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do melodrama ao romance – o texto espetacular ea ... - WWLivros

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Este trabalho pretende abordar relações entre literatura e t<strong>ea</strong>tro, mais especificamente,<br />

entre um <strong>melodrama</strong> e um <strong>romance</strong> romântico pertencente à literatura brasileira, sobretu<strong>do</strong><br />

nos séculos XVIII e XIX, apoian<strong>do</strong>-se em obras pertencentes <strong>ao</strong> campo da dramaturgia e da<br />

narrativa. Para tanto, considera-se a divisão tripartida <strong>do</strong>s gêneros 2 <strong>–</strong> lírico, épico e dramático.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, pode-se afirmar que o foco desse trabalho está nos gêneros dramático,<br />

caracteriza<strong>do</strong> pela “representação de uma ação, movida por um dinamismo de tensão” e épico,<br />

assinala<strong>do</strong> pelo “relato ou apresentação de uma ação” (CUNHA apud PORTELLA, 1976, p.<br />

96).<br />

Inician<strong>do</strong> por uma perspectiva que leva em conta relações entre <strong>texto</strong>s escritos<br />

(material disponível para análise) - relações intertextuais, no caso, seria natural recorrer <strong>ao</strong><br />

conceito de intertextualidade como aporte teórico. No entanto, encontra-se nesse ponto a<br />

primeira problemática da rede ampla que configura a expressão “relações entre”. Samoyault<br />

(2008) abre seu livro, A intertextualidade, alertan<strong>do</strong> para a pluralidade de noções acerca <strong>do</strong><br />

termo em questão: “tão utiliza<strong>do</strong>, defini<strong>do</strong>, carrega<strong>do</strong> de senti<strong>do</strong>s diferentes que se tornou<br />

uma noção ambígua <strong>do</strong> discurso literário” (SAMOYAULT, 2008, p. 9). Mesmo assim, o<br />

vocábulo apresenta:<br />

a vantagem, graças à sua aparente neutralidade, de poder agrupar várias<br />

manifestações <strong>do</strong>s <strong>texto</strong>s literários, de seu entrecruzamento, de sua dependência<br />

recíproca. A literatura se escreve certamente numa relação com o mun<strong>do</strong>, mas<br />

também apresenta-se numa relação consigo mesma, com sua história, a história de<br />

suas produções, a longa caminhada de suas origens. Se cada <strong>texto</strong> constrói sua<br />

própria origem (sua originalidade), inscreve-se <strong>ao</strong> mesmo tempo numa gen<strong>ea</strong>logia<br />

que ele pode mais ou menos explicitar (Ibidem).<br />

Nota-se que as considerações citadas levam em conta relações da literatura consigo<br />

mesma, com sua história e memória, essa última tomada como um eixo centraliza<strong>do</strong>r em meio<br />

a concepções variadas, “propon<strong>do</strong> meios para pensar a intertextualidade de maneira unificada,<br />

reunin<strong>do</strong> seus traços em torno da ideia de memória. O que ela é, com efeito, senão a memória<br />

que a literatura tem de si mesma?” (SAMOYAULT, 2008, p. 10). Por esse viés, “a<br />

intertextualidade não é mais apenas a retomada da citação ou da re-escritura, mas descrição<br />

<strong>do</strong>s movimentos e passagens da escritura na sua relação consigo mesma e com o outro” (Ibid.,<br />

p. 11).<br />

Tal perspectiva permite pensar a literatura como dinâmica, caracterizada por obras que<br />

não se fixam como objetos absolutos e estáticos, mas que antes perpetuam um contínuo<br />

movimento (o que não significa que se preconize a continuidade em detrimento da ruptura).<br />

2 Sobre a divisão tripartida <strong>do</strong>s gêneros, consultar o <strong>texto</strong> “Os gêneros literários”, de Helena Parente Cunha,<br />

disponível em: PORTELLA, Eduar<strong>do</strong>. Teoria literária. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1976.

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