Robert L. Brandt e Zenas J - Assembléia de Deus em Paudalho

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A Oração nos Livros Proféticos quebrantamento. “A um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51-17). A resposta de Deus é tanto mais certa quanto mais adornada a petição de sentimentos como a contrição e a humildade. A primeira oração registrada de Jeremias é sua resposta ao chamado divino (cf. Jr 1.1-8): “Então, disse eu: Ah! Senhor Jeová! Eis que não sei falar; porque sou uma criança” (Jr 1.6). A princípio, essa reação soa como uma desculpa, mas ela expressa uma humildade que cabia bem ao jovem profeta, sendo-lhe a mais alta recomendação. Pois, conforme observou Adam Clarke: Aqueles que realmente são cham ados p o r Deus para o sagrado ministério são os tais que foram levados a um profundo conhecimento de si mesmos, sentem sua própria ignorância e reconhecem sua própria fraqueza. E também sabem que tremenda responsabilidade está associada ao seu trabalho, e coisa alguma, senão a autoridade de Deus, pode movê-los a cumprir esse trabalho” (Adam Clarke, The Holy Bible Containing the Old an d New Testament with a Commentary an d Criticai Notes, Londres: Ward, Lock & Co., s.d., p. 388). O plano de Deus ao chamar Jeremias, a quem ele conheceu, separou e nomeou antes do nascimento (Jr 1.5), era claro: “Porque, aonde quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás” (Jr 1.7). Assim sendo, Jeremias entregou a mensagem de Deus a um povo desviado: “Voltai, ó filhos rebeldes, eu curarei as vossas rebeliões” (Jr 3-22). E a resposta que Deus queria ouvir era a seguinte: “Eis- nos aqui, vimos a ti; porque tu és o Senhor, nosso Deus. Certamente, em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; deveras, no Senhor, nosso Deus, está a salvação de Israel” (Jr 3.22,23). A causa para o desatino do povo e a sua decadência era uma só: tinham posto sua confiança em deuses falsos. E a mensagem de Jeremias era que eles não podiam escolher ou selecionar os deuses a quem servir. A adoração a ídolos fica implícita no versículo 23. Veja a primeira parte: “Certamente, em vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas”. A segunda parte do versículo estabelece um nítido contraste com a primeira: “Deveras, no Senhor, nosso Deus, está a salvação de Israel”. Somente o único e verdadeiro Deus, o Senhor, poderia salvar o povo de seus pecados e de suas difíceis circunstâncias. Não temos qualquer evidência de que a vida de Jeremias estivesse em oposição a Deus; ainda assim há um caso que merece nossa atenção. Quando recebeu a mensagem, para ser entregue a Israel, de que o inimigo estava vindo para destruí-los (Jr 4.5-9), a reação de Jeremias foi acusar a Deus: “Ah! Senhor Jeová! Verdadei­ 137

Teologia Bíblica da Oração ramente trouxeste grande ilusão a este povo e a Jerusalém, dizendo: Tereis paz; pois a espada penetra-lhe até à alma” (Jr 4.10). Nem todo tipo de oração e adoração honra a Deus, e nem todas elas alcançam seu propósito. Sem uma vida sincera e honrosa diante de Deus, a oração terá ares de escárnio e blasfémia (cf. Sl 66.18; Is 1.11-16). Alguns comentaristas e eruditos da mais alta categoria têm procurado inocentar o profeta, revendo a linguagem de sua estranha oração. Nem por isso chegamos mais perto da verdade. Tal só é possível quando seriamente reconhecemos que até o mais piedoso dos homens, em momentos de pressão e impaciência (alheio às ações calculadas de Deus), exagera e se precipita nas suas conclusões (cf. Js 7.7). O exemplo de Jeremias nos faculta uma lição de muita pertinência, face a nossa própria humanidade decaída. Nunca seremos justificados valendo-nos de tiradas contra o Todo-poderoso. O próprio Senhor disse: "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o Senhor” (Is 55.8). A oração que procede de um coração impuro, de quem presume saber mais do que Deus, nada mais é que um pecado e, como tal, exige arrependimento. Ao mesmo tempo, fazemos bem de não apontar o dedo para o profeta amargurado e desapontado, com o fim de julgá-lo. Jeremias desejava tanto o cumprimento da profecia em favor de seu povo que o evidente adiamento provocou nele um agudo e dolorido clamor. Em algumas ocasiões, o choro de Jeremias por causa da má sorte do povo de Deus é claramente enunciado; em outras, seu choro aparece implícito nas suas orações, sempre carregadas de dor e agonia. Ah! Senhor, não atentam os teus olhos para a verdade? Feriste-os, e não lhes doeu; consumiste-os, e não quiseram receber a correção; endureceram as suas faces mais do que uma rocha; não quiseram voltar (Jr 5.3). O profeta aqui expressa as razões do seu choro. Seu coração fora esmagado pela imobilidade de Israel quanto a submeter-se à disciplina divina, visando a redenção. Jeremias sabia que, embora Deus fosse misericordioso e longânimo, chegaria o ponto em que o julgamento não poderia mais ser adiado. Afinal, aos olhos de Deus só o que subsiste é “a verdade” (cf. Gn 6.5-7; 18.20-33; 1 Pe 4.17). E com certeza Deus busca hoje em dia intercessores com essa mesma disposição de mente; homens e mulheres para quem a depravação, tanto na igreja quanto na nação, constitui uma grave preocupação. Sem um povo assim preocupado, não poderão ser dispersas as nuvens da iniquidade e dos poderes malignos. 138

A Oração nos Livros Proféticos<br />

quebrantamento. “A um coração quebrantado e contrito não <strong>de</strong>sprezarás,<br />

ó <strong>Deus</strong>” (Sl 51-17). A resposta <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> é tanto mais certa<br />

quanto mais adornada a petição <strong>de</strong> sentimentos como a contrição e a<br />

humilda<strong>de</strong>.<br />

A primeira oração registrada <strong>de</strong> Jer<strong>em</strong>ias é sua resposta ao<br />

chamado divino (cf. Jr 1.1-8): “Então, disse eu: Ah! Senhor Jeová! Eis<br />

que não sei falar; porque sou uma criança” (Jr 1.6). A princípio, essa<br />

reação soa como uma <strong>de</strong>sculpa, mas ela expressa uma humilda<strong>de</strong><br />

que cabia b<strong>em</strong> ao jov<strong>em</strong> profeta, sendo-lhe a mais alta recomendação.<br />

Pois, conforme observou Adam Clarke:<br />

Aqueles que realmente são cham ados p o r <strong>Deus</strong> para o sagrado<br />

ministério são os tais que foram levados a um profundo conhecimento<br />

<strong>de</strong> si mesmos, sent<strong>em</strong> sua própria ignorância e reconhec<strong>em</strong><br />

sua própria fraqueza. E também sab<strong>em</strong> que tr<strong>em</strong>enda responsabilida<strong>de</strong><br />

está associada ao seu trabalho, e coisa alguma,<br />

senão a autorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>, po<strong>de</strong> movê-los a cumprir esse<br />

trabalho” (Adam Clarke, The Holy Bible Containing the Old an d<br />

New Testament with a Commentary an d Criticai Notes, Londres:<br />

Ward, Lock & Co., s.d., p. 388).<br />

O plano <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> ao chamar Jer<strong>em</strong>ias, a qu<strong>em</strong> ele conheceu,<br />

separou e nomeou antes do nascimento (Jr 1.5), era claro: “Porque,<br />

aon<strong>de</strong> quer que eu te enviar, irás; e tudo quanto te mandar dirás” (Jr<br />

1.7). Assim sendo, Jer<strong>em</strong>ias entregou a mensag<strong>em</strong> <strong>de</strong> <strong>Deus</strong> a um<br />

povo <strong>de</strong>sviado: “Voltai, ó filhos rebel<strong>de</strong>s, eu curarei as vossas rebeliões”<br />

(Jr 3-22). E a resposta que <strong>Deus</strong> queria ouvir era a seguinte: “Eis-<br />

nos aqui, vimos a ti; porque tu és o Senhor, nosso <strong>Deus</strong>. Certamente,<br />

<strong>em</strong> vão se confia nos outeiros e na multidão das montanhas; <strong>de</strong>veras,<br />

no Senhor, nosso <strong>Deus</strong>, está a salvação <strong>de</strong> Israel” (Jr 3.22,23).<br />

A causa para o <strong>de</strong>satino do povo e a sua <strong>de</strong>cadência era uma só:<br />

tinham posto sua confiança <strong>em</strong> <strong>de</strong>uses falsos. E a mensag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

Jer<strong>em</strong>ias era que eles não podiam escolher ou selecionar os <strong>de</strong>uses a<br />

qu<strong>em</strong> servir. A adoração a ídolos fica implícita no versículo 23. Veja a<br />

primeira parte: “Certamente, <strong>em</strong> vão se confia nos outeiros e na<br />

multidão das montanhas”. A segunda parte do versículo estabelece um<br />

nítido contraste com a primeira: “Deveras, no Senhor, nosso <strong>Deus</strong>, está<br />

a salvação <strong>de</strong> Israel”. Somente o único e verda<strong>de</strong>iro <strong>Deus</strong>, o Senhor,<br />

po<strong>de</strong>ria salvar o povo <strong>de</strong> seus pecados e <strong>de</strong> suas difíceis circunstâncias.<br />

Não t<strong>em</strong>os qualquer evidência <strong>de</strong> que a vida <strong>de</strong> Jer<strong>em</strong>ias<br />

estivesse <strong>em</strong> oposição a <strong>Deus</strong>; ainda assim há um caso que merece<br />

nossa atenção. Quando recebeu a mensag<strong>em</strong>, para ser entregue a<br />

Israel, <strong>de</strong> que o inimigo estava vindo para <strong>de</strong>struí-los (Jr 4.5-9), a<br />

reação <strong>de</strong> Jer<strong>em</strong>ias foi acusar a <strong>Deus</strong>: “Ah! Senhor Jeová! Verda<strong>de</strong>i­<br />

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