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Correcção Teste 4AP

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1.<br />

A. Falso.<br />

B. Verdadeiro.<br />

C. Falso.<br />

D. Verdadeiro.<br />

E. Verdadeiro.<br />

F. Falso.<br />

G. Verdadeiro.<br />

H. Falso.<br />

I. Verdadeiro.<br />

J. Falso.<br />

Resolução do teste n.º 4 – 2007/2008<br />

Daniela Araújo, nº5, 10º B<br />

2.<br />

A. Normalmente, todos reconhecemos que existem certos actos que não são moralmente correctos,<br />

como por exemplo torturar inocentes. Deste modo, para agirmos de um ponto de vista eticamente<br />

correcto, devemos abster‐nos de praticar actos desse tipo. No entanto, por vezes, aquilo que é mais<br />

correcto fazer, não está de acordo com o que parece ser mais vantajoso para nós próprios, ou seja,<br />

com os actos que desejávamos, na verdade, realizar. Parece assim, à primeira vista, haver um<br />

conflito entre aquilo que é moralmente aceitável e o que seria mais vantajoso para nós próprios, ou<br />

seja, um conflito entre a ética e o interesse pessoal. Por exemplo, vamos a algum lado e não levamos<br />

guarda‐chuva, porque não nos parece que irá chover. No entanto, quando estamos para sair,<br />

apercebemo‐nos de que está a chover e como não temos guarda‐chuva, teremos de andar à chuva e<br />

consequentemente podemos ficar doentes. Olhamos para o lado e vemos um monte de guarda‐<br />

chuvas pousados. Ora, neste caso, o que era realmente do nosso interesse, o que era mais vantajoso<br />

para nós próprios, era trazer um connosco para nos abrigarmos. No entanto, sabemos que não é<br />

correcto fazê‐lo, pois o dono do guarda‐chuva iria sofrer as consequências do nosso acto.<br />

Parece existir aqui um conflito entre o que era realmente do nosso interesse e o que é moralmente<br />

aceitável. Este aparente conflito leva‐nos a interrogarmo‐nos sobre por que razão haveremos de nos<br />

importar com o que é moralmente correcto. Leva‐nos a perguntar "Por que razão haveremos de ser<br />

morais?".<br />

B. Existem duas respostas à questão "Porque razão haveremos de ser morais?".<br />

Alguns filósofos acreditam que esta questão é absurda, porque nos conduz a um dilema insuperável.<br />

Dizem‐nos que para respondermos a esta questão podemos procurar dois tipos de justificações:<br />

razões morais ou razões não‐morais. Se optarmos por dar razões morais para justificar a moralidade,<br />

como, por exemplo, "Devemos ser morais porque é essa a nossa obrigação." ou "Devemos ser morais<br />

porque as outras pessoas têm tanto valor como nós", estaremos a argumentar em círculo, ou seja, a<br />

cair numa falácia circular (o argumento parece válido mas não é). Se apresentarmos razões morais<br />

para agirmos moralmente, a questão volta a colocar‐se, pois não podemos apresentar razões morais<br />

para agirmos dessa forma. Se optarmos por dar razões não morais para justificar a moralidade,<br />

podemos recorrer, por exemplo, a razões religiosas "Devemos ser morais porque Deus nos obriga<br />

que o sejamos." No entanto, generalizando, este tipo de justificações parece desadequado, porque<br />

nem todas as pessoas acreditam em Deus. Se esta justificação fosse verdadeira, então as pessoas que<br />

não acreditam em Deus seriam consideradas amorais. Para além disso, este tipo de justificações<br />

parec e implausível, porque afinal as pessoas moarais são aquelas que agem moralmente sem<br />

necessitarem de justificações para o fazerem. Estas pessoas acreditam que as razões morais se<br />

encontram acima de quaisquer outras e por isso não podemos apresentar razões não morais para<br />

agirmos moralmente.<br />

Outra resposta à questão de sabermos por que razão haveremos de ser morais, é a justificação do<br />

interesse pessoal esclarecido. O interesse pessoal esclarecido consiste em saber o que é realmente<br />

do nosso interesse. Por exemplo, um alcoólico acha que é do seu interesse embebedar‐se todos os


dias. No entanto, o que seria realmente do seu interesse era deixar de beber, pois a sua vida iria<br />

melhorar bastante. Portanto, se ele agisse em função do seu interesse pessoal esclarecido, deixaria<br />

de beber. Os defensores desta perspectiva, acreditam que o conflito entre a ética e o interesse<br />

pessoal esclarecido não passa de uma mera ilusão: se as pessoas pensarem naquilo que é realmente<br />

do seu interesse, perceberão que é melhor ter uma vida ética, vivendo de forma altruísta, do que ser<br />

egoísta. Para estes, uma vida com sentido é uma vida que transcende as preocupações subjectivas,<br />

ou seja, uma vida ética, em que nos preocupamos com o bem‐estar dos outros.No entanto, esta<br />

justificação tem limitações. Para transcendermos as nossas preocupações subjectivas, não<br />

necessitamos de nos preocupar com os outros, podemos por exemplo optar por uma vida cíentifica e<br />

transcender as nossas preocupações subjectivas tentando compreender melhor o mundo. Parece<br />

assim que existem outras formas de transcendermos as nossas preocupações subjectivas, sem<br />

termos de optar por uma vida ética. Para além disso, também não sabemos ao certo o que uma vida<br />

ética nos exige. Se por exemplo, exigir de nós um altruísmo extremo, implicando que façamos<br />

sacrifícios enormes para benefício dos outros, o nosso interesse pessoal esclarecido pode não nos<br />

levar a escolhermos uma vida ética.<br />

3.<br />

A. O principio utilitarista que permite justificar a correcção moral da acção descrita é o princípio<br />

utilitarista da maior felicidade, que nos diz que uma acção é certa na medida em que tende a<br />

promover a felecidade e uma acção é errada na medida em que tende a produzir o reverso da<br />

felicidade.<br />

B. A ética Kantiana defende que uma acção é moralmente correcta ou errada dependendo do motivo<br />

do agente que a realiza. Para Kant, uma acção só tem valor moral quando é ditada pelo sentido do<br />

dever, ou seja ,quando o motivo do agente foi o dever. Quando os agentes fazem o que está<br />

correcto, mas por motivos que não sejam o dever, as suas acções estão em mera conformidade com<br />

o dever e não têm qualquer valor moral. Neste caso, a pessoa fez o que estava correcto, mas o seu<br />

motivo não foi o dever, mas sim a compaixão pelas crianças que sofrem. Logo, para Kant, a acção<br />

deste sujeito não foi moralmente correcta, ou seja, não teve qualquer valor moral.<br />

4. O utilitarismo de preferências é uma perspectiva utilitarista. O utilitarismo de preferências<br />

defende que a moralidade de uma acção depende da felicidade ou bem‐estar geral, não do próprio<br />

agente, mas geral, e que este bem‐estar consiste na satisfação dos desejos ou preferências das<br />

pessoas, que devem ser maximizados. Ora, se para obtermos o bem‐estar devemos maximizar a<br />

satisfação dos desejos ou preferências das pessoas, devemos satisfazer os desejos da maioria. O<br />

argumento da maioria fanática, apresenta‐nos o seguinte exemplo: num país, a maioria das pessoas<br />

possui uma religião que se caracteriza por uma atitude extemamente fanática. Estas pessoas acham<br />

que devem perseguir e exterminar todos aqueles que não possuem a mesma crença religiosa que<br />

eles. Nesse país, existe uma pequena minoria pacífica, que possui outra religião. Deverá essa minoria<br />

ser perseguida e exterminada? Se o utilitarismo de preferências for verdadeiro, então para<br />

maximizarmos o bem‐estar, devemos atender às preferências e desejos da maioria, e neste caso<br />

seria correcto e produziria um maior bem‐estar perseguir e exterminar a pequena minoria. Mas<br />

todos percebemos que isso é abominável e impermissível. Logo, o utilitarismo de preferências é<br />

falso. O argumento da maioria fanática sugere assim que o utilitarismo de preferências conduz á<br />

aprovação de actos impermissíveis quando se trata de um grande número de pessoas intolerantes.<br />

5. Concordo. O utilitarismo é uma teoria consequencialista, pois avalia os actos tendo em conta<br />

somente as suas consequências. Um acto é tanto melhor quanto mais valiosas forem as suas<br />

consequências. Para os utilitaristas, um acto só é moralmente correcto quando maximiza<br />

imparcialmente o bem. Quando um acto fica aquém desta maximização é errado. Deste modo,<br />

podemos formular duas teses a partir desta ideia: só são permissíveis os actos que maximizem o bem<br />

e todos os actos que maximizam o bem são permissíveis. No entanto, se, por exemplo, num hospital<br />

existir uma enorme escassez de órgãos e cinco pacientes estiverem prestes a morrer devido a essa<br />

escassez e nesse hospital estiver um doente a recuperar, que não tem familia nem amigos, ou seja,


ninguém sente a sua falta, poderá um médico matar esse paciente solitário, para lhe tirar os órgãos e<br />

salvar os outros cinco? Se o utilitarismo for verdadeiro, então seria correcto o médico fazê‐lo, pois<br />

essa acção maximizaria o bem em maior escala do que se o médico não matasse o doente e os<br />

outros cinco morressem. No entanto, este acto parece‐nos abominável e impermissível. Podemos<br />

concluir então que nem todos os actos que maximizam o bem são permissíveis. No entanto, o<br />

utilitarismo defende que sim. Parece‐nos assim, uma teoria demasiado permissiva, permite que<br />

todos os actos sejam permissíveis só porque maximizam o bem, e no entanto há vários que são<br />

claramente impermissíveis, mesmo que maximizem o bem.<br />

Para além disso, o utilitarismo parece também exigir de nós um altruísmo extremo. O utilitarismo<br />

diz‐nos que só são permissíveis os actos que maximizam o bem. Quer dizer que, então, para agirmos<br />

de forma correcta, devemos desistir de certas coisas que apreciamos na vida, como ir ao cinema,<br />

para nos dedicarmos a actividades que maximizem de melhor forma o bem. O utilitarismo parece<br />

exigir assim um enorme altruísmo e espírito de sacrifício da nossa parte.<br />

Parece‐me ser portanto uma teoria demasiado permissiva e exigente.<br />

6. A ética Kantiana defende que o valor de uma acção depende do motivo do agente que a realizou.<br />

Para Kant, uma acção só tem valor moral quando é motivada pelo sentido do dever. Quando o<br />

motivo é a compaixão ou outro que não seja o dever, a acção está apenas em mera conformidade<br />

com o dever e não tem qualquer valor moral. Kant defende que existe um príncipio racional<br />

fundamental, o imperativo categórico. Este baseia‐se na razão e apresenta duas formulações: a<br />

fórmula da lei universal e a fórmula do fim em si. A fórmula da lei universal diz‐nos que devemos agir<br />

apenas segundo máximas que possamos ao mesmo tempo querer que elas se tornem universais. A<br />

fórmula do fim em si diz‐nos que devemos tratar as pessoas como fins em si mesmas e não como<br />

meros meios para obtermos os nossos fins. No entanto, esta teoria de Kant não parece ser muito<br />

plausível, pois enfrenta várias e fortes objecções.<br />

Kant diz‐nos que existem certos deveres que são absolutos, como o de nunca quebrar promessas ou<br />

o de nunca matar ninguém intencionalmente. Mas, por exemplo, imaginemos que estamos em casa<br />

com um amigo e um homem armado bate à porta dizendo que quer matar o nosso amigo e nos<br />

pergunta onde ele está. Segundo Kant, nunca devemos mentir (é um dever absoluto), quando muito<br />

podemos abster‐nos de dizer a verdade. Mas se agissemos assim e acontecesse algo ao nosso amigo<br />

decerto que nos sentiríamos culpados mesmo que Kant diga que a responsabilidade não era nossa.<br />

Outro exemplo é o de que os deveres absolutos conduzem a conflitos entre deveres. Quando nos<br />

encontramos perante dois deveres absolutos e não sabemos qual deles devemos escolher, qualquer<br />

opção que tomemos, segundo a ética Kantiana, está errada, pois estaremos sempre a infringir um<br />

deles.<br />

A fórmula do fim em si diz‐nos que devemos respeitar as pessoas como fins em si mesmos. Mas se as<br />

pessoas forem consideradas seres racionais e se a ética Kantiana for considerada verdadeira, os<br />

bebés recém‐nascidos, os deficientes mentais profundos ou os animais irracionais deixam de poder<br />

ter o respeito que merecem. Mas é lógico que sabemos que também temos deveres morais para com<br />

os bebés, os deficientes mentais ou os animais irracionais.<br />

Outra objecção é de que a ética kantiana não conduz sempre a valores absolutos. É verdade que a<br />

máxima "Faz promessas com a intenção de não as cumprires!" é claramente não universalizável, pois<br />

assim a prática de fazer promessas desapareceria. Mas se a tornássemos mais específica com "Faz<br />

promessas com a intenção de não as cumprires sempre que isso seja necessário para salvar a vida de<br />

uma pessoa!" já é universalizável, pois não abalaria a prática de fazer promessas ao ponto de a<br />

destruir.<br />

Para além disso, há máximas que embora sejam universalizáveis são moralmente incorrectas. Por<br />

exemplo, um indíviduo odeia tanto os mais velhos que até está disposto a ser morto quando chegar a<br />

velho. Este indíviduo quer que a máxima "Mata os teu avós!" seja universal. Até pode ser insensível<br />

mas não pode ser considerado uma pessoa irracional. Esta máxima é claramente impermissivel mas<br />

pode ser considerada universal.<br />

Como podemos concluir a ética Kantiana não é a melhor resposta à pergunta de qual é ou se haverá<br />

algum princípio ético fundamental, pois o imperativo categórico não é totalmente plausível.

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