Robert L. Brandt e Zenas J - Assembléia de Deus em Paudalho
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Introdução De outra perspectiva, a oração é uma troca de informações e idéias entre Deus e seu povo. Não importa a iniciativa, pois há reciprocidade, diálogo. Veja o conteúdo de Atos 9-10-16: E havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias. E disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor. E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem chamado Saulo; pois eis que ele está orando; e numa visão ele viu que entrava um homem chamado Ananias e punha sobre ele a mão, para que tornasse a ver. E respondeu Ananias: Senhor, de muitos ouvi acerca deste homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém; e aqui tem poder dos principais dos sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome. Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei quanto deve padecer pelo meu nome. Uma terceira possibilidade é a oração resultar da iniciativa divina. A mais antiga comunicação bidirecional (diálogo, conversa) registrada na Bíblia entre o Criador e a criatura humana, a coroa da criação, partiu de Deus. Vemos sua descrição no terceiro capítulo de Génesis, quando Adão e Eva tentam evitar a Deus, a quem haviam desobedecido. Deus, então, tomou a iniciativa: E ouviram a voz do Senhor Deus, que passeava no jardim pela viração do dia; e escondeu-se Adão e sua mulher da presença do Senhor Deus, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor Deus a Adão e disse-lhe: Onde estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no jardim, e temi, porque estava nu, e escondi-me (Gn 3-8-10). Portanto, neste estudo, as palavras “comunicar” e “comunicação” serão usadas para descrever a oração em qualquer um destes três sentidos: 1) pessoas falando com Deus; 2) pessoas e Deus em diálogo; e 3) Deus falando com pessoas em circunstâncias que assim exijam, principalmente quando elas se inclinam por ouvir a sua voz. Comunhão Ao descrever a oração, uma definição de dicionário da palavra “comunhão” é especialmente apropriada: “íntimo companheirismo ou afinidade”. A idéia de pessoas comungando-se com Deus é muito evidente nas Escrituras; e a primeira instância, após a queda, é registrada em Êxodo 25-22, quando Deus fala com Moisés: “E ali virei a ti e falarei contigo de cima do propiciatório, do meio dos dois 19
Teologia Bíblica da Oração querubins (que estão sobre a arca do Testemunho), tudo o que eu te ordenar para os filhos de Israel”. A expressão “falarei contigo” (logo depois de “virei a ti”) é uma tradução literal da palavra hebraica d a v a r — seu sentido comum é exatamente “falar”. Quando dois seres comungam, eles se reúnem e falam. A aplicação à oração é óbvia. No Novo Testamento, temos a palavra grega koinonia (“comunhão”), que se aplica de modo similar à oração, subentendendo uma relação de intimidade entre Deus e uma pessoa. Paulo a utiliza em 2 Coríntios 13.13, em sua bênção apostólica: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a com unhão do Espírito Santo sejam com vós todos” (grifo do autor). Essa mesma palavra aparece em outras passagens, como Filipenses 2.1 e 1 João 1.3, sendo também traduzida por “comunhão”. Para os propósitos de nosso estudo, a palavra “comunhão” indica companheirismo e identificação pessoal, afinidade. Pressupõe intimidade, confiança e solidariedade, podendo ser entendida como uma mescla de personalidades numa bendita unidade, como o trançar de fios para formar uma única corda. Como um nível de oração, ultrapassa a comunicação pura e simples. Sugere uma intimidade exclusiva e fora do comum, como por exemplo o envolvimento de Abraão com Deus por causa de Sodoma e Gomorra (Gn 18.17,23-33). Confissão A confissão é simplesmente o reconhecim ento de um fato acerca de si próprio ou de outrem. Assim, ela tanto pode ser o desvendar dos pecados pessoais, num ato de contrição (o reconhecimento da nossa miséria e falibilidade), como uma afirmação da grandeza e bondade de Deus (o reconhecimento da santidade e perfeição divinas). Ambos os significados encontram-se tanto no hebraico como no grego, e em português. Quando Paulo fala: “Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus”, em Romanos 10.9, ele tem em mente o reconhecimento de Jesus Cristo como o Filho de Deus, enviado ao mundo para tornar- se o nosso Salvador e Senhor. O texto não constitui uma referência à “confissão de pecados”, e sim à “confissão do nome do Senhor”. Pelo menos dois vocábulos hebraicos são traduzidos por “confissão” nas páginas do Antigo Testamento. O primeiro, todah, é derivado do segundo, y adah. Ambos permitem os dois sentidos já mencionados, como por exemplo em Esdras 10.10,11: “Vós tendes transgredido e casastes com mulheres estranhas, multiplicando o delito de Israel. Agora, pois, fazei confissão [todah] ao Senhor, Deus de vossos pais, e 20
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Introdução<br />
De outra perspectiva, a oração é uma troca <strong>de</strong> informações e<br />
idéias entre <strong>Deus</strong> e seu povo. Não importa a iniciativa, pois há<br />
reciprocida<strong>de</strong>, diálogo. Veja o conteúdo <strong>de</strong> Atos 9-10-16:<br />
E havia <strong>em</strong> Damasco um certo discípulo chamado Ananias. E<br />
disse-lhe o Senhor <strong>em</strong> visão: Ananias! E ele respon<strong>de</strong>u: Eis-me<br />
aqui, Senhor. E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e vai à rua chamada<br />
Direita, e pergunta <strong>em</strong> casa <strong>de</strong> Judas por um hom<strong>em</strong> chamado<br />
Saulo; pois eis que ele está orando; e numa visão ele viu que<br />
entrava um hom<strong>em</strong> chamado Ananias e punha sobre ele a mão,<br />
para que tornasse a ver. E respon<strong>de</strong>u Ananias: Senhor, <strong>de</strong> muitos<br />
ouvi acerca <strong>de</strong>ste hom<strong>em</strong>, quantos males t<strong>em</strong> feito aos teus santos<br />
<strong>em</strong> Jerusalém; e aqui t<strong>em</strong> po<strong>de</strong>r dos principais dos sacerdotes para<br />
pren<strong>de</strong>r a todos os que invocam o teu nome. Disse-lhe, porém, o<br />
Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar<br />
o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos <strong>de</strong> Israel.<br />
E eu lhe mostrarei quanto <strong>de</strong>ve pa<strong>de</strong>cer pelo meu nome.<br />
Uma terceira possibilida<strong>de</strong> é a oração resultar da iniciativa<br />
divina. A mais antiga comunicação bidirecional (diálogo, conversa)<br />
registrada na Bíblia entre o Criador e a criatura humana, a coroa da<br />
criação, partiu <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. V<strong>em</strong>os sua <strong>de</strong>scrição no terceiro capítulo <strong>de</strong><br />
Génesis, quando Adão e Eva tentam evitar a <strong>Deus</strong>, a qu<strong>em</strong> haviam<br />
<strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cido. <strong>Deus</strong>, então, tomou a iniciativa:<br />
E ouviram a voz do Senhor <strong>Deus</strong>, que passeava no jardim pela<br />
viração do dia; e escon<strong>de</strong>u-se Adão e sua mulher da presença do<br />
Senhor <strong>Deus</strong>, entre as árvores do jardim. E chamou o Senhor <strong>Deus</strong><br />
a Adão e disse-lhe: On<strong>de</strong> estás? E ele disse: Ouvi a tua voz soar no<br />
jardim, e t<strong>em</strong>i, porque estava nu, e escondi-me (Gn 3-8-10).<br />
Portanto, neste estudo, as palavras “comunicar” e “comunicação”<br />
serão usadas para <strong>de</strong>screver a oração <strong>em</strong> qualquer um <strong>de</strong>stes três<br />
sentidos: 1) pessoas falando com <strong>Deus</strong>; 2) pessoas e <strong>Deus</strong> <strong>em</strong><br />
diálogo; e 3) <strong>Deus</strong> falando com pessoas <strong>em</strong> circunstâncias que assim<br />
exijam, principalmente quando elas se inclinam por ouvir a sua voz.<br />
Comunhão<br />
Ao <strong>de</strong>screver a oração, uma <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> dicionário da palavra<br />
“comunhão” é especialmente apropriada: “íntimo companheirismo<br />
ou afinida<strong>de</strong>”. A idéia <strong>de</strong> pessoas comungando-se com <strong>Deus</strong> é<br />
muito evi<strong>de</strong>nte nas Escrituras; e a primeira instância, após a queda,<br />
é registrada <strong>em</strong> Êxodo 25-22, quando <strong>Deus</strong> fala com Moisés: “E ali<br />
virei a ti e falarei contigo <strong>de</strong> cima do propiciatório, do meio dos dois<br />
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