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do melodrama ao romance – o texto espetacular ea ... - WWLivros

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<strong>espetacular</strong>es (MARINIS apud CAMARGO, 2005), isto é, o <strong>texto</strong> escrito especificamente<br />

para ser encena<strong>do</strong>, a dramaturgia é organizada visan<strong>do</strong> a encenação.<br />

Segun<strong>do</strong> o acima exposto, a categorização de <strong>texto</strong> <strong>espetacular</strong> justifica-se<br />

principalmente pelo grande número de rubricas encontradas <strong>ao</strong> longo das peças<br />

melodramáticas. As rubricas são registros escritos juntamente com o <strong>texto</strong> da peça. Sua r<strong>ea</strong>l<br />

efetividade e senti<strong>do</strong> estão na prática, na encenação, e sua presença na dramaturgia, segun<strong>do</strong><br />

Ramos (1999, p. 15) “compreende a literatura dramática como necessariamente vinculada a<br />

um fazer t<strong>ea</strong>tral específico e não como autônoma <strong>do</strong> espetáculo”.<br />

As rubricas são um espaço direciona<strong>do</strong> diretamente à montagem no <strong>texto</strong> literário, em<br />

que estão sugeridas as primeiras encenações da peça, que podem transcorrer tanto da<br />

imaginação <strong>do</strong> dramaturgo como de anotações advindas de uma montagem anterior da obra.<br />

De acor<strong>do</strong> com Ramos (1999, p. 17), o <strong>texto</strong> da rubrica apresenta-se como “registro literário<br />

de uma certa poética cênica, o vestígio ou a marca de um méto<strong>do</strong>”, capaz de fornecer<br />

indicações precisas para a montagem da peça e também das personagens, dan<strong>do</strong> referências<br />

sobre inúmeros aspectos, desde cenários até gestos a serem feitos pelos atores.<br />

Para compreender esse vínculo traça<strong>do</strong> pelas rubricas entre <strong>texto</strong> literário e espetáculo<br />

t<strong>ea</strong>tral, pode-se pensar nas personagens-tipo, por exemplo, como fonte para o entendimento<br />

dessa questão. Segun<strong>do</strong> Thomass<strong>ea</strong>u (2005), os tipos são máscaras de comportamentos e<br />

linguagens fortemente codificadas <strong>–</strong> há o vilão, o herói, a inocente perseguida, o bobo...<br />

Trata-se de construções estereotipadas, facilmente identificadas pelo público. A constituição<br />

das personagens apoiada na exploração de uma gestualidade codificada <strong>–</strong> cada qual possui<br />

uma forma específica de gestos usa<strong>do</strong>s em cena, é uma característica da composição cênica,<br />

mas que também é explorada na dramaturgia melodramática, cuja tessitura leva em conta que<br />

o <strong>texto</strong> da peça também é expresso através <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong>s atores:<br />

O ator em ação dentro <strong>do</strong> espaço representacional apresenta sua personagem como<br />

<strong>texto</strong> sonoro-gestual, um <strong>texto</strong> fragmenta<strong>do</strong> no icônico da representação, <strong>texto</strong><br />

silencioso que fala, significa, na intersecção e sinestesia da sonoridade e ou<br />

visualidade músico-gesto-verbal (CAMARGO, 2005, p. 8 <strong>–</strong> 9).<br />

Sabe-se que ação e conflito são elementos característicos <strong>do</strong> <strong>texto</strong> dramático,<br />

configura<strong>do</strong>r da apresentação de um mun<strong>do</strong> em que as mediações, como a exercida pelo<br />

narra<strong>do</strong>r, são subtraídas. O destaque reside no objeto em si mesmo, cuja concretização está<br />

diretamente relacionada com as personagens que “constituem praticamente a totalidade da<br />

obra: nada existe a não ser através delas” (PRADO, 1987, p. 84).<br />

Funções como comentário, acentuação e descrição, tradicionalmente desempenhadas<br />

em narrativas pelo narra<strong>do</strong>r, no caso de uma peça t<strong>ea</strong>tral, geralmente não são enfatizadas no

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