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do melodrama ao romance – o texto espetacular ea ... - WWLivros

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diálogo escrito, em que se destaca a ação apresentada como tal, e vão se efetivar na cena,<br />

através da exploração de elementos como a cenografia, a pantomima e a música. Contu<strong>do</strong>,<br />

“Essa função se manifesta no <strong>texto</strong> dramático através das rubricas, rudimento narrativo que é<br />

inteiramente absorvi<strong>do</strong> pelo palco” (ROSENFELD, 2008, p. 35).<br />

Através de seu uso, cria-se um vínculo direto com a representação cênica, cuja<br />

efetivação se dá na atualidade <strong>–</strong> a ação não é contada, mas sim presenciada, apresentada por<br />

personagens que atuam diante <strong>do</strong> público. Os acontecimentos desenrolam-se por si, trabalham<br />

com a ação humana, com a experiência empírica compartilhada por ator e especta<strong>do</strong>r e, a cada<br />

encenação, é como se tu<strong>do</strong> se originasse novamente, pela primeira vez. O <strong>texto</strong> dramático<br />

vincula<strong>do</strong> à encenação pressupõe o imediato <strong>do</strong> acontecimento que se dá no aqui e agora e<br />

não no passa<strong>do</strong>.<br />

O diálogo, o discurso direto, é característico desse tipo de <strong>texto</strong> e está vincula<strong>do</strong> com a<br />

composição das personagens <strong>–</strong> como são escassas as mediações, o conhecimento acerca delas<br />

se dá mediante as suas falas. A pre<strong>do</strong>minância <strong>do</strong> discurso direto pressupõe um tipo de <strong>texto</strong><br />

puro, sem o contato, por exemplo, com outros tipos de linguagem. Não é essa a situação<br />

observada em A Filha <strong>do</strong> Mar, <strong>melodrama</strong> seleciona<strong>do</strong> para exemplificar como as rubricas<br />

vinculam a dramaturgia <strong>ao</strong> acontecimento cênico. A peça, da autoria de Lucotte, foi<br />

disponibilizada pelo Grupo de Estu<strong>do</strong>s e Pesquisa em T<strong>ea</strong>tro Brasileiro (GETEB) e sobre ela<br />

há poucas informações, fora sua classificação como <strong>melodrama</strong>. Nessa obra, além das falas,<br />

nota-se a reiteração de outros aspectos, como as rubricas explicativas, o uso de canções e a<br />

exploração de efeitos e elementos grandiosos, cuja utilização enfatiza o potencial <strong>espetacular</strong><br />

<strong>do</strong> drama.<br />

Esses traços podem ser observa<strong>do</strong>s em A filha <strong>do</strong> mar, segun<strong>do</strong> a constatação <strong>do</strong><br />

grande número de rubricas encontradas <strong>ao</strong> longo <strong>do</strong> <strong>texto</strong>. Nele, elas configuram-se como<br />

trechos apoia<strong>do</strong>s basicamente em recursos descritivos, de pouca extensão, que se intercalam<br />

entre as falas das personagens, dan<strong>do</strong> referências sobre inúmeros aspectos, como pode ser<br />

observa<strong>do</strong> nos exemplos retira<strong>do</strong>s da peça:<br />

Descrição de espaço - “Salão em casa da Condessa de Ispal, ricamente mobiliada.<br />

Portas laterais e <strong>ao</strong> fun<strong>do</strong>, dan<strong>do</strong> para outro salão, uma janela na D.A. deixan<strong>do</strong> ver o mar.<br />

Mesa, cadeira, etc...” (p. 23);<br />

Descrição de efeitos cênicos - “Forte explosão” (p. 62), “Tiro de canhão” (p. 39);<br />

Descrição de gestos e ações das personagens - “Cobre o rosto com as mãos. Koppen<br />

levanta o punhal. Toque de campainha, dentro. Koppen recua” (p. 24).

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