07.05.2013 Views

L. NEILMORIS - Portal Luz Espírita

L. NEILMORIS - Portal Luz Espírita

L. NEILMORIS - Portal Luz Espírita

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

234 – Allan Kardec<br />

assim que em ambos os casos, inútil a prece. Sem discutir o valor dessa crença,<br />

vamos admitir, por alguns instantes, a realidade das penas eternas e irremissíveis e<br />

que as nossas preces sejam impotentes para lhes pôr fim. Perguntamos se, nessa<br />

hipótese, será lógico, será caridoso, será cristão recusar a prece pelos desgraçados?<br />

Tais preces, por mais impotentes que fossem para liberá-los, não lhes seriam uma<br />

demonstração de piedade capaz de abrandar-lhes os sofrimentos? Na Terra, quando<br />

um homem é condenado a penas perpétuas, quando mesmo não haja a mínima<br />

esperança de obter-se para ele perdão, será proibido a uma pessoa caridosa ir aliviarlhe<br />

o peso, para aliviá-lo do peso destes? Sendo alguém atacado de mal incurável e<br />

não havendo para o doente nenhuma esperança de cura, então, deve-se abandoná-lo,<br />

sem lhe proporcionar qualquer alívio? Lembrem-se de que, entre os desgraçados,<br />

pode achar-se uma pessoa que foi querida sua, um amigo, talvez um pai, uma mãe,<br />

ou um filho, e digam se, segundo creem, não havendo possibilidade de ser perdoado<br />

esse ente, lhe recusariam um copo d’água para lhe matar a sede? Um bálsamo que<br />

lhe seque as chagas? Não fariam por ele o que fariam por um condenado? Não lhe<br />

dariam uma prova de amor, uma consolação? Não, isso não seria cristão. Uma<br />

crença que petrifica o coração é incompatível com a crença em um Deus que põe na<br />

primeira categoria dos deveres o amor ao próximo. A não eternidade das penas não<br />

implica a negação de uma penalidade temporária, dado não ser possível que Deus,<br />

em sua justiça, confunda o bem e o mal. Ora, neste caso, negar a eficácia da prece,<br />

seria negar a eficácia da consolação, dos encorajamentos, dos bons conselhos; fora<br />

negar a força que buscamos na assistência moral dos que nos querem bem.<br />

20. Outros se fundam numa razão mais enganosa: a imutabilidade dos decretos<br />

divinos. Dizem esses que Deus não pode mudar as suas decisões a pedido das<br />

criaturas; a não ser assim, careceria de estabilidade o mundo. Logo, o homem nada<br />

tem de pedir a Deus, só lhe cabendo submeter-se a adorá-lo.<br />

Nesse modo de raciocinar, há uma aplicação falsa do princípio da<br />

imutabilidade da lei divina, ou melhor, ignorância da lei, no que se refere à<br />

penalidade futura. Hoje, os Espíritos do Senhor nos revelam essa lei, quando o<br />

homem se tornou suficientemente maduro para compreender o que, na fé, é<br />

conforme ou contrário aos atributos divinos.<br />

Segundo o dogma da eternidade absoluta das penas, não se levam em conta<br />

ao culpado os remorsos, nem o arrependimento. É inútil todo desejo neles de<br />

melhorar-se: está condenado a se conservar perpetuamente no mal. Se a sua<br />

condenação foi por determinado tempo, a pena cessará, uma vez expirado esse<br />

tempo. Mas, quem poderá afirmar que ele então possua melhores sentimentos?<br />

Quem poderá dizer que, a exemplo de muitos condenados da Terra, ao sair da<br />

prisão, ele não seja tão mau quanto antes? No primeiro caso, seria manter na dor do<br />

castigo um homem que voltou ao bem; no segundo, seria agraciar a um que continua<br />

culpado. A lei de Deus é mais previdente: sempre justa, igualitária e misericordiosa,<br />

não estabelece para a pena duração alguma, qualquer que esta seja. Ela se resume<br />

assim:<br />

21. ―O homem sofre sempre a consequência de suas faltas; não há uma só infração à<br />

lei de Deus que fique sem a correspondente punição‖.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!