L. NEILMORIS - Portal Luz Espírita
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86 – Allan Kardec<br />
homem; que os teus títulos não te preservarão do seu golpe; que ela te poderá ferir<br />
amanhã, hoje, a qualquer hora. Se te enterras no teu orgulho, oh, quanto então te<br />
lamento, pois será bem digno de compaixão.<br />
Orgulhosos! O que eram antes de serem nobres e poderosos? Talvez<br />
estivessem abaixo do último dos seus criados. Portanto, curvem as frontes altaneiras,<br />
que Deus pode fazer que se abaixem, justo no momento em que mais se elevarem.<br />
Na balança divina, todos os homens são iguais; só as virtudes os diferenciam aos<br />
olhos de Deus. Todos os Espíritos são da mesma essência e todos os corpos são<br />
formados da mesma massa. Os seus títulos e os seus nomes em nada os modificam.<br />
Eles permanecerão no túmulo e de modo nenhum contribuirão para que gozem da<br />
ventura dos eleitos. Estes, na caridade e na humildade é que têm seus títulos de<br />
nobreza.<br />
Pobre criatura! És mãe, teus filhos sofrem; sentem frio; têm fome, e tu vais,<br />
curvada ao peso da tua cruz, humilhar-te, para conseguir um pedaço de pão para<br />
eles! Oh, inclino-me diante de ti! És nobremente santa e grande aos meus olhos!<br />
Espera e ora; a felicidade ainda não é deste mundo. Aos pobres oprimidos que n’Ele<br />
confiam, Deus concede o reino dos céus.<br />
E tu, donzela, pobre criança lançada ao trabalho e às privações, por que<br />
esses tristes pensamentos? Por que chora? Dirige a Deus, piedoso e sereno, o teu<br />
olhar: ele dá alimento aos passarinhos; tem confiança n’Ele, que não te abandonará.<br />
O ruído das festas, dos prazeres do mundo, faz bater o teu coração; também desejava<br />
adornar de flores os teus cabelos e te misturar com os venturosos da Terra. Diz de ti<br />
para contigo que, como essas mulheres que vês passar, despreocupadas e risonhas,<br />
também tu poderia ser rica. Oh! Cala-te, criança! Se soubesse quantas lágrimas e<br />
dores inomináveis se ocultam sob esses vestidos suntuosos, quantos soluços são<br />
abafados pelos sons dessa orquestra rumorosa, preferiria o teu humilde retiro e a tua<br />
pobreza. Conserva-te pura aos olhos de Deus, se não quer que o teu anjo guardião se<br />
volte para o seu seio, cobrindo o semblante com as suas brancas asas e te deixando<br />
com os teus remorsos, sem guia, sem amparo, neste mundo, onde ficaria perdida, a<br />
aguardar a punição no outro.<br />
Todos vocês que sofrem injustiças dos homens, sejam indulgentes para as<br />
faltas dos seus irmãos, ponderando que também vocês não se acham isentos de<br />
culpas; isso é caridade, mas é igualmente humildade. Se sofrem pelas calúnias,<br />
abaixem a cabeça sob essa prova. Que importam as calúnias do mundo? Se seu<br />
proceder é puro, Deus não pode os recompensar? Suportar com coragem as<br />
humilhações dos homens é ser humilde e reconhecer que somente Deus é grande e<br />
poderoso.<br />
Oh, meu Deus! Será preciso que o Cristo volte uma segunda vez à Terra<br />
para ensinar aos homens as Tuas leis, que eles esquecem? Terá que de novo expulsar<br />
do templo os vendedores que profanam a tua casa, casa que é unicamente de oração?<br />
E, quem sabe? Ó homens! Se não renegariam a Jesus como já fizeram uma vez, caso<br />
Deus os concedesse essa graça! Chamariam a Ele de blasfemador, porque abateria o<br />
orgulho dos modernos fariseus. É bem possível que o fizesse percorrer novamente o<br />
caminho do Gólgota 31 .<br />
31 Caminho do Gólgota: percurso que Jesus fez, carregando sua cruz, até ser crucificado – N. E.