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do melodrama ao romance – o texto espetacular ea ... - WWLivros

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vai desenvolven<strong>do</strong> sua ideia, apoia<strong>do</strong> em exemplos que se fazem por derivação (o termo<br />

utiliza<strong>do</strong> é transformação, na qual se insere a noção de imitação), vai esclarecen<strong>do</strong> a retomada<br />

de estratégias estruturais de outros <strong>texto</strong>s, apontan<strong>do</strong> vínculos entre um <strong>texto</strong> presente (atual)<br />

e um <strong>texto</strong> ausente (virtual). Trata-se não apenas de recortes ou transposições entre <strong>texto</strong>s,<br />

mas também de transformações <strong>–</strong> produção de diferencias, inclusive no que tange a processos<br />

de significação, permitin<strong>do</strong> a observação da assimilação criativa de elementos <strong>ao</strong> <strong>texto</strong>,<br />

favorecen<strong>do</strong> a compreensão <strong>do</strong>s processos de produção literária.<br />

Essa consideração instiga uma abordagem cujos parâmetros preconizam a observação<br />

<strong>do</strong> processo de escrita relaciona<strong>do</strong> a um processo de leitura de um corpus anterior <strong>–</strong> “O <strong>texto</strong>,<br />

portanto, é absorção e réplica a outro <strong>texto</strong> (ou vários outros)” (CARVALHAL, 1986, p. 50).<br />

Sublinha-se que esse movimento não se resume a simples constatações de semelhanças e<br />

influências entre obras diferentes. Ele permite o intento de verificação da presença efetiva de<br />

elementos de um <strong>texto</strong> em outro, porém de acor<strong>do</strong> com uma perspectiva crítica capaz de<br />

extrapolar simples identificações, adentran<strong>do</strong> no exame <strong>do</strong>s procedimentos efetua<strong>do</strong>s em<br />

formas expressivas diversas.<br />

No caso desse trabalho, pretende-se observar relações tecidas entre um <strong>melodrama</strong> e<br />

um <strong>romance</strong> brasileiro. Sobre o <strong>melodrama</strong>, destaca-se sua presença como forma t<strong>ea</strong>tral de<br />

origem francesa, entre o final <strong>do</strong> século XVIII e início <strong>do</strong> XIX, nasci<strong>do</strong> no seio da Revolução<br />

Francesa. Seu estabelecimento nesse con<strong>texto</strong> aponta para uma dicotomia que se consoli<strong>do</strong>u<br />

<strong>ao</strong> longo <strong>do</strong>s anos: a divisão entre a cultura promovida pelas formas populares e a cultura<br />

intelectual e erudita.<br />

Na França, com a ascensão <strong>do</strong> <strong>melodrama</strong>, as salas oficiais como a Comédie Française<br />

e o L’Opéra perderam seu público para os t<strong>ea</strong>tros populares como o Ambigu e o Porte de<br />

Saint Martin. Paralelamente a isso, críticos e intelectuais eruditos criavam um forte desprezo<br />

<strong>ao</strong> gênero (CARLSON, 1997). Tratava-se de uma modalidade de drama popular, de tramas<br />

complexas, emoções exacerbadas e violência patética (THOMASSEAU, 2005). Suas peças,<br />

<strong>ao</strong> contrário <strong>do</strong> que valorizava a cultura clássica, constituíam-se de uma dramaturgia feita<br />

especificamente para ser encenada, enfatizan<strong>do</strong> as massas não escolarizadas, e não lida e<br />

apreciada como obra literária (CAMARGO, 2005).<br />

Esclarece-se que a investigação, a ser desenvolvida, vincula-se <strong>ao</strong> conflito entre<br />

popular e erudito não só no que diz respeito <strong>ao</strong> <strong>melodrama</strong>, mas também no que tange à<br />

escolha de um parâmetro na literatura brasileira: o <strong>romance</strong>, configura<strong>do</strong> sobretu<strong>do</strong> nos<br />

séculos XVIII e XIX, perío<strong>do</strong> de afirmação da literatura nacional. Explica-se: o con<strong>texto</strong><br />

histórico <strong>do</strong> Brasil dessa época foi também o cenário de nossa escola romântica, cujos

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