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do melodrama ao romance – o texto espetacular ea ... - WWLivros

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Assim, não se pensa apenas em simples reproduções de <strong>texto</strong>s em canais e condições diversas,<br />

mas se considera o processo de enunciação perm<strong>ea</strong><strong>do</strong> pelo movimento que, <strong>ao</strong> tomar lugar no<br />

enuncia<strong>do</strong>, coloca-se de forma diferenciada, estimulan<strong>do</strong> percepções distintas. Ao assumirem<br />

posição, essas relações geram senti<strong>do</strong>, revelan<strong>do</strong> sua pertença <strong>ao</strong> deslocamento infinito <strong>do</strong>s<br />

<strong>texto</strong>s, capaz de conjugar as unidades semióticas que aderem <strong>ao</strong> seu dinamismo.<br />

Considerar que tal movimento se infiltra na constituição da enunciação, repercutin<strong>do</strong><br />

no enuncia<strong>do</strong>, permite pensar que é possível buscar marcas desse processo nos <strong>texto</strong>s escritos.<br />

Para tanto, as formulações de Genette acerca das relações transtextuais, como as denominou,<br />

respondem à necessidade de conceitos operacionais para a r<strong>ea</strong>lização de uma análise que<br />

pretende confrontar dramaturgia e narrativa.<br />

Em 1982, Gérard Genette apresentou, em Palimpsestos, uma formalização teórica<br />

voltada para a prática, inscreven<strong>do</strong> a noção de intertextualidade numa tipologia geral das<br />

relações que os <strong>texto</strong>s entretêm com outros <strong>texto</strong>s. Sua proposta estabelece cinco relações<br />

transtextuais, sen<strong>do</strong> que a transtextualidade é definida como “transcendência textual <strong>do</strong> <strong>texto</strong>”<br />

ou “grosso mo<strong>do</strong>, como ‘tu<strong>do</strong> que o coloca em relação, manifesta ou secreta, com outros<br />

<strong>texto</strong>s’” (GENETTE, 2010, p. 11). Alerta-se que as relações trasntextuais não devem ser<br />

consideradas “como classes estanques, sem comunicação ou intersecções” (Ibid., p. 20).<br />

Nesse <strong>do</strong>mínio, a intertextualidade é a primeira categoria apresentada e sua<br />

conceituação é: “relação de co-presença entre <strong>do</strong>is ou vários <strong>texto</strong>s, isto é, essencialmente, e o<br />

mais frequentemente, como presença efetiva de um <strong>texto</strong> em um outro” (Ibid., p. 12).<br />

Percebe-se que essa concepção confere certa restrição <strong>ao</strong> alcance <strong>do</strong> termo, o que pode ser<br />

positivo, de um ponto de vista analítico e operacional. Contu<strong>do</strong>, o foco <strong>do</strong> pensamento teci<strong>do</strong><br />

por Genette não se concentra apenas nesse âmbito, que poderia ficar preso a noções como a de<br />

citação, de plágio e de alusão. Ao abordar o quarto tipo de relação transtextual, a<br />

hipertextualidade, o autor insiste sobre a componente relacional e o movimento dinâmico <strong>do</strong>s<br />

<strong>texto</strong>s:<br />

Enten<strong>do</strong> por hipertextualidade toda relação que une um <strong>texto</strong> B (que chamarei<br />

hiper<strong>texto</strong>) a um <strong>texto</strong> anterior A (que, naturalmente, chamarei hipo<strong>texto</strong>) <strong>do</strong> qual<br />

ele brota de uma forma que não é a <strong>do</strong> comentário (...) um <strong>texto</strong> deriva<strong>do</strong> de outro<br />

<strong>texto</strong> preexistente. Esta derivação pode ser de ordem descritiva e intelectual, em que<br />

um meta<strong>texto</strong> (por exemplo, uma página da Poética de Aristóteles) “fala” de um<br />

<strong>texto</strong> (Édipo rei). Ela pode ser de uma outra ordem, em que B não fale nada de A, no<br />

entanto não poderia existir daquela forma sem A (GENETTE, 2010, p. 16).<br />

Percebe-se que o teórico afirma a relação da literatura consigo mesma <strong>ao</strong> categorizar<br />

essas relações, admitin<strong>do</strong>-as como localizáveis no <strong>texto</strong> escrito, mesmo que se considere um<br />

certo grau de implícito. No caso da hipertextualidade, verifica-se que, à medida que o autor

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