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do melodrama ao romance – o texto espetacular ea ... - WWLivros

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Para saber se há convergências entre a escrita <strong>do</strong> <strong>melodrama</strong>, cuja dramaturgia foi<br />

categorizada como <strong>texto</strong> <strong>espetacular</strong>, e a composição de um <strong>romance</strong> romântico da literatura<br />

brasileira, o que caracterizaria o recurso <strong>ao</strong> hiper<strong>texto</strong>, busca-se apoio na estrutura das<br />

rubricas, encontradas <strong>ao</strong> longo de A filha <strong>do</strong> mar, visan<strong>do</strong>, se possível, estabelecer<br />

correspondências em outra obra, narrativa. Será esse, portanto, o procedimento a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> a<br />

seguir e, para a r<strong>ea</strong>lização dessa proposta, será utiliza<strong>do</strong> o <strong>romance</strong> A escrava Isaura, de<br />

Bernar<strong>do</strong> Guimarães <strong>–</strong> narrativa pertencente <strong>ao</strong> perío<strong>do</strong> visa<strong>do</strong>, cujo enre<strong>do</strong> apoia-se num<br />

conflito maniqueísta, assim como no <strong>melodrama</strong>, funcionan<strong>do</strong> através da perseguição<br />

desencad<strong>ea</strong>da pelas ações de um vilão (Leôncio), sen<strong>do</strong> a inocente perseguida a protagonista<br />

Isaura (da mesma forma que se instaura o conflito no <strong>melodrama</strong> aborda<strong>do</strong> <strong>–</strong> a ação se<br />

desenrola pela perseguição que o vilão exerce sobre a protagonista).<br />

O tema da perseguição, encontra<strong>do</strong> tanto na obra dramática como na obra narrativa é<br />

um ponto de convergência entre os <strong>texto</strong>s, contu<strong>do</strong>, busca-se investigar se há<br />

correspondências marcadas na própria tessitura textual, segun<strong>do</strong> a noção de hiper<strong>texto</strong>, e, para<br />

tanto, o principal parâmetro vincula-se <strong>ao</strong> uso das rubricas. Como foi esclareci<strong>do</strong>, as rubricas<br />

apresentam-se como trechos basicamente descritivos (descrevem espaço, efeitos, gestos...),<br />

intercalan<strong>do</strong>-se entre os diálogos como indicações precisas e não muito extensas, afinal,<br />

trechos extensos vincula<strong>do</strong>s a descrição e <strong>ao</strong> desempenho de funções associadas <strong>ao</strong> narra<strong>do</strong>r,<br />

de acor<strong>do</strong> com o exposto anteriormente, geralmente são associa<strong>do</strong>s a obras narrativas.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, repara-se, no <strong>romance</strong> seleciona<strong>do</strong>, a reiteração de trechos constituí<strong>do</strong>s<br />

em semelhança com a estruturação das rubricas, exposta anteriormente. Nota-se a ocorrência<br />

dessas indicações precisas e não muito extensas em meio a parágrafos em que o discurso<br />

direto pre<strong>do</strong>mina dentro da obra, de acor<strong>do</strong> com os exemplos a serem apresenta<strong>do</strong>s.<br />

Inicialmente, a cena em que, pela primeira vez, o diálogo entre personagens configura-se na<br />

narrativa (com as personagens Malvina e Isaura). Ela faz parte <strong>do</strong> primeiro capítulo, cuja<br />

composição é finalizada por um diálogo extenso, por isso, foram selecionadas algumas partes<br />

para serem reproduzidas a seguir:<br />

- Isaura!... disse ela pousan<strong>do</strong> de leve a delicada mãozinha sobre o ombro da<br />

cantora.<br />

- Ah! É a senhora?! <strong>–</strong> respondeu Isaura voltan<strong>do</strong>-se sobressaltada. <strong>–</strong> Não sabia,<br />

que estava aí me escutan<strong>do</strong> (...)<br />

- (...) Oh! não; não cabe em tua boca essa cantiga lastimosa, que tanto gostas de<br />

cantar. <strong>–</strong> Não quero, - continuou em tom de branda repreensão, - não quero que a<br />

cantes mais, ouviste, Isaura?... (...)<br />

- Per<strong>do</strong>e-me, sinhá Malvina; - replicou a escrava com um cândi<strong>do</strong> sorriso (...)<br />

(grifos meus, GUIMARÃES, 1975, p. 12-13).

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