Robert L. Brandt e Zenas J - Assembléia de Deus em Paudalho

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08.05.2013 Views

A Oração nos Livros Proféticos Vê, ó Senhor, e considera a quem fizeste assim! Hão de as mulheres comer o fruto de si mesmas, as crianças que trazem nos braços? Ou matar-se-á no santuário do Senhor o sacerdote e o profeta? Jazem em terra pelas ruas o moço e o velho; as minhas virgens e os meus jovens vieram a cair à espada; tu os mataste no dia da tua ira, degolaste-os e não te apiedaste deles. Convocaste de toda parte os meus receios, como em um dia de solenidade; não houve no dia da ira do Senhor quem escapasse ou ficasse; aqueles que trouxe nas mãos e sustentei, o meu inimigo os consumiu (Lm 2.20-22). As orações de Jeremias muitas vezes refletiam trevas dobradas: (1) a carga de uma abrangente destruição na terra e (2) o peso de trevas espirituais sobre o povo. Para quem, hoje, está experimentando a opressão das trevas, permanece firme aquela bendita certeza: “A luz resplandece nas trevas...” (Jo 1.5) e as trevas não podem prevalecer contra a luz. Ora, Deus é luz e nEle não há treva nenhuma — quem está nEle vence a escuridão! Pesaroso face às trevas reinantes, Jeremias insistiu em lamentar- se da situação do povo de Deus. Ele queria que Deus respondesse e os aliviasse: Cobriste-te de nuvens, para que não passe a nossa oração. Torrentes de águas derramaram os meus olhos, por causa da destruição da filha do meu povo. Os meus olhos choram e não cessam, porque não há descanso, até que o Senhor atente e veja desde o céu. Invoquei o teu nome, Senhor, desde a mais profunda cova. Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao meu suspiro, ao meu clamor. Tu te aproximaste no dia em que te invoquei; disseste: Não temas. Pleiteaste, Senhor, os pleitos da minha alma, remiste a minha vida. Viste, Senhor, a injustiça que me fizeram; julga a minha causa (Lm 3.44,48-50,55-59). Além dos indícios de tristeza, essa oração de Jeremias (Lm 3-4- 66) contém uma confiante nota de dependência. Dentre os pedidos corriqueiros para que Deus julgasse aqueles que estavam sem misericórdia afligindo o seu povo, surge triunfante o testemunho: “Remiste a minha alma!” Quão expressiva linguagem ele usa para descrever a fonte de lágrimas que borbotava de seu mais profundo íntimo! Deus parecia envolto numa nuvem impenetrável, pelo que nenhuma oração podia alcançá-lo. Por isso os olhos do profeta se derramavam em rios, suas lágrimas fluíam incessantemente. Mas Jeremias acreditava que, pelo fato de Deus ter ouvido e respondido no passado, suas orações acabariam por penetrar além das nuvens, e seria ouvido. Essa veemência do profeta, que apesar de angustiado confiava numa resposta, foi a chave para Deus mani­ 147

Teologia Bíblica da Oração festar-se. Assim o Senhor se aproximou dele e pôde consolá-lo; disse ao profeta: “Não temas”. Os israelitas haviam experimentado os horrores da guerra: servidão, abuso, fome, humilhação. Jeremias não podia se furtar a uma tão sombria realidade; por causa dela é que dera-se à oração com maior afinco. As pessoas que ignoram ou negam a realidade das situações problemáticas com que se defrontam acabam se tornando vítimas de autoludíbrio. E nada nos impede de rotulá-los como praticantes de uma religião falsa, em tudo insuficiente para fazer virar a maré e resolver a dificuldade. Lembra-te, Senhor, do que nos tem sucedido; considera, e olha para o nosso opróbrio. A nossa herdade passou a estranhos, e as nossas casas, a forasteiros. Órfãos somos sem pai, nossas mães são como viúvas... Os nossos perseguidores estão sobre os nossos pescoços; estamos cansados e não temos descanso. Aos egípcios estendemos as mãos, e aos assírios, para nos fartarem de pão. Nossos pais pecaram e já não existem; nós levamos as suas maldades. Servos dominam sobre nós; ninguém há que nos arranque da sua mão. Com perigo de nossas vidas, trazemos o nosso pão, por causa da espada do deserto. Caiu a coroa da nossa cabeça; ai de nós, porque pecamos! Por isso, desmaiou o nosso coração; por isso, se escureceram os nossos olhos. Tu, Senhor, permaneces eternamente, e o teu trono, de geração em geração. Por que te esquecerias de nós para sempre? Por que nos desampararias por tanto tempo? Converte-nos, Senhor, a ti, e nós nos converteremos; renova os nossos dias como dantes. Por que nos rejeitarias totalmente? Por que te enfurecerias contra nós em tão grande maneira? (Lm 5.1-3,5-9,16,17,19-22). Jeremias tratou suas tribulações com um radicalismo acentuado demais para as Escrituras Sagradas, diriam alguns estudiosos. Mas Deus nunca pretendeu que nossas orações pusessem uma capa açucarada por cima da realidade. O modo rude como abordamos a realidade, porém, não pode ser aplicado a Deus. Devemos nos aproximar dEle com candura, principalmente quando estamos pleiteando sua ajuda e livramento. De tudo o que se viu e disse, a paixão que invadiu Jeremias era uma só: que seu povo viesse a experimentar um derradeiro e definitivo reavivamento. O mundo atual também precisa que levantemos a Deus um clamor semelhante, com choro e lamentações, até que nos ouça e atenda. Queremos um reavivamento que nos leve urgentemente à presença do Senhor. Somente assim nossa família e nossa sociedade poderão ser poupadas de uma devastação semelhante. 148

A Oração nos Livros Proféticos<br />

Vê, ó Senhor, e consi<strong>de</strong>ra a qu<strong>em</strong> fizeste assim! Hão <strong>de</strong> as mulheres<br />

comer o fruto <strong>de</strong> si mesmas, as crianças que traz<strong>em</strong> nos braços? Ou<br />

matar-se-á no santuário do Senhor o sacerdote e o profeta? Jaz<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> terra pelas ruas o moço e o velho; as minhas virgens e os meus<br />

jovens vieram a cair à espada; tu os mataste no dia da tua ira,<br />

<strong>de</strong>golaste-os e não te apiedaste <strong>de</strong>les. Convocaste <strong>de</strong> toda parte os<br />

meus receios, como <strong>em</strong> um dia <strong>de</strong> solenida<strong>de</strong>; não houve no dia da<br />

ira do Senhor qu<strong>em</strong> escapasse ou ficasse; aqueles que trouxe nas<br />

mãos e sustentei, o meu inimigo os consumiu (Lm 2.20-22).<br />

As orações <strong>de</strong> Jer<strong>em</strong>ias muitas vezes refletiam trevas dobradas:<br />

(1) a carga <strong>de</strong> uma abrangente <strong>de</strong>struição na terra e (2) o peso <strong>de</strong><br />

trevas espirituais sobre o povo. Para qu<strong>em</strong>, hoje, está experimentando<br />

a opressão das trevas, permanece firme aquela bendita certeza:<br />

“A luz resplan<strong>de</strong>ce nas trevas...” (Jo 1.5) e as trevas não po<strong>de</strong>m<br />

prevalecer contra a luz. Ora, <strong>Deus</strong> é luz e nEle não há treva<br />

nenhuma — qu<strong>em</strong> está nEle vence a escuridão!<br />

Pesaroso face às trevas reinantes, Jer<strong>em</strong>ias insistiu <strong>em</strong> lamentar-<br />

se da situação do povo <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>. Ele queria que <strong>Deus</strong> respon<strong>de</strong>sse<br />

e os aliviasse:<br />

Cobriste-te <strong>de</strong> nuvens, para que não passe a nossa oração.<br />

Torrentes <strong>de</strong> águas <strong>de</strong>rramaram os meus olhos, por causa da<br />

<strong>de</strong>struição da filha do meu povo. Os meus olhos choram e não<br />

cessam, porque não há <strong>de</strong>scanso, até que o Senhor atente e veja<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o céu. Invoquei o teu nome, Senhor, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a mais profunda<br />

cova. Ouviste a minha voz; não escondas o teu ouvido ao<br />

meu suspiro, ao meu clamor. Tu te aproximaste no dia <strong>em</strong> que te<br />

invoquei; disseste: Não t<strong>em</strong>as. Pleiteaste, Senhor, os pleitos da<br />

minha alma, r<strong>em</strong>iste a minha vida. Viste, Senhor, a injustiça que<br />

me fizeram; julga a minha causa (Lm 3.44,48-50,55-59).<br />

Além dos indícios <strong>de</strong> tristeza, essa oração <strong>de</strong> Jer<strong>em</strong>ias (Lm 3-4-<br />

66) contém uma confiante nota <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência. Dentre os pedidos<br />

corriqueiros para que <strong>Deus</strong> julgasse aqueles que estavam s<strong>em</strong><br />

misericórdia afligindo o seu povo, surge triunfante o test<strong>em</strong>unho:<br />

“R<strong>em</strong>iste a minha alma!” Quão expressiva linguag<strong>em</strong> ele usa para<br />

<strong>de</strong>screver a fonte <strong>de</strong> lágrimas que borbotava <strong>de</strong> seu mais profundo<br />

íntimo! <strong>Deus</strong> parecia envolto numa nuv<strong>em</strong> impenetrável, pelo que<br />

nenhuma oração podia alcançá-lo. Por isso os olhos do profeta se<br />

<strong>de</strong>rramavam <strong>em</strong> rios, suas lágrimas fluíam incessant<strong>em</strong>ente. Mas<br />

Jer<strong>em</strong>ias acreditava que, pelo fato <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> ter ouvido e respondido<br />

no passado, suas orações acabariam por penetrar além das<br />

nuvens, e seria ouvido. Essa ve<strong>em</strong>ência do profeta, que apesar <strong>de</strong><br />

angustiado confiava numa resposta, foi a chave para <strong>Deus</strong> mani­<br />

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