L. NEILMORIS - Portal Luz Espírita
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166 – Allan Kardec<br />
novamente lhes restituir do que foi tirado. Resistam animosos ao abatimento e ao<br />
desespero que paralisam suas forças. Quando Deus desferir um golpe contra vocês,<br />
não esqueçam nunca que, ao lado da mais rude prova, Ele coloca sempre uma<br />
consolação. Ponderem, sobretudo, que há bens infinitamente mais preciosos do que<br />
os da Terra e essa ideia os ajudará a se desprender destes últimos. O pouco apreço<br />
que se ligue a uma coisa faz que menos sensível seja a sua perda. O homem que se<br />
aferra aos bens terrenos é como a criança que somente vê o momento que passa. O<br />
que deles se desprende é como o adulto que vê as coisas mais importantes, por<br />
compreender estas proféticas palavras do Salvador: ―O meu reino não é deste<br />
mundo.‖<br />
O Senhor não ordena a ninguém que se desfaça do que possua,<br />
condenando-se a uma voluntária mendigagem, pois o que tal fizesse se tornaria em<br />
carga para a sociedade. Proceder assim seria compreender mal o desprendimento dos<br />
bens terrenos. Seria egoísmo de outro gênero, porque seria o indivíduo eximir-se da<br />
responsabilidade que a riqueza faz pesar sobre aquele que a possui. Deus a concede<br />
a quem bem lhe parece, a fim de que a gerencie em proveito de todos. O rico tem,<br />
pois, uma missão, que ele pode embelezar e tornar proveitosa a si mesmo. Rejeitar a<br />
riqueza, quando Deus a concede, é renunciar aos benefícios do bem que se pode<br />
fazer, gerindo-a com critério. Sabendo prescindir dela quando não a tem, sabendo<br />
empregá-la utilmente quando a possui, sabendo sacrificá-la quando necessário, a<br />
criatura procede de acordo com os desígnios do Senhor. Aquele a cujas mãos venha<br />
o que no mundo se chama uma boa fortuna, que diga: ―Meu Deus, tu me destinaste<br />
um novo encargo; dá-me a força de desempenhá-lo segundo a Tua santa vontade‖.<br />
Aí está, meus amigos, o que eu queria lhes ensinar acerca do<br />
desprendimento dos bens terrenos. Resumirei o que expus, dizendo: saibam se<br />
contentar com pouco. Se forem pobres, não invejem os ricos, pois a riqueza não é<br />
necessária à felicidade. Se forem ricos, não esqueçam que os bens de que dispõe<br />
apenas estão confiados a vocês e que terão de justificar o emprego que lhes derem,<br />
como se prestassem contas de uma tutela. Não sejam como o depositário infiel,<br />
utilizando-os unicamente em satisfação do próprio orgulho e da sensualidade. Não<br />
se julgueis com o direito de dispor em exclusivo proveito daquilo que receberam,<br />
não por doação, mas simplesmente como empréstimo. Se não sabem restituir, não<br />
têm o direito de pedir, e lembrem-se de que aquele que dá aos pobres, paga a dívida<br />
que contraiu com Deus.<br />
Lacordaire (Constantina, 1863)<br />
TRANSMISSÃO DA RIQUEZA<br />
15. O princípio, segundo o qual o homem é apenas administrador da fortuna de que<br />
Deus lhe permite gozar durante a vida, tira ao homem o direito de transmiti-la aos<br />
seus herdeiros?<br />
O homem pode perfeitamente transmitir, por sua morte, aquilo de que<br />
gozou durante a vida, porque o efeito desse direito está subordinado sempre à<br />
vontade de Deus, que pode, quando quiser, impedir que aqueles descendentes gozem<br />
do que lhes foi transmitido. Não é outra a razão por que desmoronam fortunas que