fp 1.11). O fruto denota o caráter da pessoa e não o serviço que ela presta: Ao longo do Novo Testamento, há uma distinção quase uniforme entre obras e fruto. As primeiras apontam para o serviço, ao passo que o fruto aponta para o caráter. Por conseguinte... o fruto refere-se não àquilo que fazemos, mas àquilo que somos; não à atividade cristã, mas à nossa semelhança com Cristo; não ao nosso 281

Teologia Bíblica da Oração<br />

As palavras “<strong>em</strong> ciência e <strong>em</strong> todo o conhecimento” <strong>de</strong>veriam<br />

ser tratadas como uma unida<strong>de</strong>, visto que juntas representam uma<br />

qualida<strong>de</strong> composta <strong>de</strong> amor. Procurar separar a ciência e o conhecimento<br />

é como tentar separar irmãos siameses, pois são praticamente<br />

idênticos.<br />

“Ciência” (no grego, epignosis) é uma forma intensificada <strong>de</strong><br />

gnosis e indica um conhecimento completo, uma maior participação<br />

do conhecedor no objeto conhecido, o que o influencia mais<br />

po<strong>de</strong>rosamente. Paulo parece ter <strong>em</strong> mente uma sensibilida<strong>de</strong> espiritual,<br />

uma espécie <strong>de</strong> sexto sentido espiritual. A palavra grega<br />

aisthesis, traduzida aqui por “conhecimento”, encontra-se somente<br />

neste versículo <strong>em</strong> todo o Novo Testamento. Significa “percepção”,<br />

“discernimento”, “experiência moral”. Envolve a compreensão moral<br />

que intuitivamente percebe o que é certo e inconscient<strong>em</strong>ente se<br />

afasta daquilo que é errado. Através <strong>de</strong>ssa percepção, uma pessoa<br />

se enriquece <strong>em</strong> cada experiência moral vivida. Sensibilida<strong>de</strong> espiritual<br />

e discernimento são' as nossas necessida<strong>de</strong>s supr<strong>em</strong>as. S<strong>em</strong><br />

essas qualida<strong>de</strong>s, facilmente nos encontramos entre aqueles que “ao<br />

mal chamam b<strong>em</strong>, e ao b<strong>em</strong> mal; que faz<strong>em</strong> da escurida<strong>de</strong> luz, e da<br />

luz escurida<strong>de</strong>; e faz<strong>em</strong> do amargo doce, e do doce amargo! Ai dos<br />

que são sábios a seus próprios olhos, e pru<strong>de</strong>ntes diante <strong>de</strong> si<br />

mesmos!” (Is 5.20,21). Mas dotados <strong>de</strong>sse senso espiritual e <strong>de</strong>sse<br />

discernimento, juntamo-nos às fileiras daqueles que, “<strong>em</strong> razão do<br />

costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o b<strong>em</strong><br />

como o mal” (Hb 5.14).<br />

S<strong>em</strong> a sensibilida<strong>de</strong> espiritual e s<strong>em</strong> o discernimento conferidos<br />

pelo Espírito Santo, somos incapazes <strong>de</strong> aprovar as coisas excelentes.<br />

Portanto, a oração <strong>de</strong> Paulo <strong>de</strong> que “a vossa carida<strong>de</strong> abun<strong>de</strong><br />

mais e mais <strong>em</strong> ciência e <strong>em</strong> todo o conhecimento” antece<strong>de</strong> sua<br />

oração “para que aproveis as coisas excelentes”. “Aproveis” (no<br />

grego, dokim azó) indica algo mais do que a mera compreensão.<br />

Consiste <strong>em</strong> <strong>de</strong>scobrir o que há <strong>de</strong> melhor <strong>em</strong> algo para aceitá-lo<br />

com aprovação, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter sido testado (como o metal) e<br />

verificado a sua superiorida<strong>de</strong>.<br />

Entretanto, uma coisa é discernir o certo do errado, outra<br />

inteiramente diferente é agir com base nesse julgamento: A aprovação<br />

das coisas excelentes é visivelmente manifestada pelo <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho,<br />

sendo que a aprovação também traça o curso <strong>de</strong>sse <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho.<br />

Em outras palavras, a aprovação do que é melhor nos impulsiona<br />

a realizar o melhor. S<strong>em</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> discernir ou <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scobrir o que é melhor, também não haverá capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

realizar o que é excelente. O amor agape, conforme percebeu<br />

Paulo, era muito superior a qualquer excelência aprovada pela lei<br />

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