Robert L. Brandt e Zenas J - Assembléia de Deus em Paudalho

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08.05.2013 Views

Teologia Bíblica da Oração nos deu um entendimento com relação à profundidade do seu apelo à glorificação, quando orou: “Glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (Jo 17.5). Embora o verbo “glorificar” tenha inúmeras facetas ou nuanças de sentido, além das várias aplicações possíveis em relação ao contexto, Jesus aplica-o aqui à glória que Ele mesmo compartilhara junto ao Pai. Considere também a vívida descrição feita pelo apóstolo Paulo sobre o esvaziamento de Jesus (Fp 2.5-8), pelo qual, de alguma maneira que nos foge à compreensão, Ele abriu mão de sua glória em favor de sua missão redentora. No momento da oração, embora sua paixão ainda estivesse no futuro próximo, Jesus considerou sua missão como já terminada. Ele estava antecipando a mais alta de suas expectativas: seu retorno glorificado ao trono do Pai, onde permanece até hoje como o Deus-Homem que está no Céu. Não devemos negligenciar a necessidade da glorificação de Jesus. O anelo que demonstrou pela volta ao seu estado original não se devia a um mero desejo egoísta. Assim como seu esvaziamento era essencial à salvação do mundo, também o retorno ao seu estado original de glorificação era indispensável ao bem-estar do seu corpo, a Igreja. De acordo com o apóstolo João, a glorificação de Jesus deveria preceder a vinda do Espírito Santo como nosso Consolador ou Ajudador: “Porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7.39). Deveríamos nós, à semelhança de Jesus, orar pela nossa glorificação? J. C. Macaulay observa: “Tal petição seria totalmente imprópria e irrelevante em nossos lábios, sob qualquer situação” (ibidem, p. 210). Contudo, ficamos imaginando se, de algum modo, tal oração não seria aceitável, pois parece que Paulo tinha em mente a glorificação das criaturas humanas, quando escreve: Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo (Rm 8.21-23). E Paulo também diz que, “assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial” (1 Co 15.49). Porém, isso não sugere, nem mesmo remotamente, que os crentes serão glorificados da mesma forma que Jesus o foi, quando voltou à sua exaltada posição de verdadeiro Deus no Céu. Nem deveríamos orar pedindo isso. Contudo, o texto sugere que podemos orar para refletirmos desde já a semelhança do Senhor. Também está implícito 178

A Oração na Vida e no Ministério de Jesus que experimentaremos uma crescente glorificação no decurso da eternidade (Fp 3-21). A segunda parte da oração sumo sacerdotal 0 o 17.6-19) pode ser descrita como uma súplica pela preservação. Em primeiro lugar, Jesus relata o processo pelo qual seus mais chegados seguidores foram postos num relacionamento íntimo e santo com Ele: “E guardaram a tua palavra” (v. 6); “porque lhes dei as palavras que tu me deste; e eles as receberam” (v. 8a); “e creram que me enviaste” (v. 8b). A lição é óbvia. Aqueles que desejam um entendimento e uma revelação mais amplos da dimensão divina, têm um papel exclusivo a desempenhar: precisam aceitar e obedecer à Palavra de Deus, além de crer naquEle que lhes deu a Palavra. O enfoque da oração de Jesus não era o mundo, mas os discípulos: “Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus” (Jo 17.9). Poderíamos esclarecer o significado do texto simplesmente inserindo a palavra “kgora”: “Não rogo [agora] pelo mundo”. Sua intercessão nesse momento dizia respeito àqueles que já lhe tinham sido dados e que haviam escolhido confiar nEle. Que grande consolo para todo o verdadeiro crente! Há alguns anos, um famoso cavalo de corrida era considerado o mais valioso de um determinado país. Seu proprietário proclamava em alta voz as virtudes do animal, explicando que nem por um minuto sequer, de dia ou de noite, o cavalo ficava sem a vigilância de olhos humanos. Somos muito mais valiosos para o Senhor, pois nosso valor alcança a eternidade. Seus olhos estão sempre fixos sobre seus filhos. O ponto central da preocupação de Jesus era que, após a sua partida, os seus continuassem a ser guardados deste mundo. A obra que Ele tinha começado neles e através deles haveria de prosseguir. Paulo também refletiu uma preocupação similar por seus seguidores imediatos (At 20.25-32). Os líderes espirituais sempre devem mostrar preocupação por aqueles que foram ganhos para Jesus, ainda que haja uma grande distância geográfica entre eles. O meio para a preservação dos seguidores de Jesus encontra-se na sua petição: “Guarda em teu nome aqueles que me deste” (Jo 17.11). Jesus estivera a protegê-los — até mesmo quando os discípulos pensavam que eram eles quem protegiam o Mestre. Agora, quando a proteção da presença física de Jesus estava para ser removida, os discípulos quase que ouviam o retinir dos golpes do seu real adversário. Mas as palavras do senhor estavam vivas dentro deles. Essas preciosas e poderosas palavras e a transferência de volta ao Pai da guarda dos discípulos, livrariam a pequena e assustada força expedicionária de Jesus, quando fosse deflagrado o dia D da guerra espiritual. Deus mesmo os reuniria em tropas e 179

Teologia Bíblica da Oração<br />

nos <strong>de</strong>u um entendimento com relação à profundida<strong>de</strong> do seu apelo<br />

à glorificação, quando orou: “Glorifica-me tu, ó Pai, junto <strong>de</strong> ti mesmo,<br />

com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse”<br />

(Jo 17.5). Embora o verbo “glorificar” tenha inúmeras facetas ou<br />

nuanças <strong>de</strong> sentido, além das várias aplicações possíveis <strong>em</strong> relação<br />

ao contexto, Jesus aplica-o aqui à glória que Ele mesmo compartilhara<br />

junto ao Pai. Consi<strong>de</strong>re também a vívida <strong>de</strong>scrição feita pelo<br />

apóstolo Paulo sobre o esvaziamento <strong>de</strong> Jesus (Fp 2.5-8), pelo qual,<br />

<strong>de</strong> alguma maneira que nos foge à compreensão, Ele abriu mão <strong>de</strong><br />

sua glória <strong>em</strong> favor <strong>de</strong> sua missão re<strong>de</strong>ntora. No momento da oração,<br />

<strong>em</strong>bora sua paixão ainda estivesse no futuro próximo, Jesus consi<strong>de</strong>rou<br />

sua missão como já terminada. Ele estava antecipando a mais alta<br />

<strong>de</strong> suas expectativas: seu retorno glorificado ao trono do Pai, on<strong>de</strong><br />

permanece até hoje como o <strong>Deus</strong>-Hom<strong>em</strong> que está no Céu.<br />

Não <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os negligenciar a necessida<strong>de</strong> da glorificação <strong>de</strong> Jesus.<br />

O anelo que <strong>de</strong>monstrou pela volta ao seu estado original não se<br />

<strong>de</strong>via a um mero <strong>de</strong>sejo egoísta. Assim como seu esvaziamento era<br />

essencial à salvação do mundo, também o retorno ao seu estado<br />

original <strong>de</strong> glorificação era indispensável ao b<strong>em</strong>-estar do seu corpo,<br />

a Igreja. De acordo com o apóstolo João, a glorificação <strong>de</strong> Jesus<br />

<strong>de</strong>veria prece<strong>de</strong>r a vinda do Espírito Santo como nosso Consolador<br />

ou Ajudador: “Porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por<br />

ainda Jesus não ter sido glorificado” (Jo 7.39).<br />

Deveríamos nós, à s<strong>em</strong>elhança <strong>de</strong> Jesus, orar pela nossa glorificação?<br />

J. C. Macaulay observa: “Tal petição seria totalmente imprópria<br />

e irrelevante <strong>em</strong> nossos lábios, sob qualquer situação” (ibi<strong>de</strong>m,<br />

p. 210). Contudo, ficamos imaginando se, <strong>de</strong> algum modo, tal<br />

oração não seria aceitável, pois parece que Paulo tinha <strong>em</strong> mente a<br />

glorificação das criaturas humanas, quando escreve:<br />

Na esperança <strong>de</strong> que também a mesma criatura será libertada da<br />

servidão da corrupção, para a liberda<strong>de</strong> da glória dos filhos <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.<br />

Porque sab<strong>em</strong>os que toda a criação g<strong>em</strong>e e está juntamente com<br />

dores <strong>de</strong> parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que t<strong>em</strong>os as<br />

primícias do Espírito, também g<strong>em</strong><strong>em</strong>os <strong>em</strong> nós mesmos, esperando<br />

a adoção, a saber, a re<strong>de</strong>nção do nosso corpo (Rm 8.21-23).<br />

E Paulo também diz que, “assim como troux<strong>em</strong>os a imag<strong>em</strong> do<br />

terreno, assim trar<strong>em</strong>os também a imag<strong>em</strong> do celestial” (1 Co 15.49).<br />

Porém, isso não sugere, n<strong>em</strong> mesmo r<strong>em</strong>otamente, que os crentes<br />

serão glorificados da mesma forma que Jesus o foi, quando voltou à<br />

sua exaltada posição <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iro <strong>Deus</strong> no Céu. N<strong>em</strong> <strong>de</strong>veríamos<br />

orar pedindo isso. Contudo, o texto sugere que po<strong>de</strong>mos orar para<br />

refletirmos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já a s<strong>em</strong>elhança do Senhor. Também está implícito<br />

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